Rio Olo (Rio Tâmega)
A Barrela
O rio Olo, um dos últimos rios impolutos de Portugal, recorta o Alvão contando pontes velhas de aldeias de pedra até se precipitar caudaloso nas Fisgas de Ermelo, Mondim de Basto, numa queda de água de beleza rara na Europa. Maravilha tal que locais levaram uma moção à assembleia municipal, propondo a candidatura da mesma a Património Natural.
No entanto, de pouco pode ter valido a aprovação por unanimidade em torno daquilo têm como valor acrescentado. No País West Coast da Europa, o interior é apenas uma enorme fronteira até Espanha como se o risco fosse dessa largura.
O Plano Nacional de Barragens tem projectadas 5 barragens para o Vale do Tâmega, que farão de toda aquela bacia um açude gigante. Pior, uma delas, desviará o rio Olo para alimentar uma outra, de Gouvães, a cargo da Iberdrola. Diria a cargo, porque para lá caminha.
O período de discussão pública que teria um ano, foi, em manobras por detrás da cortina, encurtado em meses. Milagre do Simplex da conveniência em nome de favores maiores, será tudo entregue nas mãos dos concessionários já em Dezembro.
Assim que o betão começar a frenar a garganta, das Fisgas do Ermelo não se verá mais que um fio de água fragas abaixo, e do vale do Tâmega pouco restará dele escavado por um rio. Muito da nossa identidade paisagística e património colectivo completamente alagado. O que era natural dará lugar ao impacte artificial de uma albufeira de falsas promessas, à distância e a bem da alumiação do Portugal filho e no que resta em desgraça ao Portugal enteado.
Vítor Pimenta, in Avenida Central - 10 de Novembro de 2010
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (Cabeceiras de Basto)
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
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