domingo, 18 de abril de 2010

Manifesto considera que o défice tarifário constitui uma forma de dívida pública; Contribuintes pagam as renováveis



Manifesto considera que o défice tarifário constitui uma forma de dívida pública
Contribuintes pagam as renováveis


O manifesto que visa uma política energética em Portugal, menos assente nas renováveis, acredita que a aposta nas energias limpas acabará por ser paga pelos contribuintes. O défice tarifário, superior a 2 mil milhões, constituirá assim uma forma de dívida pública.

Um grupo de 33 personalidades - alguns deles defensores do nuclear - apresentou ontem, um Manifesto contra política energética do actual Governo. Nas linhas gerais do manifesto está uma crítica à aposta nas energias limpas, especialmente por causa do sobrecusto que implicam ao terem uma tarifa subsidiada, assim como a pressão que essa tarifa exerce nos custos dos consumidores particulares e das empresas. O impacto na área do emprego foi, também, posto em causa - em Espanha o sector criou poucos empregos e caros. Em alternativa, não foram apresentadas soluções.

Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e especialista em energia, garantiu que as renováveis não têm contribuído para a redução do endividamento externo, nem para uma menor dependência dos combustíveis fósseis. O documento mostra que, em 2008, no conjunto, energia eólica, geotérmica e fotovoltaica, "representou apenas 2,11% do consumo total de energia primária em Portugal, tendo-se mantido a dependência energética em redor de 83% ao longo dos últimos dez anos".

O défice tarifário português na electricidade ultrapassa, em termos acumulados, os 2 mil milhões de euros. E, a manter-se a actual política, "é inevitável que o sobrecusto destas fontes de energia venha a crescer nos próximos anos, o que conduzirá a um aumento brutal do preço da electricidade". Ou seja, a aposta nas energias limpas acabará por ser, no futuro, paga pelos contribuintes. Segundo os signatários, a actual política energética apenas sobrevive graças aos preços elevados da venda de toda a produção à rede eléctrica.

Catarina Craveiro, in Jornal de Notícias, N.º 311, Ano 122 (p. 32) - 8 de Abril de 2010

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