domingo, 18 de abril de 2010

Alto Tâmega - Programa Nacional de Barragens: Quercus contra construção de 4 novas barragens no Tâmega






Alto Tâmega - Programa Nacional de Barragens
Quercus contra construção de 4 novas barragens no Tâmega

A Quercus considera que os prejuízos são demasiado avultados para os escassos benefícios decorrentes da construção destas quatro barragens, pelo que estas perdem sentido perante as alternativas viáveis que existem neste momento.

A Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, enviou ontem o seu parecer desfavorável à construção das barragens de Gouvães, Padroselos, Alto Tâmega e Daivões, no âmbito da Consulta Pública ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) que terminou ontem, dia 14 de Abril. A Quercus considera que os prejuízos são demasiado avultados para os escassos benefícios decorrentes da construção destas quatro barragens, pelo que estas perdem sentido perante as alternativas viáveis que existem neste momento.

Enumeram-se os principais argumentos que justificam esta posição:

  • A clara desconformidade com a Directiva Quadro da Água, onde se exige que não haja deterioração da qualidade da água, não só química mas também ecológica. É isso que irá acontecer se estas quatro barragens avançarem, sendo necessário, de acordo com a mesma lei, um estudo de alternativas não só para a produção de energia, como também para a redução do consumo de energética.
  • O facto de não ser equacionado no EIA um cenário zero que preveja a possibilidade de reforçar a potência instalada em barragens já existentes, o que, segundo dados da EDP, seria suficiente para alcançar as metas de aumento de potência prevista em centrais hidroeléctricas (2000 MW);
  • A constituição das albufeiras irá afectar irreversivelmente vários ecossistemas valiosos, que são os últimos refúgios de espécies actualmente em perigo de extinção, resultando no empobrecimento geral da biodiversidade do país;
  • A construção destas barragens terá também impactos paisagísticos, resultando numa descaracterização transversal a vários concelhos e no consequente empobrecimento da região;
  • A submersão de importantes zonas de produção agrícola e florestal nas zonas a inundar, implicará perdas socio-económicas avultadas para a região, tendo em conta a importância do sector primário e do turismo na região;
  • A existência de alternativas energéticas mais baratas e com um menor impacto ambiental, como são a aposta na redução do consumo e a promoção da eficiência energética.

Os benefícios apontados no EIA, nomeadamente a produção de energia eléctrica, afiguram-se-nos demasiado escassos para contrapor aos aspectos negativos identificados. Existem outros caminhos muito menos agressivos para o ambiente e economicamente mais viáveis para resolver a dependência energética do país face aos combustíveis fósseis, o que nunca se conseguirá com mais barragens. Para além do investimento sério em medidas de eficiência energética, a solução passa também pela aposta em energias renováveis de baixo impacte, nomeadamente através da micro-geração.

in Naturlink - 15 de Abril de 2010

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