TÂMEGA - BARRAGEM DE FRIDÃO
Mexia vai hoje ao Parlamento esclarecer
contradições sobre barragem do Fridão
O requerimento para ouvir António Mexia foi
apresentado pelo PSD depois de uma tomada de posição da EDP ter vindo
contradizer as justificações do Governo para o cancelamento da empreitada.
Cristina Bernardo
O presidente executivo da EDP, António Mexia, vai se ouvido esta quarta-feira no Parlamento sobre a decisão da empresa de cancelar a construção da barragem de Fridão, no rio Tâmega. O Requerimento para ouvir António Mexia foi apresentado pelo PSD, depois de as declarações da EDP terem vindo contradizer as justificações do Governo para o cancelamento da empreitada.
“Os argumentos apresentados pelo sr. ministro do Ambiente e da Transição Energética [João Pedro Matos Fernandes] acerca da decisão de cancelamento da Barragem do Fridão, e que a mesma não acarreta quaisquer pagamentos indemnizatórios por parte do Estado à EDP, foram totalmente contraditados pelo sr. presidente executivo da EDP, dr. António Mexia”, afirma a bancada parlamentar do PSD no requerimento para ouvir António Mexia na Assembleia da República.
“Os argumentos apresentados pelo sr. ministro do Ambiente e da Transição Energética [João Pedro Matos Fernandes] acerca da decisão de cancelamento da Barragem do Fridão, e que a mesma não acarreta quaisquer pagamentos indemnizatórios por parte do Estado à EDP, foram totalmente contraditados pelo sr. presidente executivo da EDP, dr. António Mexia”, afirma a bancada parlamentar do PSD no requerimento para ouvir António Mexia na Assembleia da República.
Os sociais-democratas lembram
que, em audição regimental a 16 de abril, o ministro do Ambiente e da
Transição Energética afirmou que a decisão de cancelar a construção da barragem
do Fridão estava tomada e que o Governo tinha avaliado, “sob proposta da
própria EDP”, a possibilidade de “construir o empreendimento com menor
dimensão”.
João Pedro Matos Fernandes
afirmou também que “houve de facto uma manifestação de desinteresse por parte
da EDP que o Estado não contraria”, mas que o Estado cumpriria “sempre” o
contrato e não havia razão “para qualquer restituição da verba entregue há dez
anos pela EDP ao Estado”.
O PSD nota, no entanto, que
António Mexia veio contrariar as declarações do Governo, ao dizer que, “em
nenhum momento a EDP admitiu a possibilidade de não avançar com a construção do
Aproveitamento Hidroelétrico de Fridão sem que lhe fosse devolvido o montante
pago ao Estado, em janeiro de 2009, como contrapartida financeira pela sua
exploração por 75 anos”. António Mexia disse ainda que “a decisão de não
construir a barragem do Fridão é da exclusiva responsabilidade do Governo”.
À data, a EDP pagou ao
Estado 218 milhões de euros ao Estado. A barragem de Fridão tinha sido
concessionada à EDP e integrava, desde 2008, o Programa Nacional de Barragens
de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH), num investimento estimado de 304
milhões de euros. A construção foi suspensa em 2016 e a decisão de
cancelamento foi anunciada a 16 de abril, dois dias antes do fim do prazo para
o efeito.
A bancada parlamentar liderada
por Fernando Negrão aguarda ainda que o Governo envie “a documentação que
comprove o desinteresse da EDP na construção da barragem, bem como na dispensa
de indemnização”.
Joana Almeida, in Jornal Económico - 5 de Julho de 2019
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