domingo, 23 de outubro de 2011

Programa Nacional de Barragens: Um desastre ambiental em marcha no Douro

Programa Nacional de Barragens
Um desastre ambiental em marcha no Douro



O Jornal de Notícias publicou esta semana uma interessante reportagem sobre as barragens que estão a ser construídas em vários afluentes do Douro para as quais o Estado pagará dezasseis mil milhões de euros à EDP e à Iberdrola, as concessionárias das futuras barragens, durante os próximos 70 anos, num custo que se irá refletir em mais 10% de aumento na fatura de cada consumidor.

Segundo a reportagem, um conjunto de grupos ecologistas nacionais e de associações durienses, juntaram-se na elaboração de um documento que pretende explicar por que é que o Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico deveria ser “imediatamente suspenso e revogado”. Alegam que as concessionárias das futuras barragens vão produzir “metade da energia prevista” no plano, com o dobro do investimento pedido, mediante o pagamento anual de um subsídio do Estado de 49 milhões de euros.

São as seguintes as contas do grupo que contesta o negócio:
  • durante as concessões das barragens, um total de 16 mil milhões de euros serão pagos às empresas de eletricidade;

  • as barragens produzirão apenas 0,5% da energia consumida em Portugal;

  • as barragens representam apenas 2% do potencial de energia que poderia ser obtida através de um programa de eficiência energética;

  • as barragens respondem por apenas 3% do aumento das necessidades energéticas do país.
Ora, a loucura não fica por aqui, as barragens que estão a ser construídas constituem um crime ambiental e cultural, com a perda de habitats, espécies endógenas e paisagens com potencial turístico singular

A própria UNESCO alertou para a “degradação da zona classificada como Património da Humanidade”, dando a “entender que poderá ser retirada se insistirem na obra”.

No retrato, nem a Câmaras Municipais (com exceção da mirandelense) saem impolutas, pois a troco de 1,5% das receitas das barragens, calam-se perante o desastre a acontecer nos próprios concelhos. Uma vergonha.

Geopalavras, in Geopalavras - 23 de Outubro de 2011

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