quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Presidente da Junta de Freguesia de Mondim contra Barragem de Fridão

PNBEPH - Terras de Basto
Presidente da Junta de Freguesia de Modim manifesta-se sobre barragem de Fridão

Tive o privilégio de nascer mondinense. Aos 17 anos regresso do Brasil e fixo-me definitivamente na minha terra natal. 

Apaixonei-me por esta terra mágica, pelo seu património natural, pelo seu povo, pela sua beleza única e o conforto que ela me transmitiu. 

Uma das suas riquezas que até hoje nunca mais deixei de usufruir e visitar - seja no inverno ou seja no verão - foi o rio Tâmega.

Recordo dos bons momentos que se vivia na época de veraneio, recordo com muitas saudades da forma como o meu pai tratava o rio Tâmega, chamava-a “a minha menina”, recordo-me quando se iniciou a canoagem pelo prof. Francisco Machado (Chico D’Asnela), e que ainda se pratica até hoje, como também da formação do Clube de Caça e Pesca pelo Dr. Faria e outros, associação que fazia todo sentido em existir, dado a pesca e a caça, remonta com certeza, como das actividades mais tradicionais nos hábitos de lazer dos mondinenses.

Como cidadão mondinense e também na qualidade de Presidente da Junta da Freguesia de Mondim de Basto, assinei a petição que circula neste momento contra a construção da barragem. 


Participo neste movimento por que sei que a minha passagem pelo rio Tâmega faz parte da história de Mondim, porque tenho consideração por todos aqueles que vieram antes de mim, sei que se revoltariam e se manifestariam contra tal projecto. 

Assinei-a por duas razões: uma por adorar o rio como ele é, a segunda, conforme o estudo do INAG (Instituto Nacional da Água), revela que a água vai ter um elevado nível de eutrofização, isto quer dizer, uma péssima qualidade de água invalidando assim, qualquer tipo de actividade ou exploração comercial nas suas águas. 

No entanto, não podemos deixar de ser realistas. Caso a construção da barragem seja irreversível - como já se verifica no rio Tua e Sabor - será importantíssimo que a nossa autarquia comece já reivindicar contrapartidas no sentido de melhorar aspectos fundamentais no concelho para dai proporcionar captação de investimento para o desenvolvimento de Mondim.

Referente ainda a barragem, existe uma questão que já tive a oportunidade de colocar aos protagonistas do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega que, caso consigam impedir a construção da Barragem de Fridão, o que será do trecho do rio Tâmega entre Cavêz e Amarante, havendo a montante as barragens de Daivões e Vidago? Teremos apenas um fio de água? E no período do Verão com certeza teremos água choca.

Como um grande admirador do rio Tâmega e com a responsabilidade de um autarca, preocupo-me muito em preservá-lo e venho tentando reconquistar os antigos e nos mais jovens o hábito de frequentar e valorizar o rio Tâmega. 


Revolto-me quando passeio pelas margens do rio ou a praticar canoagem e vejo os plásticos pendurados pelas árvores, pneus e garrafas de plásticos no seu leito, restos de merendas nas margens, açudes destruídas, moinhos em ruínas, entre outras situações lamentáveis de assistir. 

Sinto tristeza por tantas pessoas terem virado costas ao rio Tâmega, abandonaram-no, “disseram que está poluído, já não é como antigamente, no meu tempo via-se o fundo do poço”. 

Pois é meus senhores, agora que a tal barragem que se fala há tantos anos e que agora parece ser uma realidade, diz-se, “não à barragem de Fridão!!!”. 

Infelizmente só quando sentimos a perda é que nos manifestamos. Revolta-me essa incapacidade e passividade em valorizarmos os nossos patrimónios, fruto de um bem-estar nosso, agravando ainda esse comodismo, quando sentimos um total vazio nos autarcas que vem gerindo este concelho durante esses intermináveis 25 anos, nunca produziram qualquer som ou gesto em prol do nosso potencial natural. 

Reparem no Monte Farinha, desfigurado e ninguém gritou, “Não estripem o nosso Monte!!!”. 

Se toda aquela ferida foi em troca de postos de trabalhos, que ao menos fosse disfarçada com a reflorestação de acordo como manda a lei das explorações de granitos.

Verifica-se também que as Fisgas do Ermelo está ameaçada em desaparecer com a construção de uma represa a montante no rio Olo. No entanto, as Fisgas do Ermelo é um local entregue ao abandono, sem graça, um turista chega, para, olha e vai de imediato embora. 
É extremamente importante que houvesse um ponto de apoio ao visitante, poderia ser perfeitamente a casa florestal que está apodrecendo como tantos outros imóveis deste concelho.

No meu ponto de vista, o futuro de Mondim passa pelo turismo. Já tinha essa visão o ex-presidente da Câmara que infelizmente já não se encontra entre nós o Sr. Noronha, que no seu mandato (1979-1982), já dinamizava algumas actividades dando a conhecer esta terra maravilhosa. 

Acolheu a construção do Parque de Campismo que em muito contribuiu como abrigo de milhares de campistas que vieram conhecer Mondim de Basto. Realidade essa, que não aconteceu até hoje com o empreendimento do “HOTEL DAS RÃS”, lançado pelo actual presidente da câmara. Agravando ainda mais, porque este Investimento foi feito com dinheiro público - dos nossos impostos - e que teimosamente o actual presidente da câmara não esclarece os mondinenses acerca deste falhanço encravado há 25 anos.

Entendo senhores mondinenses, que chegou a hora do povo dizer, “Chega de tanta pobreza de espírito!!!”.

Uma autarquia tem que ser o braço que apoia o cidadão, o pulso que faz este concelho funcionar e ter a mentalidade em despertar um espírito de conformidade de opiniões para que sejamos como uma única família mondinense. 

E pluribus unum. Dos muitos se faz um.

Fernando Maria Dinis de Carvalho Gomes (Presidente da Junta de Freguesia de Mondim de Basto), in Mondim Online

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