sábado, 6 de março de 2010

Sociedade - Alto Tâmega: População opõe-se à construção da barragem do Alto Tâmega





Sociedade - Alto Tâmega
População opõe-se à construção da barragem do Alto Tâmega

Os habitantes das aldeias das imediações de Vidago afectados pela construção da “cascata” do Alto Tâmega vão promover um abaixo-assinado que irá ser entregue na Agência do Ambiente, no âmbito da discussão pública em curso do Estudo de Impacto Ambiental, para impedir a sua construção.

O anúncio foi feito na passada sexta-feira, 26 de Fevereiro, em Anelhe, Chaves, onde para além de marcarem presença muitos populares estiveram alguns “entendidos” na matéria. A construção do complexo hidroeléctrico do Alto Tâmega tem feito “correr muita tinta” e, desta feita, os protagonistas deste capítulo são os habitantes dos arredores da vila de Vidago afectados pela construção das barragens previstas, que temem ficar com os seus melhores terrenos inundados caso o empreendimento de Vidago suba para a cota 322.

A pedido da Associação dos Municípios do Alto Tâmega (AMAT), um professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), António Luis, está a fazer uma análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) considerando-o como “um conjunto de grandes banalidades”. Além disso, António Luis critica o facto da empresa responsável pela elaboração do mesmo ser contratada pela concessionária, o que na sua opinião, põe em causa a fiabilidade do documento.

Afirma ainda ser um empreendimento enorme que terá sérios impactos sobre todos os ecossistemas, “vai ter implicações ambientais muito graves na Bacia do Douro”, sendo que “daqui a 50 anos será um depósito de sedimentação”, prevê. Em vez de construir as barragens, o professor acredita que seria mais rentável apostar em recursos endógenos, aproveitando os recursos que a região oferece. Contudo, “as pessoas não podem só dizer não, têm de propor uma alternativa melhor e mais rentável que as barragens, dizer não, não chega”.

Já para um dos representantes do movimento COAGRET, Pedro Couteiro, a elaboração do EIA “soa a qualquer coisa de estranho, que nada tem a ver com os interesses das populações, mas que compreende conveniência de grandes empresas de construção civil”, acreditando que “o EIA esconde alguma coisa”.

Pedro Couteiro impulsionou os populares a lutar contra a construção das barragens, até porque, a confirmar-se a cota máxima além de algumas habitações, será submersa a nova Estação de Tratamento de Águas Residuais de Arcossó.

Segundo o presidente da Junta de Freguesia de Anelhe, Carlos Esteves, o problema das barragens não diz só respeito aqueles que vão ficar com os terrenos inundados, mas a toda a população em geral, por isso, é uma luta de todos”. Um dos presentes, Amílcar Salgado questionou o facto de toda a gente debater a questão do TGV e do aeroporto e não a questão das barragens, isto porque não afecta uma grande cidade.

Por isso, refere, é necessário que os presidentes de junta e câmara façam pressão. “Para cá do Marão mandam os que cá estão” e “não é não às barragens” eram algumas das expressões que se iam ouvindo entre as muitas pessoas presentes.

A barragem de Vidago inclui-se no Complexo Hidroeléctrico do Alto Tâmega, que envolve a construção de quatro barragens no rio Tâmega, até 2018, no âmbito do Plano Nacional de Barragens.
Na próxima, segunda-feira realizar-se-á uma
reunião em Vidago para debater o mesmo tema.

Suraia Ferreira, in A Voz de Chaves, n.º 725, Ano XIV (pp. 1 e 4) - 5 de Março de 2010

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