Alto Tâmega: Empreendimento da espanhola Iberdrola deverá começar a funcionar em 2018
Novas barragens do Alto Tâmega vão produzir energia para um milhão de pessoas
A cerimónia de apresentação do projecto decorreu no Forte São Francisco |
Se os prazos forem cumpridos, em 2018, o Alto Tâmega terá em funcionamento quatro novas barragens, que produzirão energia suficiente para o consumo anual de um milhão de pessoas.
O empreendimento, denominado Complexo Hidroeléctrico do Alto Tâmega, foi apresentado, sexta-feira passada, em Chaves, pelo presidente da Iberdrola, o grupo espanhol que ganhou o concurso para a construção das albufeiras, lançado pelo Governo português no âmbito do Plano Nacional de Barragens com Potencial Hídrico.
Ignácio Gálan considerou tratar-se de um dos projectos hídricos “mais importantes dos últimos 25 anos na Europa”. “É um projecto que criará emprego e trabalho para os que aqui nasceram e aqui trabalham”, disse o empresário espanhol.
Pelas suas contas, a construção das albufeiras de Padroselos, Daivões, Gouvães e Alto Tâmega - todas na bacia do rio Tâmega, e nas áreas de abrangência dos concelhos de Vila Pouca de Aguiar, Boticas e Ribeira de Pena - irá representar um investimento de 1.700 milhões de euros e criará 3.500 postos de trabalho directos.
Ignácio Gálan revelou também que as novas centrais hidroeléctricas serão capazes de produzir dois mil gigawatts por hora, o que representa 3 por cento do consumo eléctrico português.
Para finalizar o discurso, Gálan citou o escritor transmontano Miguel Torga: “Numa aventura, o que importa é partir bem, para bem chegar”.
José Sócrates, que presidiu à cerimónia, onde chegou com cerca de uma hora de atraso, não citou nenhum poeta, mas felicitou a empresa em espanhol. “Enhorabuena”, disse Sócrates, que considerou estar na hora de “recuperar o tempo perdido” em termos de aproveitamento do potencial hídrico. “Este projecto é essencial para a nossa política energética e para diminuirmos a nossa dependência do petróleo”, referiu, acrescentando que se trata de “produzir aqui o que estamos a importar de fora”. “É um projecto que contribui para reduzir a despesa externa”, frisou.
Por outro lado, Sócrates realçou a importância do empreendimento pelo seu contributo no “combate à crise”. Porque, para o primeiro-ministro, tempo de crise é “tempo de investir” e não de “ficar parado”. “Mais investimento para garantir emprego”, defendeu José Sócrates.
O presidente da Associação de Municípios do Alto Tâmega e presidente da Câmara de Chaves, João Batista, também se mostrou “satisfeito” com o investimento, sobretudo, por causa dos postos de trabalho que deverão ser criados e pelo “aproveitamento desta riqueza” da região “sem pôr em causa o recurso em si”.
No entanto, a congratulação com o em-preendimento não é ainda unânime. O Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega, além da elaboração de um manifesto anti-barragens, já colocou na Net uma petição com o mesmo propósito.
Entre outros argumentos, o Movimento alega, por exemplo, que a construção da Barragem de Gouvães (Vila Pouca de Aguiar) irá “arrasar irreversivelmente as majestosas e únicas ‘Fisgas’ de Ermelo”, em Mondim de Basto.
Mas, na sexta-feira, em declarações à Lusa, o ministro do Ambiente, Nunes Correia, negou as previsões do Movimento. “As Fisgas do Ermelo, neste momento, posso dar por adquirido que vão continuar”, assegurou o ministro, acrescentando que “houve um grande empenho nesse sentido”. “O nosso esforço é sempre conciliar o desenvolvimento das regiões e das populações com a conservação da natureza”, afirmou Nunes Correia, à margem da cerimónia de posse do novo director do Departamento de Áreas Protegidas do Norte, Lagido Domingos, que ocorreu, na sede do Parque Natural do Alvão, em Vila Real.
Margarida Luzio, in Semanário Transmontano - 30 de Janeiro de 2009
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