segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um apoio à «causa» do Tâmega: Pugnar pela defesa da identidade contra interesses impúdicos

Um apoio à «causa» do Tâmega
Pugnar pela defesa da identidade contra interesses impúdicos

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Agora que finalmente várias vozes se juntam num curto espaço de tempo desde o 13 de Março, é importante reavaliar a situação, analisar e decidir como resolver as várias situações, dosear equilibradamente o capital reunido.

No entanto há prioridades, mesmo com fundações a ser feitas, e com processos em tribunal pendentes. Não desejo diminuir a importância de cada uma das situações (as grandes: Sabor, Tua e Tâmega; e as médias e as pequenas?), e, de facto, deve-se evitar que se avance em cada um dos locais o quanto antes. Não se pode é afirmar que aprendemos com uma situação quando ela ainda não chegou a meio e pode ser reposta. Isto para não falar de históricas como a de Vilarinho das Furnas, ou mais recentes como a do Alqueva, onde a salinização dos solos prevista está a começar e os grandes empreendimentos agrícolas que transformaram a paisagem e a natureza já estão a fugir.

Estivémos em Amarante contra Fridão (o primeiro de 4-5 no Tâmega) e muita gente já passou pelo Sabor e está presente no Tua. Mas é injusto para com os seres (humanos e animais), a terra e sua verdura única, a magnificiência daquele vale, deixarmos que tudo isto seja afogado por uma parede.

Recordo que nesta última década várias causas contra a "evolução cega" foram revertidas ou mitigadas por movimentos, algumas com sucesso, outras como remendo: a co-incineração, o Projecto Especial de Realojamento (uma lei que populações desfavorecidas e poucas associações e comissões de moradores lograram mudar contra fortes interesses da construção e evitar que centenas de desprotegidos - mulheres, idosos, crianças - cada ano ficassem sem tecto). No entanto muito está por fazer, desde o litoral alentejano, passando pela retoma do eucaliptal - apesar dos incêndios que nos devastam nos últimos verões - até os rios.

Cada rio e a sua envolvência é um mundo e a decisão de tirar proveito dele deve ser ponderada por tod@s, sem especismos (wikipédia: atribuição de valores ou direitos diferentes a seres dependendo da sua afiliação a determinada espécie). Cada área tem os seus habitantes e geralmente eles melhor que ninguém sabem o que é bom para si. A solidariedade é um valor essencial neste mundo globalizado e é graças a ela que nos conhecemos e despendemos parte da nossa energia. Neste caso, quase um "Hoje tu, amanhã eu".

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As vozes que se erguem contra cada barragem num Estado que propagandeia pelo mundo fora as virtudes das energias renováveis (não incluo, como é óbvio, a hidroeléctrica) são expressões naturais, não contestatárias, numa democracia obsoleta, moribunda, em que os eleitores devem chamar à atenção dos eleitos e abrir os olhos contra interesses impúdicos.

As vias legais devem ser seguidas até o seu limite e confiar que com as mesmas as coisas se resolverão da melhor forma, se funcionarem de acordo com a sua idealização. No entanto o ser humano tem como os outros do melhor e do pior.

Assim, é importante que não só populações locais, indivíduos, associações, partidos, etc. pugnem pela defesa da sua identidade - local, regional, nacional, internacional.


André Studer Ferreira - 10 de Maio de 2010

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