A cascata do Tâmega
Os bivalves que nos governam eclodirão em múltiplos rebentos de bostite primaveril enquanto afogam os campos do Alto Tâmega.
Portugueses embora, muitos renegam a sua terra, que preferem sob as profundezas de um enorme manto de água estagnada onde proliferarão mosquitos do tamanho de pterodáctilos. V
azia no verão, exibirá esta monstruosa obra os ossos do país: granito e algum lodo, e ao longe, o fio de água onde não mais se poderá pescar ou tomar banho, pela simples razão de que esta bonita barragem será cercada de uma elegante rêde de arame farpado.
Assim são tratados os povos tamaganos! Como índigenas condenados a viverem numa reserva, vendo os seus ricos terrenos ancestrais devorados pela cupidez iberdrólica.
A empresa espanhola, dizem, não tem culpa. Quer apenas produzir megawatts e está-se legitimamente nas tintas para os índios. Embora tenha concorrido para uma cota de 310 fez imediatamente os estudos de impacto ambiental para a cota 322.
Se a rija gente transmontana não se manifestar, eu pessoalmente, quando for eleito, encarrego-me de destruir não só esta barragem mas também as barragens onde os espanhóis detêem ilegalmente água que é nossa por direito internacional e divino.
Manuel João Vieira, in Cascata do Tâmega - Abril de 2010
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