segunda-feira, 17 de novembro de 2008

PNBEPH - Rio Olo: Fisgas de Ermelo podem perder a beleza natural








PNBEPH - Rio Olo
Fisgas de Ermelo podem perder a beleza natural

O alerta foi dado pela Lusa, a partir do testemunho científico do docente da UTAD, Rui Cortes. Especialista da área do ambiente afirmou que a «construção de quatro barragens na bacia hidrográfica do Tâmega e de mais três derivações de cursos de água vão alterar completamente a zona envolvente a este rio e até mesmo o Parque Natural do Alvão».

O rio Olo é uma dessas derivações e é ele que alimenta as Fisgas de Ermelo, consideradas como as maiores da Europa. Anualmente são visitadas por milhares de pessoas, nomeadamente por escolas, o que incute nas crianças imagens inapagáveis para toda a vida. 

De acordo com o depoimento daquele especialista, com a construção da Barragem de Gouvães, as Fisgas de Ermelo, situadas no Parque Natural do Alvão, sofrem significativamente na sua beleza multi-secular. Ainda não vimos a Quercus, sempre atenta a estas alterações ambientais, erguer a voz autorizada para que os responsáveis tenham em atenção estas leis naturais.

Está ainda na retina dos portugueses, designadamente dos Transmontanos, a decisão política de alterar o trajecto da A24, gastando por causa disso mais sete milhões de euros. Tudo para salvaguardar uma alcateia de (sete lobos). O palco das operações é o mesmo: o Alvão.

Nessa altura os ambientalistas fizeram-se ouvir e o poder político não teve pejo em poupar os lobos, prejudicando o traçado da via e lesando o orçamento geral do Estado. Houve mais respeito por esses animais selvagens do que pelas pessoas que passam fome. Esse dinheirão abrigava muita gente maronesa e saciava muito estômago vazio. Mas optou-se pela bizarra opção de privilegiar o lobo em detrimento do ser humano.Confrontamo-nos, agora, com um erro maior e mais gritante, correndo o risco de extinguir uma das maiores atracções paisagísticas do Alvão, a mesma montanha que, há meia dúzia de anos, foi palco daquela patética opção política.

O JN deu guarida às preocupações ambientalistas de Rui Cortes e nessa notícia esclarece que o projecto das quatro barragens da «cascata do Tâmega»: Alto Tâmega, Daivões, Padroselos e Gouvães foi adjudicado ao grupo espanhol Iberdola. E abriu concurso público para escolher a empresa que vai efectuar o Estudo de Impacte Ambiental. 

Informa ainda o técnico da UTAD que a barragem de Gouvães que vai ser construída no Rio Torno, derivará da água de dois afluentes: o Olo e a Alvadia. Por esse motivo o caudal que actualmente corre nas figas de Ermelo será reduzido ao mínimo, facto que irá afectar a queda de água que poderá, até, em certas alturas, desaparecer. Ou seja: não está em causa a construção da barragem, mas sim a derivação de água do rio Olo. É por esse motivo que Rui Cortes alerta a EIA (Estudo de Impacte Ambiental). 

Refira-se que as Fisgas de Ermelo têm um desnível que se estende ao longo de 200 metros de extensão, separando as zonas graníticas das xistosas das terras envolventes. 

Esclarece ainda o técnico da UTAD que a construção das quatro barragens vai transformar o Rio Tâmega numa grande albufeira, com cerca de 150 quilómetros, desde a fronteira com a Espanha até Amarante. 

Numa fase posterior será acrescentada uma outra barragem chamada de «Fridão». Perto de Amarante. Mondim de Basto, Ribeira de Pena e uma dezena de aldeias vão ser afectadas com estas alterações ambientais. 

Os Amarantinos contestam a albufeira a situar às portas da cidade. Já as restantes quatro têm o apoio das Câmaras de Chaves, Boticas, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. 

Um ilustre filho de Ermelo teve a gentileza de remeter-nos um recorte do JN, adicionando considerações que julgamos oportunas. Afirma que «as quedas de água do Rio Olo, também chamadas «Quedas do Cabril», ou «As Fisgas de Ermelo» estão sob a mira gulosa de uma empresa espanhola. E essa gula vai arruinar uma das maiores maravilhas telúricas e paisagísticas de Portugal e de toda a Europa, porque o simples facto de diminuir o caudal do rio, extingue a beleza que desde sempre aquele sumptuoso santuário geográfico propiciou a quem o visita. No inverno, em muitos anos, a água, não é muita. E, no verão, o caudal é, por via de regra, diminuto. 

Em vez de se criarem condições para reforçar esse caudal, enriquecendo a paisagem e promovendo o turismo regional, mata-se essa raridade, em proveito da ganância de certos decisores que só não vendem a Lua porque ainda não têm jurisdição sobre ela. Até as águias que por ali ainda cumprem o seu destino, como espécie rara que seria óbvio acautelar e propagar, correm o risco de desaparecer, irremediavelmente. 

Temos visto por esse país fora, postos da luz, árvores velhinhas, cumes rurais transformados em «sítios de interesse público». As cegonhas, por exemplo, têm estatuto diferenciado das águias. Porque será? 

Seja como for há que ter em atenção o interesse paisagístico e a preservação do meio ambiente. Não podem a ganância e a gula de certos políticos hipotecar o pouco de bom que as zonas periféricas herdaram da própria Natureza. 

Há que ter respeito pelas leis naturais e tratar a todos, rurais ou urbanos, pobres e ricos, empresários e obreiros com os mesmos critérios. Que as águias que sobrevoam as Fisgas de Ermelo tenham, pelo menos, os mesmos direitos dos Lobos da Samardã.

Barroso da Fonte (Dr.), in Notícias do Douro

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