domingo, 27 de junho de 2010

Fundo EDP Biodiversidade 2010 - Comunicado: Organizações de Ambiente Dizem "Não, Obrigado!"

Fundo EDP Biodiversidade 2010 - Comunicado
Organizações de Ambiente dizem "Não, Obrigado!"


COMUNICADO DE IMPRENSA

AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS DE AMBIENTE DIZEM “NÃO OBRIGADO!” AO FUNDO EDP BIODIVERSIDADE PARA 2010

Pelo segundo ano consecutivo, as Organizações Não Governamentais de Ambiente, abaixo indicadas boicotam o concurso de 2010 para o Fundo EDP Biodiversidade como protesto contra o comportamento danoso para o ambiente e contra a campanha falaciosa da EDP

As principais ONGA dizem: “Não, Obrigado! Abdicamos do Fundo EDP Biodiversidade enquanto persistirem na mentira de que as grandes barragens constituem um benefício para a Protecção da Natureza”.

O PORQUÊ DO “NÃO” ÀS BARRAGENSApesar de alguns benefícios, nomeadamente na disponibilidade de potência que facilita a gestão do sistema electroprodutor, as grandes barragens têm um forte impacte sobre ecossistemas muito importantes, nunca se traduzem nos benefícios sociais alardeados, e as medidas de compensação exigidas no quadro do licenciamento ficam sempre muito aquém dos danos causados. 


Segundo a Organização da Nações Unidas e a Agência Europeia do Ambiente, as grandes barragens não alcançaram as metas físicas, sociais e económicas previstas, provocam a destruição dos habitats naturais e o desaparecimento de espécies, não sendo possível mitigar a maior parte dos impactes causados sobre os ecossistemas e a biodiversidade.

As barragens de Alqueva, Odelouca e Baixo Sabor são exemplos disso e está neste momento aprovado o Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, que prevê a construção de 10 novas grandes barragens.

Com medidas de uso eficiente da energia seria possível poupar a mesma electricidade que todo o programa de barragens pretende produzir, com um décimo do investimento e com consequências sociais e ecológicas positivas em vez de negativas. 

As grandes barragens têm impactes muito negativos, e desnecessários, não apenas sobre os ecossistemas mas também sobre a qualidade da água, sobre a erosão costeira, sobre a factura de electricidade das próximas décadas, e sobre o modo de vida das populações locais, de que é exemplo a prevista destruição da linha do Tua.

AS RAZÕES DO BOICOTE
A EDP nunca apresentou os resultados da implementação de medidas de compensação em empreendimentos semelhantes. 


Pior, a EDP lançou no ano passado uma campanha enganosa, com o beneplácito do Governo, para convencer os cidadãos de que as grandes barragens trariam benefícios para a natureza, omitindo os custos ambientais e sociais por demais evidentes. 

As associações signatárias repudiaram esta campanha e pediram à EDP honestidade nas suas posições públicas. Apesar do nosso pedido, a referida campanha continuou e continua ainda. A EDP — um dos principais promotores da destruição dos rios e da biodiversidade em Portugal — teima em apresentar aos portugueses uma imagem contrária à realidade observada no terreno: uma Biodiversidade continuamente em decréscimo devido a uma multiplicidade de causas, entre as quais avultam as grandes barragens.

Neste sentido, as ONG signatárias decidiram prescindir de candidatar-se ao Fundo EDP Biodiversidade 2010 (este ano no valor de 500 milhares de euros), como forma de protesto e em nome da transparência e da verdade sobre os impactes negativos das grandes barragens. 


As ONGA não se opõem à existência de fundos de Conservação da Natureza promovidos pelas empresas – o conceito é certamente louvável. 

As ONGA censuram, sim, a postura hipócrita da EDP que desmente a sua política oficial de responsabilidade ambiental e social, através de publicidade enganosa, tentando branquear os impactes da sua actividade.

Por tudo isto, as ONGA dizem “Não Obrigado! Abdicamos do Fundo EDP Biodiversidade enquanto persistirem na mentira de que as grandes barragens constituem um benefício para a Protecção da Natureza.”

27 de Junho de 2010
Organizações aderentes ao boicote:

ACP-T - Associação Cívica Pró-Tâmega
ADPM - Associação de Defesa da Praia da Madalena
Associação Amigos do Vale do Rio Tua
CEAI - Centros de Estudos da Avifauna Ibérica
COAGRET - COordenadora de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases
FAPAS – Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens
GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental
GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza

Contactos para jornalistas:

Luís van Zeller (ACP-T): 914791651
João Joanaz de Melo (GEOTA): 962853066
Susana Fonseca (Quercus): 937788471
António Lourenço (Coagret): 969761301

Sem comentários: