domingo, 7 de março de 2010

PNBEPH - Rio Tâmega (Amarante): Manifestação contra barragens no Tâmega






PNBEPH - Rio Tâmega (Amarante)
Manifestação contra barragens no Tâmega


A Quercus e outras entidades de defesa do Ambiente agendaram para 13 de Março um protesto em Amarante, contra a construção de cinco barragens no rio Tâmega por causa do perigo de destruição da biodiversidade da região. O Governo, através do Programa Nacional de Barragens, projectou a construção de mais dez barragens em Portugal, cinco das quais na sub-bacia do rio Tâmega.

O presidente do núcleo do Porto da Quercus, Ricardo Marques, entende que esta é uma decisão irresponsável e imponderada, face à existência de formas mais económicas de produção de energia, que não põem em risco o meio ambiente.

O responsável pelo núcleo defende que, após a conclusão do programa, o aumento de produção de energia no país, em cerca de três por cento, não justifica "o investimento nem os danos ambientais". Acrescenta que centenas de hectares da reserva agrícola da região poderão ficar submersos.

Nesse sentido, diz não aceitar o argumento, por parte do Governo, de que esta medida trará novos postos de trabalho, já que, em contraponto, o sector agrícola será directamente afectado.

O Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega abriu uma petição on-line contra a construção da barragem de Fridão, em Amarante, já subscrita por 2240 pessoas.

De acordo com o manifesto do movimento, a barragem projectada para esta localidade, "uma construção betonada erigida em pleno leito fluvial", terá 110 metros de altura, "superior à cota de assentamento do núcleo histórico de Amarante".

A Associação de Municípios do Alto Tâmega (AMAT) também considera que a construção de quatro das cinco barragens previstas par a região terá «graves consequências» para a economia e para o ambiente.

A AMAT pediu à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para estudar o impacto ambiental destes projectos entregues à empresa espanhola Iberdrola e, com base nas conclusões dos académicos, o presidente desta associação, Fernando Rodrigues garantiu que os danos provocados pela construção das quatro barragens são incalculáveis.

“Desde logo porque temos ali uma quantidade de água imprópria para consumo humano, para regadios e para fins turísticos. Ninguém imagina que se construa uma barragem que não tem nem água nem aproveitamento a não ser a produção de energia” alertou, em declarações à TSF.

“Toda aquela área vai ficar exposta em termos destes perigos todos, de ter ali uma quantidade enormíssima de água que pode vir a poluir solos, que pode vir a causar doenças e prejuízos de imagem à região e nós não vamos, com certeza, permitir isso”, acrescentou.

Fernando Rodrigues lembrou também que as barragens vão provocar “uma perda de receita imediata para as autarquias”, sendo que os investimentos previstos como contrapartida à construção das centrais representam poucas vantagens para a região - “Que solidariedade é esta em que um governo recebe 300 milhões de euros pela concessão das barragens, arrecada os 300 milhões e na região não fica nada”, questionou.

“Nós ficamos aqui com as terras inundadas, com nevoeiro, com a água imprópria para consumo humano, para consumo agrícola e para fins turísticos, e nem sequer temos as empresas que pagam impostos aqui na nossa região. Portanto, acho que o Governo tem que ser sensível a estas questões e tem que mudar radicalmente os parâmetros da actuação”, defendeu o presidente da AMAT.

No entanto, Pina Moura disse à TSF que “o estudo de impacto ambiental realizado pela Iberdrola cumpriu todos os requisitos exigidos pelas autoridades e avaliou de forma exaustiva todos os aspectos relevantes para a construção do complexo hidroeléctrico do Alto Tâmega”.

in Esquerda.net - 3 de Março de 2010

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