Barragem põe em risco Património Mundial do Douro
Quercus pede ao Governo que pondere o que é mais importante para o país: o Douro como património mundial ou a barragem do Tua
«Esperamos que o Governo procure pesar o que é mais importante para o desenvolvimento do país: se uma barragem ou se a classificação de património mundial da Região do Douro, até em termos de impacto turísticos», disse à Lusa a membro da associação ambientalista Quercus Susana Fonseca.
A construção da barragem de Foz Tua pode levar à perda da classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial da UNESCO, de acordo com um relatório citado pelo jornal «Público».
A Icomos, uma associação de profissionais da conservação do património, realizou em Abril uma visita ao local e elaborou, a pedido do Governo português, um relatório sobre as consequências da construção da barragem.
Num relatório concluído no final de Junho e remetido ao governo português em agosto, a Icomos aponta os impactos negativos e graves da construção do empreendimento e sublinha que o Estado português não adoptou todos os procedimentos a que está obrigado perante a UNESCO no processo de análise e aprovação do projecto da barragem.
De acordo com o relatório elaborado pela Icomos, a construção da barragem terá «um impacto irreversível e ameaça o valor excepcional universal [que é o fundamento da classificação da UNESCO]».
Para Susana Fonseca da Quercus «não há de facto uma mais-valia de desenvolvimento económico de uma região associado à construção de barragens», acrescentou.
A deputada do partido Os Verdes Manuela Cunha afirmou à agência Lusa que a UNESCO não recebeu até Novembro qualquer resposta do Governo português a uma recomendação feita pela organização sobre o Alto Douro Vinhateiro. «Dessa missão ocorrida em Abril a UNESCO dirigiu uma recomendação ao Governo português que, segundo os hábitos da UNESCO, exige por parte do Governo um comentário», afirmou a deputada.
«Em Novembro desloquei-me à UNESCO, a Paris, para entregar um relatório arrasador relativo aos impactos da barragem de Foz Tua sobre o Alto Douro Vinhateiro», disse, por isso, considera que « a noticia não traz nada de novo em relação àquilo que os Verdes já no passado mês de Novembro tornaram público».
Segundo a mesma fonte, o PEV, através da deputada Heloísa Apolónia, já tinha dirigido um requerimento ao executivo a pedir uma resposta a essa recomendação.
O presidente da associação ambientalista GEOTA defendeu que o Governo deve parar de imediato a construção da barragem de Foz Tua. «O Governo deve mandar parar imediatamente as obras de Foz Tua e resgatar aquela concessão no sentido de garantir a continuidade não só dos valores enormes que temos no vale do Tua e que têm um potencial local turístico muito grande, como no sentido de garantir a continuidade do Douro património mundial», disse à Lusa João Joanaz de Melo.
Para João Joanaz de Melo, o impacto que a construção da barragem tem na região é tão negativo que a única razão que poderia ser aceite para a continuação das obras seria «o interesse público». O que, segundo o responsável da associação, não existe. «Trata-se de uma obra, do ponto de vista de política energética, perfeitamente inútil», referiu, defendendo que a poupança de electricidade seria muito mais útil.
Redacção/SM, in TVI24 - 7 de Dezembro de 2011
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