sábado, 24 de janeiro de 2009
Fisgas de Ermelo escapam a novas barragens
Mondim de Basto. Maior queda de água do País deverá manter-se
Fisgas de Ermelo escapam a novas barragens
Iberdrola diminui produção de energia para poupar cascata.
O ministro do Ambiente, Nunes Correia, garantiu ontem, em Vila Real, que a cascata das Fisgas de Ermelo não vai ser afectada com a construção das barragens do Alto Tâmega. As Fisgas do Ermelo são a maior queda de água de Portugal, localizada no Parque Natural do Alvão, que se temeu vir a ser afectada com a construção da barragem de Gouvães.
"As Fisgas do Ermelo, neste momento, posso dar por adquirido que vão continuar", assegurou o ministro, acrescentando que "houve um grande empenho nesse sentido. O nosso esforço é sempre conciliar o desenvolvimento das regiões e das populações com a conservação da natureza", afirmou Nunes Correia, após a cerimónia de posse do novo director do Departamento de Áreas Protegidas do Norte, Lagido Domingos, que ocorreu na sede do Parque Natural do Alvão, em Vila Real.
Há cerca de três meses, Rui Cortes, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e especialista da área do ambiente, afirmou que a construção de quatro barragens na bacia hidrográfica do Tâmega e de três derivações de cursos de água iriam «alterar completamente» a zona envolvente a este rio e até mesmo o Parque Natural do Alvão.
Rio Cortes referia-se exactamente à derivação do rio Olo, o que alimenta as Fisgas de Ermelo, aquelas que são consideradas como as maiores quedas de água de Portugal e uma das maiores da Europa, anualmente visitadas por milhares de pessoas.
O projecto inicial das quatro barragens da "cascata do Tâmega" (Alto Tâmega, Daivões, Padroselos e Gouvães), que foi adjudicado ao grupo espanhol Iberdrola, previa que a barragem de Gouvães, a construir no rio Torno, iria ser abastecida pela água de dois afluentes, o Olo - na zona a montante das Fisgas - e Alvadia, e assim o caudal que actualmente alimenta as Fisgas seria reduzido ao mínimo, afectando seriamente aquela queda de água, que poderia vir a desaparecer.
Após as declarações do ministro, o DN contactou o investigador da UTAD, Rui Cortes, que adiantou já ter conhecimento do facto, pois no início de Dezembro o presidente da Iberdrola esteve na UTAD, e, perante os factos expostos pelos investigadores da Academia, comprometeu- -se a estudar o problema.
Segundo Rui Cortes, posteriormente a UTAD foi informada pela Iberdrola "de que, apesar de significar uma diminuição na produção de energia eléctrica, a empresa prescindia do transvase das águas do rio Olo, permitindo assim a continuidade das cascatas das Fisgas de Ermelo.
Para Rui Cortes, ainda bem que o Instituto da Conservação da Natureza e a empresa concessionária se aperceberam dos danos que seriam causados, a tempo foi encontrada uma solução, "é um exemplo para outras situações", adianta o investigador.
José António Cardoso (Vila Real), in Diário de Notícias - 24 de Janeiro de 2009
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Rio Olo
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