
Espécie rara descoberta no rio Beça ficava em risco. Ministério decidiu não avançar com o projecto
Mexilhão trava barragem do Alto Tâmega

A Declaração de Impacte Ambiental (DIA) das barragens do Alto Tâmega, concessionadas à espanhola Iberdrola, foi assinada na segunda-feira e, segundo a fonte, chumbou a barragem de Padroselos, que estava previsto construir no rio Beça, no concelho de Boticas.
A tutela resolveu condicionar as restantes três barragens «sem comprometer a produção hidroeléctrica anual».
O ministério do Ambiente decidiu que o condicionamento passa também pela obrigatoriedade de serem usadas as cotas mais baixas propostas no Estudo de Impacte Ambiental (EIA).
A DIA contempla também um conjunto de medidas de compensação sócio-económicas e ambientais para a zona.
O mexilhão de rio do norte, Margaritifera margaritifera, é uma espécie rara protegida pela legislação nacional e europeia e que, em 1986, chegou a ser dada como extinta em Portugal.
Atualmente, esta espécie existe nos rios Rabaçal, Tuela e Mente, que atravessam a parte ocidental do Parque Natural de Montesinho (PNM), e ainda no Paiva, Neiva e Cavado.
No âmbito do Estudo de EIA de Padroselos, o mexilhão de rio foi também descoberto no rio Beça.
A construção da barragem de Padroselos implicaria a eliminação desta colónia de bivalves e, por isso, o EIA propôs um «possível cenário alternativo do projecto», que passava pela exclusão desta barragem do projecto.
Redacção, in TVI24 - 22 de Junho de 2010
1 comentário:
Até parece que estão preocupados com o Ambiente.
A construção da barragem de Padroselos não interessa à Iberdrola. Com muito menos investimento produz a mesma energia.
Quanto às outras, condicionadas às quotas minimas do EIA, é puro interesse da Iberdrola, uma vez que ordenou à Procels, empresa que realizou o EIA, que procedesse à análise daquelas cotas e não aos de referência do PNBEPH, como assumiram publicamente em Vila Pouca de Aguiar. A título de exemplo na barragem do Alto Tâmega a cota considerada como de referência era a 312 e a Iberdrola propõe como miníma a 315, tudo com a anuência do Ministério do Ambiente. Isto demonstra como estão preocupados com as populações locais e com o Ambiente, já que no PNBEPH consideravam que acima da cota 312 as implicações seriam graves.
É tudo boa gente. Até constroem ao mínimo, mas ao que eles pretendem, com mais três metros e muitos mais milhões de m3 de água de péssima qualidade para turbinar e muitos mais ha de terra submersa. Só o tribunal pode fiscalizar estes senhores.
Amílcar Salgado
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