segunda-feira, 31 de agosto de 2009

RIO TÂMEGA - POLUIÇÃO: Tâmega verde em Amarante





RIO TÂMEGA - POLUIÇÃO
TÂMEGA VERDE EM AMARANTE


António Orlando, in Jornal de Notícias N.º 91, ano 122 (p. 22) - 31 de Agosto de 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Mundo: Aumento do número de catástrofes naturais exige maior prevenção






Mundo
Aumento do número de catástrofes naturais exige maior prevenção


Casos de incêndios florestais aumentaram

Gastos com medidas para aliviar impacto de catástrofes naturais já passam de 2,7 bilhões de dólares. Para especialistas, adaptação ao clima e prevenção de catástrofes são tão importantes quanto a redução de gases-estufa.

Tufões, deslizamento de terra, enchentes e incêndios florestais: assuntos que se tornaram corriqueiros nas manchetes de jornais. Mas teria a incidência com que ocorrem realmente aumentado ou seria apenas uma impressão causada pelo aprimoramento das tecnologias de comunicação?

Segundo uma pesquisa feita recentemente na Alemanha, dois terços da população do país temem o aumento do número de catástrofes naturais devido às mudanças climáticas.

A cada ano, 250 milhões de pessoas são afetadas por desastres naturais. Desde 1992, a comunidade internacional já gastou mais de 2,7 bilhões de dólares em ações para mitigar os efeitos de furacões, enchentes e secas.

Prejuízos causados por inundação

Evidências concretas

“Quando se observa o número de desastres naturais nos últimos dez anos, não há dúvidas de que os prejuízos aumentaram”, avalia Walter Amma, presidente do Global Risk Forum, de Davos, uma organização que avalia os riscos a que uma sociedade está exposta. “Não se pode nem se deve argumentar que esses eventos são registrados hoje de forma mais precisa e mais rápida do que há 20 anos. A tendência é claramente de aumento.”

Para o Comitê Alemão de Prevenção de Catástrofes (DKKV), as mudanças climáticas têm aumentado a frequência e o impacto de catástrofes naturais. “É preciso lidar com as mudanças climáticas no âmbito regional, especialmente em relação aos eventos mais raros e de grande proporção. Pois as alterações provocadas variam de região para região no que diz respeito a fenômenos extremos”, explica Gerd Tetzlaff, meteorologista da Universidade de Leipizig e presidente do conselho científico do DKKV.

Em alguns países europeus, por exemplo,o aumento das temperaturas tem provocado ondas de calor e, consequentemente, aumentado o risco de incêndios florestais. A mudança climática não é a única responsável pelos desastres, mas cria as condições necessárias a eles.

Em algumas regiões do mundo, os eventos climáticos se tornaram mais extremos do que no passado. “No Caribe, furacões extremos são hoje mais frequentes. Previsões indicam que esse quadro irá persistir, embora ainda seja preciso avaliar a medida exata desse aumento”, pondera Tetzlaff.


Furacão Katrina começou a se formar em 23 de agosto de 2005

O furacão Katrina
A catástrofe provocada em Nova Orleans pelo furacão Katrina em 2005 é uma prova de que países ricos e industrializados também podem sofrer com os efeitos do clima. Entretanto, eles têm mais condições de se prevenir do que países pobres.

“Os impactos das mudanças climáticas serão fortemente sentidos nas regiões ao sul do Saara, na África, também em Bangladesh e em certas ilhas onde as maiores elevações situam-se apenas alguns metros acima do nível do mar”, cita Amman, do Global Risk Forum.

Há algumas semanas, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou que o aumento da seca, das enchentes e de outras catástrofes naturais depende dos resultados que serão alcançados na Conferência Mundial do Clima de Copenhagen, que acontece no final do ano.

O principal objetivo da conferência será a diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa, mas, para os especialistas do DKKV e do Global Risk Forum, a adaptação às mudanças climáticas e a prevenção de catástrofes naturais são igualmente importantes.


Irene Quaile, Rodrigo Rimon (Revisão), in Deutch Welle - 25 de Agosto de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PNBEPH - Barragem de Fridão: Mensagem de apoio à «Causa» do Tâmega na "blogosfera"

PNBEPH - Barragem de Fridão
UM APOIO INCONDICIONAL

Só hoje acedi a este blog que me surpreendeu por perceber que a nível nacional cada vez há uma maior percepção e sensibilidade para estes problemas associados à construção das grandes barragens.
Parabéns pelo vosso Movimento, e contem com o meu apoio incondicional.

Lucinda Coutinho Duarte, in Comentário - 24 de Agosto de 2009
CEPAD - Centro de Estudos da População Ambiente e Desenvolvimento - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Lisboa

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

RIO TÂMEGA - POLUIÇÃO: Águas do rio Tâmega voltam a ser "atacadas" pelas cianobactérias





RIO TÂMEGA - POLUIÇÃO
Águas do rio Tâmega voltam a ser "atacadas" pelas cianobactérias



Sandra Teixeira, in A Verdade, N.º 650 (pp. 1 e 23) - 21 de Agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

RIO TÂMEGA - POLUIÇÃO: Tâmega mudou de cor no Marco




RIO TÂMEGA - POLUIÇÃO
Tâmega mudou de cor no Marco

António Orlando, in Jornal de Notícias, N.º 78, ano 122 (p. 21) - 18 de Agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Rio Tâmega - Albufeira da Barragem do Torrão (EDP): A engenhosa saga barragista do Governo com as eléctricas

Rio Tâmega - Albufeira da Barragem do Torrão (EDP)
A ENGENHOSA SAGA BARRAGISTA DO GOVERNO COM AS ELÉCTRICAS

Descubra a engenhosa propaganda da presente saga barragista com mais de meio século, recauchutada dos planos hidroeléctricos do Estado Novo, servida agora ao bom povo português na bandeja do jogo e da animação para crianças.


Primeiro - ver em http://www.servicos.edp.pt/Download/6/barragens.html

Agora, atente no estado degradado e defunto, factual, do rio Tâmega às portas de Amarante, e confira o contributo do "espelho de água" da EDP para a Biodiversidade e o Desenvolvimento Sustentável na albufeira criada com a exploração da Barragem do Torrão.

Abaixo - observar as imagens com o esforço de um clique.



José Emanuel Queirós - 11 de Agosto de 2009
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (Amarante)

domingo, 9 de agosto de 2009

Cumplicidade Insustentável

Cumplicidade Insustentável

barragem

© VRfoto

Palmira F. Silva, há uns dias atrás no jugular, apontou o esforço do actual Governo na mudança do paradigma energético para um menos dependente dos combustíveis fósseis. Tudo bem com isso tudo. Mas Joanaz de Melo, professor de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa, membro do GEOTA - e a quem Palmira torce o nariz - alerta para o paradoxo dos custos ambientais e energéticos das 10 novas barragens ou da terceira travessia do Tejo que, endividando o País, não fazem o que o investimento na eficiência energética faria na factura e até no «controlo dos períodos de pico e ao equilíbrio do sistema com a produção eólica e térmica». A verdade é que mesmo sendo mais fácil recorrer a barragens para emendar este último problema, é muito estranho que não utilizem a actual capacidade hídrica para fazê-lo.

Concordo com Palmira quando diz que o avanço tecnológico e a pesquisa cientifica exigirão muito maior quantidade de energia do que a que temos hoje disponível. Agora, num Portugal que necessita urgentemente de desenvolver o Interior com os únicos instrumentos e riquezas que estas gentes possuem, o sacrifício insensível de vales aráveis e do seu valor ecológico, é de uma demonstrada incongruência.

Por outro lado, a forma com que este Governo dotou as grandes corporações do sector energético (EDP e Iberdrola) do poder apropriação de património colectivo, enquanto propagandeiam falsas virtudes e vendem ilusões de emprego e desenvolvimento a populações desesperadas, é imoral e escandaloso. António Mexia, Coelho e Pina Moura agem actualmente como autênticos donos e senhores deste país. No caso do presidente da EDP a prepotência e a falta de decoro roçam o sadismo.

Se o debate das questões de sociedade e do papel do Estado na economia, a par das quezílias de comadre com a blogosfera de Direita, fazem passatempo e as ganas aos futuros deputados do PS que se entretêm a escrever no jugular e no SIMplex, chama-se-lhes daqui a atenção de que absterem-se de questionar o delírio do Plano Nacional de Barragens, que no Tâmega «viola lei-quadro da Água»(Rui Cortes, UTAD), é compactuar com um dos maiores crimes de lesa-pátria a ser cometido nos próximos anos em Portugal.

Vítor Pimenta, in O Mal Maior - 9 de Agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Segurança e risco nos vales a jusante de barragens

Segurança e risco nos vales a jusante de barragens

Aqui fica o link para um interessante estudo que se compactua com a nossa causa:

«Segurança e risco nos vales a jusante de barragens».

As barragens e a lavagem de imagem da EDP













As barragens e a lavagem de imagem da EDP

Falando de publicidade, há o que considero estar dentro do limite razoável do parcialismo e do “puxar a brasa à sua sardinha” e há aquilo que considero que passa além da parcialidade, além da simples falácia e entra no campo da hipocrisia descarada, da mentira disfarçada de boas intenções. A campanha da EDP sobre projectos de barragens, entra infelizmente nesta última categoria. Talvez seja a necessidade de lavar a imagem, depois de anos debaixo de pressão com questões mediáticas como o controverso projecto da barragem do baixo Sabor.

É interessante ver que os animais referidos como sendo defendidos pela actividade da EDP através do projecto de barragens, são justamente os mais emblemáticos de entre aqueles que são mais prejudicados pela construção de tais empreendimentos. Os mesmos que foram usados como bandeira por várias associações de defesa do ambiente para sensibilizar o país dos prejuízos que resultam da construção de uma barragem. Como centenas de outras espécies de animais e plantas menos conhecidas, os lobos, lontras e águias vêem a sua sobrevivência largamente dificultada, se não mesmo impossibilitada, nos locais onde, de repente, surge um enorme lago represado por uma barragem.

Os lobos estabelecem e percorrem territórios imensos, atravessam linhas de água, montes e vales. Uma barragem vem criar um obstáculo intransponível aos percursos destes animais, fragmenta dramaticamente os seus territórios e isola populações que, já sendo baixas como são, muito facilmente se tornarão inviáveis. A tendência será a de desaparecerem da paisagem.
Sobre peixes, e aproveitando o exemplo da projectada barragem do baixo Sabor, esta construção vai eliminar a única zona de desova possível para a população de barbos que vive na barragem da Valeira, no rio Douro onde o Sabor desagua. Sem condições para se reproduzirem, a extinção é inevitável.

Olhando ainda para as imagens da campanha, mostra-se aí um vale com um rio não represado. Quase parece um contra-senso, não parece? A construção de uma barragem ajuda a preservar a paisagem de um rio não represado?

Pois é efectivamente um contra-senso, e sem dúvida nenhuma este mesmo princípio se aplica às restantes imagens dos animais projectados no paredão da barragem.

Jogando com o trocadilho projecto/projecção, que a própria campanha apresenta, “Quando projectamos (estas imagens no paredão de) uma barragem, (não) estamos a projectar um futuro melhor”, estamos a projectar o que foi destruído, o que ali havia antes da barragem ser construída!

É aqui que reside a falácia e a decepção desta campanha. 

Eu não os iria criticar, não tão fortemente pelo menos, se mostrassem céus azuis, campos sem poluição, se destacassem o carácter renovável da energia criada e com isso a protecção indirecta do ambiente, até que falassem nas metas de Quioto, mas assim...

E o que mais me preocupou, e se calhar o que mais me incentivou a escrever este texto, é que, à conversa com alguns amigos e colegas de trabalho sobre esta campanha, percebi que a maior parte das pessoas não está informada, ou atenta o suficiente, para perceber esta falácia tão óbvia. Nem mesmo a apresentação de um vale com um rio selvagem, com cascatas lhes pareceu contraditório com o facto de isso não poder de algum modo ser protegido pela construção de uma barragem.

E é certamente este o público-alvo desta campanha, a grande massa de pessoas menos informadas que, espera a EDP, venha a associar uma barragem à preservação do ambiente, e em particular às espécies retratadas.

Há ainda outra falácia, a do desenvolvimento social das populações locais. Uma barragem só traz movimento e desenvolvimento local durante a sua construção. Durante todo o período de funcionamento normal, uma barragem emprega “meia dúzia” de pessoas, maioritariamente técnicos especializados que, apenas por coincidência serão das populações locais.

Como vai ser então promovido o desenvolvimento local. Com o turismo que se pode promover em resultado do lago artificial, praias fluviais, restauração, hotéis talvez? E pergunto então como fica isso em relação ao prejuízo ambiental que refiro antes? Se as coisas já ficaram mal nesse aspecto então como vão ficar com o crescimento do turismo?

A verdade é que uma barragem causa muitos danos ambientais aos locais onde vai ser implantada. Os ecossistemas são destruídos de modo irreversível, e são criadas novas condições, vai evoluir-se para outra situação qualquer, muito mais pobre do ponto de vista de biodiversidade, e à custa da destruição massiva do que existia antes.

E há alternativas, cito por exemplo um recente comunicado emitido pela Plataforma Sabor Livre sobre este mesmo assunto: “Com o mesmo investimento previsto para o Programa Nacional de Barragens, seria possível pôr em prática medidas de uso eficiente da energia que, sem perda de funcionalidade ou conforto, permitiriam poupar cerca de cinco vezes mais electricidade do que a produção das barragens propostas”.

Aponto igualmente o facto de, depois de esmiuçadas todas as razões, causas e factores, não ser difícil perceber que a decisão de construir uma barragem aqui ou ali depende fundamentalmente de questões financeiras. Constrói-se aqui porque ali é mais caro. Se não está convencido convido-o a visitar o website da Plataforma Sabor Livre e a ler aí os diversos estudos e relatórios relacionados com a construção da barragem do Baixo Sabor e das alternativas que existiam.

Armando Frazão (Texto e Fotos), in Naturdata - 2009

PNBEPH - TÂMEGA: Barragens no Tâmega chegaram à Presidência da República









PNBEPH - TÂMEGA
Barragens no Tâmega chegaram à Presidência da República

Balanço da audiência concedida pela Presidência da República, em 21 Julho de 2009 (terça-feira), a uma delegação do «Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega», com registo feito no dia seguinte por Amarante TV.

Em cerca de uma hora e meia, a matéria equacionada durante a recepção constou da menção à indesejável artificialização da sub-bacia duriense do Tâmega e subsequente desregulação dos regimes hídricos e dos caudais naturais do rio principal e seus afluentes Beça e Louredo; da referência à destruição das paisagens milenares do vale e da criminosa implosão dos ecossistemas; e da alusão à submersão do Vale estrutural percorrido pelo Tâmega, ao sobredimensionamento do valor e volume da água retida em albufeira sobre a cidade de Amarante, factores de potenciação de imponderáveis forças da geodinâmica que põem em causa a segurança o assentamento humano no vale, em contra-ciclo com a Declaração do Milénio (ONU), a Directiva-quadro da Água, o Plano Nacional da Água, o Plano de Bacia Hidrográfica do Douro, o Programa Nacional para o Uso Sustentável da Água, a Lei-quadro da Água, e demais legislação complementar.

Integraram a comitiva do «Movimento» os seguintes cidadãos do Tâmega:

Artur Teófilo da Fonseca Freitas (Amarante),
João Diogo Alarcão Carvalho Branco (Mondim de Basto),
Jorge Manuel de Sousa Costa (Amarante),
José Emanuel Mendes Pilroto Coimbra Queirós (Amarante),
José Manuel da Silva Moura (Mondim de Basto),
José Morais Clemente Teixeira (Amarante),
Luís Rua van Zeller de Macedo (Amarante),
Marco Filipe Vieira Gomes (Cabeceiras de Basto),
Rodrigo Luís Monteiro de Oliveira (Amarante).


José Emanuel Queirós - 7 de Agosto de 2009
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Barragens e nova ponte sobre o Tejo obrigam o país a consumir mais energia







Estudo
Barragens e nova ponte sobre o Tejo obrigam o país a consumir mais energia

As barragens acrescentam um por cento à procura de energia final


Os grandes projectos de obras públicas defendidos pelo Governo de José Sócrates contradizem os seus próprios compromissos de política energética e ambiental e, em vez de porem o país a poupar, vão levá-lo a consumir mais energia, a emitir mais dióxido de carbono e a gastar mais dinheiro.

Esta é a ideia de fundo de um estudo elaborado pelo presidente do Geota (associação ambientalista), Joanaz de Melo, que pega em dois casos concretos - terceira travessia sobre o Tejo e o programa nacional de barragens - para demonstrar que se trata de opções "insustentáveis" face à sua factura energética e ambiental.


Segundo os cálculos de Joanaz de Melo, professor de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa, os 700 milhões de euros de investimento previsto para o tabuleiro rodoviário da terceira ponte sobre o Tejo vão provocar, a prazo, um aumento de um por cento da procura de energia final, e mais um por cento de emissões de CO2, por via do novo tráfego que vai gerar. O programa de novas barragens (as 10 barragens do novo programa, mais o Baixo Sabor e Ribeiradio) vai custar, por sua vez, três mil milhões de euros e vai também contribuir com o acréscimo de um por cento da procura de energia final. Ora, diz o ambientalista, com significativamente menos dinheiro, com medidas dirigidas para a eficiência energética para vários sectores económicos e com tempos de retorno também menores, o país pode poupar até 30 por cento da energia que consome hoje. Com cerca de oito vezes menos capital (400 milhões de euros) do que o necessário para realizar o programa de barragens, garante que o país pode reduzir a procura de energia final em 1,3 por cento, reduzindo a energia mal gasta. Comparando com os tempos de retorno dos grandes investimentos públicos, de 40 anos na travessia do Tejo e de 70 anos nas barragens (correspondentes aos prazos de concessão), o do investimento em eficiência energética é sete a 10 vezes inferior.


Na análise que fez ao projecto da terceira travessia do Tejo, Joanaz de Melo não questiona a componente ferroviária, que, considera, "tem méritos claros", apesar de "precisar de ter estudos mais aprofundados". Já a decisão de incluir, de imediato, um tabuleiro rodoviário na travessia, com o pretexto de melhorar a mobilidade na cidade assim como os atravessamentos para a Margem Sul, onde estará o novo aeroporto, é descrito como "insustentável" em todos os níveis ambientais, sociais e económicos.


Joanaz de Melo recupera o exemplo da Vasco da Gama, para lembrar que, em apenas dois anos, esta segunda travessia aumentou em 23 por cento o tráfego na região, admitindo "ser muito provável que a terceira travessia venha a ter o mesmo impacto". "Para além da poluição ambiental e sonora, esta nova travessia vai trazer um aumento de seis por cento no tráfego global em Lisboa e corresponde, por si só, a um aumento de perto de um por cento no consumo de energia e nas emissões de CO2". No ensaio, Joanaz de Melo argumenta que se as acessibilidades do Barreiro a Lisboa vão sair melhoradas, todos os exemplos pré-existentes demonstram que as auto-estradas radiais (como as que estão previstas na Margem Sul) vão acelerar a dispersão urbana e o uso transporte individual. "O efeito marginalmente positivo da Ponte 25 de Abril [onde há transportes públicos a circular] vai desaparecer com o congestionamento de tráfego na cidade de Lisboa", alega. Também o argumento de ser necessário garantir acessibilidades ao novo aeroporto é apontado como "falível", pelo facto de a Vasco da Gama não só ser a travessia mais próxima de Alcochete como por ter ainda capacidade para suportar uma ligação ao aeroporto nos próximos 20 a 30 anos.


A decisão de construir um tabuleiro rodoviário na terceira travessia é caracterizada como "desastrosa" do ponto de vista financeiro por força da exclusividade da concessão atribuída à Lusoponte. "Não é possível montar nenhum project finance para pagar este tabuleiro, e terão de ser os contribuintes a arcar com esta despesa, ao mesmo tempo que vão pagar mais portagens para compensar a Lusoponte", sintetiza.


Faltaram alternativas

Apesar de as novas grandes barragens terem sido apresentadas com o objectivo de reduzir as emissões de gases de estufa e de equilibrar o sistema eléctrico nacional com a produção eólica e térmica, o autor diz que "não foram identificadas nem avaliadas alternativas" que permitissem objectivos mais ambiciosos para o mesmo esforço financeiro (três mil milhões de euros) e não foram tidos em conta critérios de sustentabilidade social, ambiental e económica, pelo que considera que o programa "é ineficaz quanto aos objectivos". As 12 novas barragens devem permitir uma capacidade hídrica adicional de 1,1 gigawatts, para atingir o total de sete gigawatts em 2020.

Se, por um lado, o programa vai estimular o consumo de mais energia (sem emissões), quando o discurso oficial é no sentido de uma maior eficiência do mesmo consumo, por outro, o esforço financeiro necessário é elevado para o resultado final projectado. "A relevância nacional do programa de barragens é mínima", conclui Joanaz de Melo.

Embora defenda que o programa não terá os benefícios ambientais pretendidos, concorda que estas grandes centrais "ajudam na operação das redes eléctricas", para responder aos períodos de pico e ao equilíbrio do sistema com a produção eólica e térmica. Contudo, considera que estes problemas podem ser "significativamente minimizados" por via da eficiência energética. Consumindo menos, o país reduziria os seus picos também. Quanto à ligação à restante produção, defende que o Governo devia apostar em maior capacidade de bombeamento das barragens e no reforço das já existentes, algo que o plano não estudou.

Luísa Pinto, Lurdes Ferreira, in Público e ecosfera - 6 de Agosto de 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

É preciso castigar o Bloco Central da Corrupção - É urgente impedir o plano de barragens em curso






É urgente impedir o plano de barragens em curso
É preciso castigar o Bloco Central da Corrupção

Estamos em plena safra eleitoral. Sementeira séria, não houve. O actual sistema partidário, atacado até à medula pela ignorância, pelo nepotismo, pelo partidismo, pela insolência da nomenclatura dominante, pela corrupção impregnada a que os partidos se tornaram aliás insensíveis, e sobretudo pela falta de audácia e visão de futuro, pagará inevitavelmente um preço elevado por tanta irresponsabilidade. O ciclo de instabilidade política que se avizinha, ao contrário do que já berram os arautos bem instalados da desgraça, virá não dos pequenos partidos e movimentos de cidadania que felizmente crescem, mas dos mesmos energúmenos que há décadas deterioram a democracia portuguesa em nome de um verdadeiro Bloco Central da Corrupção.
(...)
Precisamos de reactivar o caminho de ferro (comboios, metros subterrâneos e de superfície) para transportar mais pessoas mais rapidamente entre os principais centros urbanos e suburbanos do país, e entre Portugal e o resto da Europa (1). Precisamos, aliás, de um verdadeiro renascimento do transporte ferroviário no nosso país (em linhas de bitola europeia e em linhas de bitola estreita), tal como vem sucedendo em Espanha, para dar força ao sector exportador da nossa economia, seja para transportar o que produzimos por cá, seja para escoar nos dois sentidos as mercadorias que elegem a nossa rede de portos marítimos e fluviais como uma opção de futuro.

Mas para tal, não podemos alimentar as propostas assassinas do aventureiro que há anos dirige a EDP — António Mexia.

A EDP é hoje a empresa mais endividada de Portugal. A sua dívida ultrapassa os 13 mil milhões de euros! Bastará uma pequena subida nas taxas de juro em 2010, para que o resultado do logro expansionista do senhor Mexia possa colocar a principal empresa energética do país à beira dum processo de alienação a favor de uma qualquer ave de rapina interessada nesta bela presa. Os voos altos de uma possível OPA sobre a EDP adivinham-se nas borras da dívida acumulada por António Mexia.

A EDP comprou ao governo "socialista" a ideia assassina de construir uma dúzia de novas barragens hidroeléctricas, com o argumento espúrio de que fazem falta para guardar água potável e produzir energia limpa (aqui anda Pimenta...)

Mas a verdade é que, no seu conjunto, tais centrais não poderão acrescentar mais do que 3% à energia eléctrica produzida actualmente em Portugal. A verdade é que tal construção serve apenas para cumprir três objectivos que, devidamente escrutinados, chegariam não só para demitir o actual CEO da EDP, mas talvez mesmo para metê-lo na cadeia — por administração dolosa e tentativa de violação do direito público da água.

Os objectivos criminais que presumo são estes:
- disfarçar o prejuízo estrutural de exploração do sector eólico nacional;
- aumentar artificialmente os activos desta empresa privada com participação minoritária do Estado e de outras entidades públicas portuguesas;
- criar condições para um futuro monopólio da água!


Será que os nossos políticos indolentes já se deram conta da manobra? Ou já só temos corruptos no baralho da actual partidocracia?

A rede de envolvimento e tráfico de influências lançada pela EDP sobre as autarquias do Alto Douro —uma região que deveria cobrar ao resto do país, e sobretudo das empresas energéticas, um clara percentagem pela exploração da sua maior riqueza, ali produzida diariamente, i.e., quase 80% da energia hidroeléctrica produzida em Portugal, e que consumimos maioritariamente nas regiões de Lisboa e Porto — é um crime e visa um crime ainda maior.

É pois urgente impedir o plano de barragens em curso — sobretudo aquelas que ameaçam destruir o rio Sabor, a linha férrea e o vale do Tua, ou submergir, em caso de desastre (a zona onde querem construir a barragem de Fridão poderá ser fortemente afectada num sismo futuro), a cidade de Amarante!


Não nos iludamos com a propaganda de Verão. (...)

António Cerveira Pinto, in O António Maria - 1 de Agosto de 2009