IBERDROLA - BARRAGENS
Governo admite intervir no realojamento de famílias afetadas no Alto Tâmega
O ministro
do Ambiente admitiu hoje intervir no caso do realojamento das famílias de
Ribeira de Pena, Vila Real, afetadas pela construção da barragem do Alto Tâmega
se até ao final da próxima semana o processo não estiver fechado.
Na semana
passada, o presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha, admitiu à
Lusa ter de tomar medidas caso a Iberdrola, empresa responsável pelo projeto
que integra o Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), não resolvesse "com
dignidade e atempadamente" o realojamento das pessoas do concelho afetadas
pela barragem do Alto Tâmega.
Questionado
à margem da sua intervenção no evento Business2sea, a decorrer na Alfândega do
Porto, o ministro admitiu vir a intervir neste processo porque essa
"barragem é mesmo importante para que o país se descarbonize".
A barragem
"tem de ser um projeto exemplar e um projeto que trate bem todos quantos
vão ser compensados, mas objetivamente prejudicados de forma direta com a sua
construção", acrescentou.
Segundo
Matos Fernandes, a construção da cascata para as barragens é fundamental para a
descarbonização do país. O ministro lembrou inclusive que o primeiro-ministro
anunciou essa informação "no seu discurso de posse".
"Nós
queremos fechar Sines em 2023 e uma das duas condições prévias para encerrar a
central termoelétrica de Sines é a construção, no sentido da entrada em
funcionamento, de produção de eletricidade da cascata do Tâmega" e, por
isso, "o Governo está empenhadíssimo em que isso aconteça", frisou.
Matos
Fernandes observou, todavia, que não tem "nenhuma razão para achar que a
Iberdrola não esteja a cumprir aquilo que são as suas obrigações que resultam
da declaração de impacto ambiental".
"Mas
ao mesmo tempo que digo isto, digo que estes são projetos de grande dimensão e
em que obviamente terá que ser pedido à própria Ibredrola, no âmbito da
responsabilidade social que tem, e que terá, possa ir mais além das suas
próprias obrigações", concluiu.
Para o
próximo dia 18 de novembro está agendada em Ribeira de Pena uma reunião entre o
município, a Iberdrola, a APA e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Norte (CCDRN).
Parte dos
habitantes de Ribeira de Pena terão de deixar a sua habitação devido à
construção da barragem do Alto Tâmega.
A
Iberdrola preparou naquela localidade do distrito de Vila Real contentores para
servirem de habitação provisória às famílias.
Segundo
dados da autarquia de Ribeira de Pena, dos 49 casos de famílias que terão de
ser realojadas no concelho, seis encontram-se resolvidos, 19 estão em tribunal
e 24 em negociação.
O autarca
João Noronha acrescentou à Lusa que os 70 ou 80 mil euros que a maioria das
pessoas estão a receber pelas suas casas não são suficientes para fazer uma
nova com as mesmas condições no concelho.
Em
comunicado enviado à Lusa, a Iberdrola salientou que tem procurado estabelecer
sempre "um acordo amigável com os proprietários".
"Os
acordos amigáveis representam mais de 75% do total. Do restante, apenas 1,5%
corresponde a casos de não aceitação da indemnização proposta e os demais estão
relacionados com problemas de registo predial e de titularidade de heranças
indivisas", explicou a empresa.
Lusa, in RTP Notícias - 11 de Novembro de 2019
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