terça-feira, 30 de março de 2010

Fridão. Considerações gerais sobre viticultura: A Barragem de Fridão na Vitivinicultura

Fridão. Considerações gerais sobre viticultura
A BARRAGEM DE FRIDÃO NA VITIVINICULTURA


Séneca (filósofo, séc. I) e Plínio (naturalista, séc.I) já se referiam aos vinhos da região Minho.

A designação Vinho Verde parece ter sido usada pela primeira vez em 1606, e está registada num documento da Câmara Municipal do Porto.


Desde 1929 que a Região tem legislação própria.


Em 1949 o OIV (Organisation International de la Vigne et du Vin) reconheceu-lhe a especificidade.


Em 1992 forma aprovados os Estatutos da Região Demarcada dos Vinhos Verdes

Plantar uma vinha significa escolher um lugar para viver de forma estável. Uma vinha define uma paisagem e constitui-se frequentemente como a única forma de fixação de pessoas em locais de fracos recursos naturais e económicos.

Amarante é uma das 9 sub-regiões da Região Demarcada dos Vinhos Verdes. A região de Basto é uma outra sub-região.


Em Amarante, como castas recomendadas temos:
- para o vinho branco - Azal e Pedernã/Arinto,
- para os tintos - Borraçal, Espadeiro e Vinhão.

O Vinhão constitui 20% do encepamento regional, sendo também a 3.ª maior casta tinta em termos de expansão/utilização nacional.


Existem para uma determinada zona, índices bioclimáticos (indicações numéricas que caracterizam o potencial climático de determinado lugar para a produção de uvas). Todos eles incluem o factor temperatura.

A massa de água da albufeira contribuirá para um incremento da temperatura média do ar e para uma subida da taxa de humidade relativa do ar. Daqui resultarão dificuldades de atempamento (repouso invernal da planta) e um aumento da incidência de doenças criptogâmicas na videira.

Aumento dos custos dos tratamentos, redução na produção e alteração do perfil aromático dos vinhos, serão as consequências imediatas.

Concelho de Amarante
Produção de vinho – 6,4 milhões de litros (8% do total da Região Demarcada com os seus 80 milhões).
Receitas – 4 milhões de euros/ano
Nº de viticultores – 3216 (9,5% dos 34 000 da Região), o que equivale a 13,4% da população activa do concelho.
Área de vinha – 2800ha ( 0,7% dos 352 000ha).
Freguesias mais afectadas – Chapa, Fridão, Gatão e Rebordelo.

Concelho de Celorico – 2000ha de vinha

Amarante e Celorico totalizam 4800 ha de vinha instalada, ou seja, 1,4% da Região Demarcada “Minho”, sendo de admitir que toda ela venha a ser afectada, embora com diferentes níveis de gravidade.

Considerações gerais

Estão já construídas em Portugal 230 albufeiras. Deste total, 67 estão na bacia hidrográfica do Douro (29%). Algumas estão, surpreendentemente, inactivas. (Como exemplo de proximidade temos a mini-hídrica do rio Olo).

Na sua grande maioria não dispõem de uma simples passagem para os peixes (ex. Azibo, Alto Rabagão, Cávado, Caniçada, Miranda do Douro, mini-hídrica do Olo, Torrão). As que a têm, ou está inoperacional ou não são adequadas às espécies autóctones (porque foram projectadas para salmões, que não existem nestas águas). O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal chama atenção para a situação de perigo crítico e/ou vulnerabilidade de 15 espécies de peixes. Destas, 3 serão fortemente prejudicadas pela albufeira de Fridão.

25% de todos os medicamentos por nós utilizados são provenientes de apenas 40 plantas e 16% são extraídos de animais ou micróbios, pelo que há fortes riscos de perdermos possibilidades de cura de doenças, por cada hectare de natureza que destruamos. Com as albufeiras de Fridão e Olo, serão destruídos (ficarão submersos) 870ha de solo.

Como termo comparativo, refira-se que um parque eólico com a mesma potência a instalar em Fridão (255 MW) ocuparia apenas cerca de 153ha ou seja, 18% da área inundada pela albufeira (ver Quadro 1).


A zona que abrange a totalidade da vida no planeta, tem cerca de 20 km de espessura (desde os Himalaias à fossa das Marianas). Para os humanos cerca de 99,5% deste espaço está vedado, considerando que apenas conseguimos povoar o espaço terrestre entre as cotas 0 - 2500 metros. 


Se o planeta estivesse 5% mais perto ou 15% mais longe do Sol não existiria sequer vida. Ou seja, a existência de qualquer forma vida, tal como a conhecemos, é uma sorte tremenda.

Os humanos são constituídos por 65 % de água, o que nos torna mais líquidos do que sólidos. A água é uma matéria estranha. Não tem forma, não tem sabor, não tem cheiro, é transparente. Por ser tão ubíqua temos tendência a não lhe dar valor e, pior, a maltratá-la.

A quantidade de água que existe na Terra (1,3 biliões de Km3) é fixa, não aumenta nem diminui, apenas muda de forma e foi criada há cerca de 3,8 biliões de anos. Ou seja, a água que bebemos é a mesma que lava as sanitas, é a mesma que poluímos nos nossos mares e rios e barragens.

97% de toda a água está nos mares o que significa que o planeta apenas oferece 3% de água doce. Desta, a grande maioria encontra-se retida nos gelos das zonas polares e apenas 0,04% se encontra nos lagos, rios e reservatórios. Ou seja, 99,96% de toda da água do planeta está de momento inacessível.

Se considerarmos a porção do planeta ocupado por Portugal e nele, a porção ocupada pelos nossos rios e reservatórios, facilmente se conclui que dispomos de uma infinitésima parte de água doce para a nossa sobrevivência enquanto povo e enquanto país.

As necessidades energética aumentam e vão continuar a aumentar.
Os recursos naturais, infelizmente, não! Após uma má utilização, estarão perdidos para sempre.


Viana Oliveira

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