ALTO TÂMEGA:
Recolha de assinaturas contra as quatro barragens
Dezenas de pessoas já subscreveram a petição que contesta a construção das quatro barragens do Alto Tâmega, por causa da destruição de campos agrícolas, deterioração da qualidade da água ou efeitos graves no ecossistema.
A iniciativa partiu das juntas de freguesia das áreas afectadas e do núcleo do Alto Tâmega do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega.
A "cascata" do Alto Tâmega, adjudicada à espanhola Iberdrola, prevê a construção de quatro barragens: a do Alto Tâmega, Alto Tâmega, em Vidago, e Daivões (ambas no rio Tâmega) e Gouvães e Padroselos (afluentes).
Para além da recolha de assinaturas, estão a decorrer sessões de esclarecimento sobre o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das barragens do Alto Tâmega, em consulta pública até 14 de Abril.
Realizou-se, em Vidago, concelho de Chaves, a sessão “Vamos salvar o Tâmega” que teve como objectivo esclarecer e alertar a população para os previsíveis impactos que a construção das barragens poderá originar num futuro próximo, afectando o ambiente, a economia local, os ecossistemas e a qualidade da água.
O economista Amílcar Salgado, que integra o movimento de cidadãos, disse que, a construção das barragens, vai “deteriorar a situação económica das populações locais, uma vez que lhes serão retiradas os meios de sustentabilidade”, com a destruição dos melhores campos agrícolas e a eliminação de postos de emprego.
“Em termos sócio económicos não vai ficar nada. Vai registar-se apenas o emprego temporário durante a construção, depois ficarão apenas quatro vigilantes, um por barragem. A própria Iberdrola terá os seus escritórios no Porto ou Lisboa gerando aí receitas e postos de emprego”, referiu.
Segundo o responsável, a “albufeira contínua” em que se transformará o rio Tâmega vai afectar o clima e provocará afeitos muito graves no ecossistema.
Amílcar Salgado alertou ainda para a deterioração da qualidade da água, agravando os problemas de poluição que o rio Tâmega já possui, para os impactos negativos na paisagem e no turismo, já que, na sua opinião, uma “paisagem única vai ficar igual a tantas outras”.
O responsável falou ainda nos “custos acrescidos” que as populações vão ter que suportar com o aquecimento por causa da diminuição da penetração dos raios solares provocados pelo aumento do nevoeiro, dos tratamentos fitossanitários nas vinhas por causa do clima mais húmido ou o aumento dos mosquitos.
“O EIA não contempla os custos sombra, ou seja, os custos indiretos que as populações locais vão suportar nas área onde se vão instalar as barragens”, frisou.
Amílcar Salgado assegura que não é contra as barragens, mas salienta que a sua construção tem que ser “analisada de forma rigorosa e credível”.
“O Governo já vendeu e recebeu dinheiro pelas barragens e por isso quer agora construir a todo o custo, independentemente das consequências para o ambiente e populações”, salientou.
A sessão de esclarecimento de hoje é aberta a toda a população do Alto Tâmega e, como oradores, conta com a presença de António Luis Crespí, docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), José Emanuel Queirós, fundador do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega, Pedro Couteiro (COAGRET), João Branco, representante da Quercus, e Amílcar Salgado.
Por causa do descontentamento provocado pela construção das barragens, o Alto Tâmega vai associar-se à manifestação nacional que decorre sábado, em Amarante.
PLI / Lusa, in Marão online, Parlamento Global - 9 de Março de 2010
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