Alto Tâmega - Associação ambiental exige que Governo renuncie ao projecto
Quercus repudia construção de barragens
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A consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do aproveitamento hidroeléctrico de Gouvães, Padroselos, Alto Tâmega e Daivões terminou na passada quarta-feira.
O secretário de Estado do Ambiente terá que emitir agora a correspondente Declaração de Impacte Ambiental (DIA) até ao final de Junho.
Segundo a agência Lusa, a Quercus enviou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) um parecer desfavorável ao empreendimento concessionado à espanhola Iberdrola, por considerar que «os prejuízos são demasiado avultados para os escassos benefícios decorrentes da construção destas quatro barragens».
A associação justifica-se com o facto de não ser equacionado no EIA um cenário zero que preveja a possibilidade de reforçar a potência instalada em barragens já existentes, o que, segundo dados da EDP, seria suficiente para alcançar as metas de aumento de potência prevista em centrais hidroeléctricas (2000 megawatts).
Segundo a Quercus, os benefícios apontados no EIA, nomeadamente a produção de energia eléctrica, são «demasiado escassos para contrapor aos aspectos negativos identificados».
A associação acredita haver «outros caminhos muito menos agressivos para o ambiente e economicamente mais viáveis para resolver a dependência energética do país face aos combustíveis fósseis», e que «nunca se conseguirá com mais barragens».
«Para além do investimento sério em medidas de eficiência energética, a solução passa também pela aposta em energias renováveis de baixo impacte, nomeadamente através da micro geração», acrescentam os ambientalistas.
Por isso mesmo, a Quercus exige que se «renuncie à construção das barragens de Gouvães, Padroselos, Alto Tâmega e Daivões e que sejam estudados cenários alternativos em termos de produção e redução das necessidades energéticas».
Com a construção das albufeiras «vários ecossistemas valiosos», «em vias de extinção», correram um perigo ainda maior. Também contribuirão para a descaracterização da paisagem, bem como a submersão de importantes zonas de produção agrícola e florestal.
A ser levado avante, o empreendimento deverá ter um total de 1.135 megawatts (MW) de potência e uma produção eléctrica anual de 1.900 gigawatts/hora (GWh), o que representa um investimento de 1700 milhões de euros.
Recorde-se que a Iberdrola já pagou ao Estado um prémio de concessão no valor de 303 milhões de euros pela exploração das barragens durante 65 anos.
Redacção / VP, in TVI24, iol - 15 de Abril de 2010
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