Cascata do Tâmega - Barragens
Quem se lixa (nem sempre) é o mexilhão
Na passada segunda feira, dia 21 de Junho de 2010, o Ministério do Ambiente chumbou a construção da barragem de Padroselos, uma das quatro barragens previstas para o Alto Tâmega, devido à identificação de uma colónia de mexilhões-de-rio do Norte no rio Beça em Boticas.
Dado como extinto em Portugal, em 1986, o mexilhão-de-rio do Norte, Margaritifera margaritifera, é uma espécie rara protegida pela legislação nacional e europeia.
Segundo fontes dos jornais nacionais, a divisão de opiniões, por parte da população, a favor ou contra a construção da barragem, contrasta com a unanimidade ao afirmarem nunca terem visto tal espécie.
Uma região conhecida pela raça barrosã, com um rio conhecido pela pesca de truta, vêm doze bivalves a serem os maiores protagonistas da actualidade.
Segundo o edil de Boticas "de todas as barragens da Cascata do Tâmega esta é a que teria impactos locais menos significativos e as melhores condições para potenciar a eventual criação do projecto de desenvolvimento local ligado à área do turismo".
Os defensores da não construção das barragens de Fridão ganharam folgo, e rapidamente embandeiraram em arco este "chumbo", com o argumento de que também no rio Tâmega as consequências provenientes da construção da barragem terão consequências na biodiversidade.
Os "bivalves" começam a causar outras consequências, as acusações que se têm ouvido sobre a diferença de rigor e ausência de dados nos Estudos de Impacte Ambiental (EIA) das barragens consignadas à EDP em relação aos da Iberdola poderão ser reforçadas.
Acresce a possibilidade, avançada recentemente, de o Município de Celorico de Basto poder vir a tomar uma posição pública contra a construção da barragem.
É um dado adquirido que o rio não é dissociável ao que o rodeia. Bertold Brecht dizia que "do rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem."
Serão as margens, aqui personalizadas em tudo que rodeia o rio em termos naturais, humanos, económicos, paisagísticos, desportivos, turísticos, e outros tantos que o tornam tão especial, que irão traçar, para o bem e para o mal, o seu destino.
O "caso do mexilhão" poderá assumir proporções mediáticas e políticas imprevisíveis. O chumbo, na assinatura da Declaração de Impacte Ambiental (DIA), de uma das barragem do Alto Tâmega, veio criar uma excepção que poderá vir a ser reivindicada para os outros projectos.
Se isso vier a acontecer, iremos ficar a saber se esta espécie protegida possui a importância necessária para impedir o empreendimento, ou se esta medida foi um mal menor, integrada em mais uma operação de cosmética a que nos têm habituado.
Bruno Moura Ferreira, in O Basto - Junho de 2010
Na passada segunda feira, dia 21 de Junho de 2010, o Ministério do Ambiente chumbou a construção da barragem de Padroselos, uma das quatro barragens previstas para o Alto Tâmega, devido à identificação de uma colónia de mexilhões-de-rio do Norte no rio Beça em Boticas.
Dado como extinto em Portugal, em 1986, o mexilhão-de-rio do Norte, Margaritifera margaritifera, é uma espécie rara protegida pela legislação nacional e europeia.
Segundo fontes dos jornais nacionais, a divisão de opiniões, por parte da população, a favor ou contra a construção da barragem, contrasta com a unanimidade ao afirmarem nunca terem visto tal espécie.
Uma região conhecida pela raça barrosã, com um rio conhecido pela pesca de truta, vêm doze bivalves a serem os maiores protagonistas da actualidade.
Segundo o edil de Boticas "de todas as barragens da Cascata do Tâmega esta é a que teria impactos locais menos significativos e as melhores condições para potenciar a eventual criação do projecto de desenvolvimento local ligado à área do turismo".
Os defensores da não construção das barragens de Fridão ganharam folgo, e rapidamente embandeiraram em arco este "chumbo", com o argumento de que também no rio Tâmega as consequências provenientes da construção da barragem terão consequências na biodiversidade.
Os "bivalves" começam a causar outras consequências, as acusações que se têm ouvido sobre a diferença de rigor e ausência de dados nos Estudos de Impacte Ambiental (EIA) das barragens consignadas à EDP em relação aos da Iberdola poderão ser reforçadas.
Acresce a possibilidade, avançada recentemente, de o Município de Celorico de Basto poder vir a tomar uma posição pública contra a construção da barragem.
É um dado adquirido que o rio não é dissociável ao que o rodeia. Bertold Brecht dizia que "do rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem."
Serão as margens, aqui personalizadas em tudo que rodeia o rio em termos naturais, humanos, económicos, paisagísticos, desportivos, turísticos, e outros tantos que o tornam tão especial, que irão traçar, para o bem e para o mal, o seu destino.
O "caso do mexilhão" poderá assumir proporções mediáticas e políticas imprevisíveis. O chumbo, na assinatura da Declaração de Impacte Ambiental (DIA), de uma das barragem do Alto Tâmega, veio criar uma excepção que poderá vir a ser reivindicada para os outros projectos.
Se isso vier a acontecer, iremos ficar a saber se esta espécie protegida possui a importância necessária para impedir o empreendimento, ou se esta medida foi um mal menor, integrada em mais uma operação de cosmética a que nos têm habituado.
Bruno Moura Ferreira, in O Basto - Junho de 2010
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