AMBIENTE - BARRAGENS
Quercus quer obras nas barragens do Tâmega suspensas para avaliação da segurança
Amarante, Porto, 11 jun 2019 (Lusa) -
A Quercus defendeu hoje que o Governo mande suspender as obras nas três
barragens do rio Tâmega, para se proceder à avaliação das condições de
segurança, informou hoje a associação ambientalista.
Num comunicado enviado à Lusa, reclama-se
a necessidade de suspensão dos trabalhos, até haver "uma correta avaliação
das condições de segurança relacionadas com as falhas geológicas e outros
problemas geotectónicos".
"Existindo fortes indícios de
problemas geotectónicos que podem colocar em perigo a estabilidade das
barragens e a segurança das pessoas e bens na bacia do Tâmega e Douro, a
Quercus pede ao Governo que, seguindo o princípio da precaução, mande suspender
as obras de todas as barragens do Tâmega até que estas questões sejam
cabalmente esclarecidas", acrescenta a Associação Nacional de Conservação
da Natureza.
No documento enviado à Lusa, a organização
ambientalista refere ter tomado conhecimento de que empresa espanhola
Iberdrola, responsável pela exploração do Sistema Eletroprodutor do Tâmega
(SET), "viu-se confrontada com um problema geotécnico numa das três
barragens que está a construir no rio Tâmega, que obrigou a suspender
temporariamente alguns dos trabalhos".
Assinala também, citando informação da
população local, que "as obras estão completamente paradas na barragem do
Alto Tâmega".
A Quercus recorda que, em março de 2016,
já tinha pedido a realização de um novo Estudo de Impacte Ambiental para as
barragens da Iberdrola, no Alto Tâmega.
"O alinhamento quase retilíneo do
curso fluvial do rio Tâmega, correndo de NE para SO, segue o sulco de uma falha
sismo-tectónica terciária que os responsáveis pelo Plano Nacional de Barragens
e pelo Estudo de Impacte Ambiental quiseram ignorar, apesar de avisados em
diversos momentos do processo", lê-se no comunicado.
Para a Associação Nacional de Conservação
da Natureza, "as falhas geológicas são um perigo real de segurança e a
retenção de centenas de milhões de toneladas de água podem alavancar os riscos
devido à deformação da crosta terrestre e pressão acrescida sobra a falha
geológica".
Num esclarecimento enviado hoje à Lusa, a
Iberdrola refere que "as obras no Aproveitamento Hidroelétrico de Alto
Tâmega se encontram ativas".
Admite-se, porém, que "o início das
obras de betonagem da barragem e da central estão suspensas, enquanto são
feitos trabalhos complementares de escavação, saneio e sustimento nas
encostas".
A elétrica espanhola prevê que os
"trabalhos retomem no final do verão".
Quanto aos aproveitamentos hidroelétricos
de Gouvães e Daivões, também no rio Tâmega, "as obras continuam com
normalidade", segundo a empresa.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um
dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, nos últimos 25 anos,
contemplando a construção de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) e
um investimento de 1.500 milhões de euros.
O complexo contará com uma potência
instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760
gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.
Em março de 2019 estavam concluídos 45%
dos trabalhos e a Iberdrola aponta 2022 como o ano da conclusão do
empreendimento.
Lusa, in Diário de Notícias - 11 de Junho de 2019
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