Rio Tâmega
O tempo dita a verdade
O tempo dita a verdade
Na natureza não é por acaso que as coisas acontecem.
Não é por acaso, que as verdades vêm ao de cima, como o azeite na água – neste caso não é azeite, mas sim outras matérias esverdeadas que dão à tona na massa de água do rio de todos nós.
Não é por acaso, que os ambientalistas, essa espécie tão desprezível para alguns, quando não vão de encontro ao interesse deles, vão denunciando aquilo que é a realidade do Tâmega ou ainda, mais correcto, do ecossistema ao qual o Tâmega, esse mesmo, o rio que corre no nosso peito, faz parte.
O tempo, meteorologicamente falando, quando se põe a jeito – temperaturas elevadas, falta de chuvas, conjugadas com o meio próprio – rico em fosfatos, azoto e outros - dá instruções aos agentes invasores, neste caso às cianobactérias para se mostrarem ao público.
Nestes casos, nem os mais distraídos conseguem deixar de visualizar uma realidade que por vezes está camuflada e que, só esporadicamente, se evidencia.
Já a sabedoria popular apregoa que: “só não vê quem não quer”, ou então é cego.
Quando um meio, neste caso aquático, já está saturado de carga poluente, das duas uma: ou se efectua todo um processo de despoluição desse curso de água, onde obrigatoriamente consta uma diminuição e/ou eliminação dos “inputs” que contaminam o seu curso; e então passa-se a cuidar do rio como meio vivo, algo sensível e mortal ou, então, como na nossa vida humana, temos triste fim.
Claro que aqui, nesta cura, não cabe a hipótese de o aprisionar na sua doença – potenciando com isso todas as condições favoráveis para o recém sucedido - mesmo alegando que se vai tratar de diminuir o despejo de cargas poluentes (a realidade demonstra que apesar de tanta infraestrutura para “purificar” águas residuais e esgotos , a me#d#, rio acima e rio abaixo, continua a correr para lá) . É que, o facto de impedir o curso normal desse meio vivo que é o rio, da nascente à foz, adulterando-lhe a sua existência natural: aumentando-lhe o volume de água criando-lhe mais condições anaeróbias, trancá-lo contra paredes de betão retirando-lhe o seu movimento natural, rebobiná-lo durante a noite, subtrair-lhe as suas margens naturais, etc... etc… etc… não resolve. Aliás, agrava os problemas actuais podendo ainda originar uns outros.
Por isso é que os “utopistas”, têm vindo a fazer frente aos defensores do “progresso” cuja apologia é frequentemente misturada com uma dita preocupação com alternativas energéticas, as tais renováveis ou energias verdes, face à escassez daquilo que nós sabemos, e que se põem a jeito de projectos económicos que para uns são para fazer dinheiro, ponto final, e para outros são projectos indutores de desenvolvimento.
O que convém não esquecer é que o rio não é deles e se tem dono chama-se população ribeirinha do Tâmega onde nós, Basto, nos incluímos. E como tanto é ladrão o que vai à horta como o que fica à porta, chamem a polícia porque o Rio é nosso e estão mexendo na nossa casa.
Sentenciaram e querem executar a pena de morte a um rio que não é deles e que, aliás, nem sequer lhe conheceram o cheiro ou o sabor. Olham para o nosso rio e pensam em metros cúbicos de água versus kilowatts, ou outro tipo de dividendos que, efectivamente, noutros locais onde ocupação semelhante ocorreu se vieram a demonstrar, na "troca" efectuada, como altamente negativos para as populações locais.
Mas nós, homens e mulheres de Basto que com ele, RIO, fomos criados podemos opinar, ou já nem isso? ...
Pois o que eu acho é que eles querem é tão só ter lucro com um bem que é de todos, num processo que não foi transparente, que foi invasor do nosso EU colectivo e abusador da nossa inteligência – então não é que os interessados primeiro pagaram ao Estado Português, que recebeu, e depois é que se fazem e se põem à discussão pública os estudos de impacte ambiental? ! ! ... etc... etc... etc…
Aqueles que denegridem a posição dos ambientalistas, quando se tratam de projectos de envergadura económica-financeira elevada, mas altamente penalizadores para o ambiente, rotulando-os negativamente de “ fundamentalistas “ ou dos “tipos da ecologia”, ou ainda, mais terra a terra, de os “gajos do contra”, mais não fazem do que serem parte do “sistema” que quer aplicar a injecção letal. São aliados dos executores e cúmplices da pena de morte.
A esses, se o projecto deles se efectivar, o tempo cronológico ditará a sorte.
Por ora, o (outro) tempo dita a sorte do nosso rio. Ele – Rio, indefeso e vulnerável espera de nós a resistência na luta contra mal maior.
Ambientalistas, verdes, ecologistas, do contra, defensores do passarinho e da erva-pata, poetas, conservadores e mais que lhes queiram chamar, são quem tem travado o combate contra a ocupação e destruição planeada.
Os doentes tratam-se, não se matam. Do tratamento ao “corpo “ do rio são responsáveis a UE, o governo central, entidades regionais, os poderes locais e, convenhamos, também nós os simples cidadãos. Mas a alma desse "corpo" somos nós os tamecanos. Esse bem imaterial, não mensurável em dinheiro nem em poder, não é de quem quer - é de quem a sente. Não é de quem manda, nem de quem a violenta.
Esta alma colectiva pode ir sangrando, mas o combate pelo direito a um Tâmega livre e, se houver justiça recuperado, continua vivo.
Alfredo Pinto Coelho, in O Basto - Outubro de 2011
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (Mondim de Basto)
Não é por acaso, que as verdades vêm ao de cima, como o azeite na água – neste caso não é azeite, mas sim outras matérias esverdeadas que dão à tona na massa de água do rio de todos nós.
Não é por acaso, que os ambientalistas, essa espécie tão desprezível para alguns, quando não vão de encontro ao interesse deles, vão denunciando aquilo que é a realidade do Tâmega ou ainda, mais correcto, do ecossistema ao qual o Tâmega, esse mesmo, o rio que corre no nosso peito, faz parte.
O tempo, meteorologicamente falando, quando se põe a jeito – temperaturas elevadas, falta de chuvas, conjugadas com o meio próprio – rico em fosfatos, azoto e outros - dá instruções aos agentes invasores, neste caso às cianobactérias para se mostrarem ao público.
Nestes casos, nem os mais distraídos conseguem deixar de visualizar uma realidade que por vezes está camuflada e que, só esporadicamente, se evidencia.
Já a sabedoria popular apregoa que: “só não vê quem não quer”, ou então é cego.
Quando um meio, neste caso aquático, já está saturado de carga poluente, das duas uma: ou se efectua todo um processo de despoluição desse curso de água, onde obrigatoriamente consta uma diminuição e/ou eliminação dos “inputs” que contaminam o seu curso; e então passa-se a cuidar do rio como meio vivo, algo sensível e mortal ou, então, como na nossa vida humana, temos triste fim.
Claro que aqui, nesta cura, não cabe a hipótese de o aprisionar na sua doença – potenciando com isso todas as condições favoráveis para o recém sucedido - mesmo alegando que se vai tratar de diminuir o despejo de cargas poluentes (a realidade demonstra que apesar de tanta infraestrutura para “purificar” águas residuais e esgotos , a me#d#, rio acima e rio abaixo, continua a correr para lá) . É que, o facto de impedir o curso normal desse meio vivo que é o rio, da nascente à foz, adulterando-lhe a sua existência natural: aumentando-lhe o volume de água criando-lhe mais condições anaeróbias, trancá-lo contra paredes de betão retirando-lhe o seu movimento natural, rebobiná-lo durante a noite, subtrair-lhe as suas margens naturais, etc... etc… etc… não resolve. Aliás, agrava os problemas actuais podendo ainda originar uns outros.
Por isso é que os “utopistas”, têm vindo a fazer frente aos defensores do “progresso” cuja apologia é frequentemente misturada com uma dita preocupação com alternativas energéticas, as tais renováveis ou energias verdes, face à escassez daquilo que nós sabemos, e que se põem a jeito de projectos económicos que para uns são para fazer dinheiro, ponto final, e para outros são projectos indutores de desenvolvimento.
O que convém não esquecer é que o rio não é deles e se tem dono chama-se população ribeirinha do Tâmega onde nós, Basto, nos incluímos. E como tanto é ladrão o que vai à horta como o que fica à porta, chamem a polícia porque o Rio é nosso e estão mexendo na nossa casa.
Sentenciaram e querem executar a pena de morte a um rio que não é deles e que, aliás, nem sequer lhe conheceram o cheiro ou o sabor. Olham para o nosso rio e pensam em metros cúbicos de água versus kilowatts, ou outro tipo de dividendos que, efectivamente, noutros locais onde ocupação semelhante ocorreu se vieram a demonstrar, na "troca" efectuada, como altamente negativos para as populações locais.
Mas nós, homens e mulheres de Basto que com ele, RIO, fomos criados podemos opinar, ou já nem isso? ...
Pois o que eu acho é que eles querem é tão só ter lucro com um bem que é de todos, num processo que não foi transparente, que foi invasor do nosso EU colectivo e abusador da nossa inteligência – então não é que os interessados primeiro pagaram ao Estado Português, que recebeu, e depois é que se fazem e se põem à discussão pública os estudos de impacte ambiental? ! ! ... etc... etc... etc…
Aqueles que denegridem a posição dos ambientalistas, quando se tratam de projectos de envergadura económica-financeira elevada, mas altamente penalizadores para o ambiente, rotulando-os negativamente de “ fundamentalistas “ ou dos “tipos da ecologia”, ou ainda, mais terra a terra, de os “gajos do contra”, mais não fazem do que serem parte do “sistema” que quer aplicar a injecção letal. São aliados dos executores e cúmplices da pena de morte.
A esses, se o projecto deles se efectivar, o tempo cronológico ditará a sorte.
Por ora, o (outro) tempo dita a sorte do nosso rio. Ele – Rio, indefeso e vulnerável espera de nós a resistência na luta contra mal maior.
Ambientalistas, verdes, ecologistas, do contra, defensores do passarinho e da erva-pata, poetas, conservadores e mais que lhes queiram chamar, são quem tem travado o combate contra a ocupação e destruição planeada.
Os doentes tratam-se, não se matam. Do tratamento ao “corpo “ do rio são responsáveis a UE, o governo central, entidades regionais, os poderes locais e, convenhamos, também nós os simples cidadãos. Mas a alma desse "corpo" somos nós os tamecanos. Esse bem imaterial, não mensurável em dinheiro nem em poder, não é de quem quer - é de quem a sente. Não é de quem manda, nem de quem a violenta.
Esta alma colectiva pode ir sangrando, mas o combate pelo direito a um Tâmega livre e, se houver justiça recuperado, continua vivo.
Alfredo Pinto Coelho, in O Basto - Outubro de 2011
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