PNBEPH - RIO TÂMEGA
Cidadãos contra barragem no Tâmega vão ser recebidos por Cavaco Silva
O Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega,
que luta contra a construção da barragem de Fridão, em Amarante, vai ser
recebido quarta-feira pelo Presidente da República, anunciou hoje a
organização.
Cavaco Silva visita a 3 de Dezembro o Município do Marco de Canaveses, onde vai inaugurar um parque fluvial no rio Tâmega e as piscinas municipais de Alpendorada e Matos. Será após a sessão de boas-vindas, na qual o Presidente da República receberá a Medalha de Honra e o título de cidadão honorário do Município, que uma delegação do movimento contestatário das barragens no rio Tâmega entregará a Cavaco Silva um exemplar do Manifesto Anti-barragem "Salvar o Tâmega e a vida no Olo". O líder do movimento, Emanuel Queirós, disse à Lusa que o lançamento do manifesto anti-barragem serve "para mobilizar a população para a fase da discussão pública" sobre o projecto da barragem, que deverá ocorrer no segundo semestre de 2009, quando for apreciado o estudo de impacte ambiental, em elaboração. Além do manifesto, o movimento anti-barragem lançou uma petição na internet, que recolheu mais de 1.100 assinaturas em menos de duas semanas. O manifesto é subscrito por cidadãos dos quatro concelhos afectados pela construção do empreendimento – Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Amarante. "As barragens no Tâmega vêm fazer a artificialização do rio, provocam a implosão do vale, a destruição dos ecossistemas, ou seja, a interrupção da vida natural tal como nós a conhecemos", considera o movimento de cidadãos. Insurgindo-se contra "a falta de voz de determinação e reivindicação" dos órgãos da região, o movimento quer fazer ouvir a sua voz junto dos órgãos de Estado. "Não queremos a barragem de Fridão nem aceitamos o transvase das águas do Olo para a ribeira da barragem de Gouvães e exortamos os órgãos de soberania do Estado português a respeitar a cidadania e a vida tal como nós a conhecemos", salienta Emanuel Queirós. Para o líder do movimento anti-barragem, é importante dizer às populações da bacia do Tâmega "que nada está decidido e que o processo de construção da barragem pode ser revertido". O contrato da concessão da barragem de Fridão, no rio Tâmega, a celebrar entre o Estado e a EDP vai ser assinado em Dezembro, assegurou à Lusa, no início de Novembro, o presidente do Instituto da Água (INAG). A atribuição dos contratos de concessão com a EDP – que ganhou o concurso para Fridão, Alvito e Foz Tua – com a Endesa – que ganhou Girabolhos – e com a Iberdrola – que ganhou Gouvães, Padroselos, Alto Tâmega e Daivões – será feita por decreto-lei, precisou Orlando Borges. O Estado vai encaixar 624 milhões de euros com a adjudicação da concessão de oito barragens do Programa Nacional de Barragens à EDP, Iberdrola e Endesa, afirmou à Lusa o presidente do Instituto da Água (INAG). O investimento total nas oito barragens será de cerca de 3.000 milhões de euros e o aumento da produção hídrica, que estava previsto ser de 1.100 megawatts (MW) para as 10 barragens programadas, será “ultrapassado”, afirmou Orlando Borges. O presidente do Instituto da Água confirmou que as barragens de Almourol e Pinhosão não receberam qualquer proposta no concurso lançado pelo Governo, ficando por construir. Orlando Borges afirmou, no entanto, que dadas as “fortíssimas restrições” colocadas à construção das barragens de Almourol e Pinhosão, vê como “positiva” a sua não construção. “Os objectivos que tínhamos com dez barragens [em termos de encaixe financeiro e de produção hídrica], vamos conseguir atingi-los com oito”, afirmou. |
Diário do Minho, in Partilha do Saber - 30 de Novembro de 2008
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