Em Amarante, no Vale do Tâmega
Manifestação contra construção de barragens
“O país não pode estar alheio ao que se passa no Tâmega, o país tem de estar solidário com o que se passa aqui”, disse à Lusa o líder do movimento Amarante sem Barragem, Emanuel Queirós.Manifestação contra construção de barragens
Para aquele activista, o Vale do Tâmega tem sido “desconsiderado pelo poder político nacional”.
“Fizeram a venda do nosso principal recurso nas costas de toda a população. Venderam e estão a pensar retalhar o Tâmega, fragmentando em seis grandes albufeiras [Fridão terá duas barragens], fazendo com que o Tâmega deixe de ser rio e a água deixe de correr livremente”, vincou, no final da manifestação.
Durante várias horas, dezenas de pessoas de várias povoações do Vale do Tâmega, de Chaves a Amarante, incluindo membros de várias organizações ambientalistas nacionais e locais, como a Quercus e Geota, gritaram palavras de ordem, frisando que, “pela primeira vez, está-se a levantar a voz do Tâmega”.
Emanuel Queirós disse acreditar que “a luta, a partir daqui, está instalada na consciência dos cidadãos”.
Também Ricardo Marques, da Quercus, se mostrou convicto de que a manifestação de ontem “pode ajudar a inverter o processo de construção de barragens”.
O ambientalista insiste que o estudo de impacte ambiental relativo à Barragem de Fridão, em Amarante - a maior das cinco que estão previstas para o Tâmega, - “foi mal feito e tem graves problemas técnicos”.
“Não foram feitos os estudos sobre os impactes cumulativos das novas barragens e não foram estudadas as alternativas. O Governo associa as barragens à solução de determinados problemas, mas nós não vemos a questão dessa forma, porque há alternativas”, disse.
Ricardo Marques defende que as cinco barragens no Tâmega “representam no máximo 1,6 por cento da electricidade em Portugal, o que é irrelevante em termos de independência energética e em termos de alterações climáticas”.
No final da manifestação, os participantes confraternizaram num piquenique realizado numa zona verde da cidade, junto ao rio.
A Barragem de Fridão é uma das 10 que constam do Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, afetando território dos concelhos de Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Mondim de Basto.
A discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental da Barragem de Fridão terminou a 15 de Fevereiro.
Lusa, in Jornal da Madeira - 14 de Março de 2010
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