sábado, 17 de julho de 2010
PNBEPH - Debate: Novas barragens não vão permitir aproveitamento turístico
PNBEPH - Debate
Novas barragens não vão permitir aproveitamento turístico
O investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) Rui Cortes defendeu hoje (17/07), na Régua, que a construção das barragens reversíveis, em que há um reaproveitamento da água turbinada, vai impedir o aproveitamento turístico das albufeiras
A maior parte das barragens previstas no Plano Nacional vão ser reversíveis, o que para o investigador significa que vai haver uma «grande flutuação do nível de água, enchendo durante a noite e baixando durante o dia, período de maior consumo de energia».
«A ideia idílica de ter uma grande massa de água não se vai verificar. Pelo contrário, será uma situação muito desagradável com grandes variações de cota que não são propícias para fins turísticos», salientou.
Para o especialista da área de ambiente, as grandes flutuações do caudal dos rios vai provocar «um grande efeito de erosão e uma perda absoluta do solo em redor».
Rui Cortes alertou ainda para os efeitos na qualidade da água dos rios com a sucessão de barragens, como acontece no Tâmega, para onde estão previstas quatro empreendimentos, destacando a concentração de cianobactérias, que põem em causa o uso da água para fins de abastecimento público.
Alertou ainda para novos estudos que contradizem a teoria do Governo, que tem apresentado as barragens como uma forma de energia que produz entre 50 a 120 vezes menos emissões de CO2 comparadas com as fontes clássicas, os combustíveis fósseis.
«O Governo aceita que existe uma degradação da qualidade de água, mas diz que, por outro lado, existe um ganho a nível da redução das emissões. No entanto, estudos mais recentes dizem que as emissões de gases de efeito de estufa a partir das grandes albufeiras representam cerca de quatro por cento do total de emissões a nível mundial».
O especialista falava no decorrer do debate Sim ou não às barragens do Tua e do Sabor, organizado pelo blogue Nortadas em parceria com o Museu do Douro.
Apesar de ter confirmado a presença, a EDP não marcou presença no debate, que contou com a participação de algumas dezenas de pessoas e onde foram feitas muitas críticas à política energética do Governo.
Ao contrário do que era esperado, o debate acabou por focar pouco o Sabor, já em construção, ou o Tua, cujo início dos trabalhos está anunciado para o final do ano.
O especialista em energia nuclear, Sampaio Nunes, afirmou que Portugal está «à beira da falência porque as opções energéticas foram erradas e foram feitas sem se fazerem contas».
Sampaio Nunes defendeu uma maior «eficiência energética» e a energia nuclear como uma «eventual» alternativa ao que se pretende fazer com as barragens, considerando que a sua construção visa apenas «tentar corrigir o excesso da flutuação da energia eólica».
Apesar de discordar da opção do nuclear, Joanaz de Melo, investigador universitário e membro do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), também defendeu que a «prioridade nacional» deve ser a «eficiência energética», avançando com a necessidade de reduzir em 30 por cento o consumo de energia.
in Sol / Lusa - 17 de Julho de 2010
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