ALTO TÂMEGA - BARRAGENS
Iberdrola não vai parar barragens no rio Tâmega. Autarcas querem embargo
Sistema Eletroprodutor do Tâmega, em Ribeira de Pena, Gouvães e Daivões. Barragem e Central de Daivões. (Miguel Pereira/Global Imagens)
A Iberdrola está a desenvolver o Sistema Eletroprodutor do Tâmega, um investimento de 1.500 milhões de euros, até 2023.
Depois da EDP e do ponto final colocado unilateralmente pelo governo à construção da polémica barragem do Fridão, agora é a Iberdrola que está na mira das contestações às três barragens que está a construir no Rio Tâmega.
O anúncio em Lisboa, no Parlamento, de que o Complexo Hidroelétrico de Fridão não vai avançar, ao fim de uma década de impasses, causou ondas de choque a mais de 400 quilómetros.
A reação mais radical em toda a região foi a do presidente da Câmara de Celorico de Basto, Joaquim Mota e Silva, que afirmou que, perante o cancelamento da barragem de Fridão, “tudo fará” para “embargar” as três barragens a montante que estão a ser construídas pela Iberdrola, para evitar um “drama colossal” no rio Tâmega e no concelho.
Contactada pelo Dinheiro Vivo, a Iberdrola “afirma que se mantém, desde o início do projeto do Sistema Eletroprodutor do Tâmega, a cumprir todos os requisitos constantes da Declaração de Impacte Ambiental (DIA), do Relatório de Conformidade com o Projeto de Execução (RECAPE) e do contrato de concessão assinado com o Estado português a 30 de Junho de 2014”.
“De recordar que o Sistema Eletroprodutor do Tâmega – que inclui os Aproveitamentos Hidroelétricos de Alto Tâmega, Daivões e Gouvães – faz parte do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico e, após a sua construção, aumentará em 6% a potência instalada em Portugal. A Iberdrola continua, por isso, comprometida com este projeto, o maior que tem em execução em Portugal. Neste momento, o Sistema Eletroprodutor do Tâmega está, na globalidade, próximo dos 50% da sua execução e já foi aplicado mais de 50% do investimento total previsto”, disse a elétrica em declarações ao Dinheiro Vivo. A Iberdrola está a levar a cabo um investimento de 1.500 milhões de euros, até 2023.
Da mesma forma, fonte oficial da Iberdrola tinha já confirmado ao Dinheiro Vivo que “não está a negociar a possibilidade de assumir a concessão do Complexo Hidroelétrico de Fridão”.
“Vamos lutar pelo embargo e cancelamento dessas três barragens”, revelou o autarca em declarações à Lusa, referindo-se às empreitadas em curso em Daivões, Gouvens e Alto Tâmega, incluídas no Sistema Eletroprodutor do Tâmega, concessionado à Iberdrola. O responsável sublinha que “não foi estudado o impacto ambiental da não construção da barragem de Fridão conjugada com a construção de outras três a montante”. “Os estudos de impacto ambiental foram feitos com a realidade da construção de quatro barragens. Num cenário em que a mais a jusante não é construída, temos um problema grave nesta zona do Tâmega”, alertou. O autarca esclareceu que, com a construção das outras três barragens, a zona do rio Tâmega do concelho de Celorico de Basto ficará, no verão, com “a água retida” naquelas infraestruturas e, “no inverno, cheias grandes”.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, prevendo 1.500 milhões de euros de investimento e a criação de 13.500 empregos diretos e indireto durante o período de maior volume dos trabalhos (2018-2020).
“Há também questões de natureza ambiental, porque é preciso perceber como é que o rio Tâmega se vai comportar uma vez que estão a ser construídas barragens a montante”. “O rio Tâmega não é rio livre, já tem três barragens que estão a ser construídas a montante e é preciso perceber o comportamento do rio nos municípios a jusante, e não há nenhuma garantia neste momento, não conheço, de que o rio não vai sofrer consequências ao nível do caudal”, sublinhou o presidente da Câmara de Mondim de Basto Humberto Cerqueira.
Bárbara Silva com Lusa, in Dinheiro Vivo - 17 de Abril de 2019
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