Um desastre ambiental em marcha no Douro
O Jornal de Notícias publicou esta semana uma interessante reportagem sobre as barragens que estão a ser construídas em vários afluentes do Douro para as quais o Estado pagará dezasseis mil milhões de euros à EDP e à Iberdrola, as concessionárias das futuras barragens, durante os próximos 70 anos, num custo que se irá refletir em mais 10% de aumento na fatura de cada consumidor.
Segundo a reportagem, um conjunto de grupos ecologistas nacionais e de associações durienses, juntaram-se na elaboração de um documento que pretende explicar por que é que o Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico deveria ser “imediatamente suspenso e revogado”. Alegam que as concessionárias das futuras barragens vão produzir “metade da energia prevista” no plano, com o dobro do investimento pedido, mediante o pagamento anual de um subsídio do Estado de 49 milhões de euros.
São as seguintes as contas do grupo que contesta o negócio:
- durante as concessões das barragens, um total de 16 mil milhões de euros serão pagos às empresas de eletricidade;
- as barragens produzirão apenas 0,5% da energia consumida em Portugal;
- as barragens representam apenas 2% do potencial de energia que poderia ser obtida através de um programa de eficiência energética;
- as barragens respondem por apenas 3% do aumento das necessidades energéticas do país.
A própria UNESCO alertou para a “degradação da zona classificada como Património da Humanidade”, dando a “entender que poderá ser retirada se insistirem na obra”.
No retrato, nem a Câmaras Municipais (com exceção da mirandelense) saem impolutas, pois a troco de 1,5% das receitas das barragens, calam-se perante o desastre a acontecer nos próprios concelhos. Uma vergonha.
Geopalavras, in Geopalavras - 23 de Outubro de 2011
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