Ermelo[Mondim de Basto] não quer ficar sem rio
As populações do vale do rio Olo estão
preocupadas com o possível transvase parcial deste curso de água para uma
pequena barragem prevista no Programa Nacional de Barragens, referente ao
Aproveitamento Hidroeléctrico de Gouvães da Serra. Se isto se concretizar, as
Fisgas de Ermelo podem correr o risco de ficarem secas, em alturas de pouca
precipitação.
Apesar do Instituto de Conservação Natureza, ICN, ter dado já um parecer negativo sobre o projecto, será o Estudo de Impacto Ambiental, EIA, que em breve deverá ser adjudicado, a tirar as dúvidas sobre este assunto.
Ainda sem certezas, os povos ribeirinhos do rio Olo começam já a fazer sentir as suas vozes de protesto contra o cenário do eventual transvase.
Na última sexta-feira, uma reunião realizada na Casa do Povo de Ermelo, freguesia de Mondim de Basto, constituiu o primeiro sinal de contestação, à eventual construção e o consequente estrangulamento da parte final do rio Olo.
Neste plenário que teve a participação de elementos da Junta de Freguesia, povo local e activistas contra a construção da Barragem de Fridão no rio Tâmega, foi decido elaborar uma petição de defesa para a preservação do rio Olo e contra qualquer tentativa de desvio ou transvase.
Rui Cortes, professor universitário na UTAD, tem vindo a acompanhar este processo. Ao Nosso Jornal referiu que “inicialmente o Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico apontava, de facto, para uma diminuição drástica de caudal da parte final do rio Olo, derivado ao seu desvio para o rio Torno”.
Porém e segundo o mesmo, “tal intenção aparentemente seria alterada posteriormente” contudo, agora, “já não tem tanta certeza que assim seja”.
Recentemente, ouviu dizer que o transvase de três rios (Olo, Vidoedo e Poio) pode, novamente, ser equacionado. “Estou agora na expectativa sobre o que irá contemplar o Estudo de Impacte Ambiental que vamos conhecer brevemente”.
O cenário da derivação do caudal deixou a população de Ermelo muito ansiosa. São pessoas que vivem quase exclusivamente da agricultura, da pecuária e do turismo que tem evoluído devido à beleza paisagística do rio.
“Nestas terras de regadio colhe-se todo o ano, milho, batata, feijão, dependemos do rio Olo para a nossa subsistência”, refere um residente em Ermelo.
A população não aceita que seja feito qualquer transvase, uma vez que isso colocaria em causa a sobrevivência do povo, dadas as centenas de pessoas que dependem dele.
“É o rio que permite a agricultura de subsistência. Sem essa água não é possível as regas e todo o vale do Olo pode “morrer”. Pode estar em perigo a actividade principal da aldeia e pode estar a cometer-se um crime ecológico sem precedentes” disse ao Nosso Jornal, Armindo Henrique, habitante e empresário do ramo hoteleiro em Ermelo.
“Tenho um café restaurante e estou a acabar a hospedaria. Vou ser muito prejudicado. Se isto for em frente será o maior atentado à natureza e às pessoas que sempre aqui viveram e aqui investiram tudo o que tinham”, acrescentou.
Carlos Henrique, Tesoureiro da Junta de Freguesia e habitante de Ermelo, também está apreensivo: “Estamos muito preocupados. Os membros desta Junta já foram à Câmara Municipal de Mondim para saber o que se passa. Ao que sentimos, o próprio Município de Mondim de Basto não tem a informação necessária sobre este Programa. Vivemos no coração do Parque Natural do Alvão e junto deste organismo, também, não conseguimos nenhum esclarecimento. Da reunião com a população saiu uma petição para que sejamos informados sobre o que está previsto fazer para esta região”.
António Gonçalves, pescador, conhece bem o rio Olo. Também ele está preocupado, com todo este cenário. “Tudo pode desaparecer, as Fisgas de Ermelo e as Pias podem ficar secas. O parque de merendas, a ponte romana, e todos aqueles recantos de rara beleza que caracterizam um rio selvagem, poderão também ser afectados. Esta água ainda é verdadeiramente pura. Neste rio existem lontras, trutas selvagens, enguias, escalos, bogas e barbos e toda uma fauna envolvente que vive nas margens”.
Caso seja feita a derivação do caudal do rio Olo que desagua no rio Tâmega na aldeia de Chapa (Amarante) serão afectadas as aldeias de Varzigoto, Barreiro, Assoreiras, Ermelo, Fervença, Ponte de Olo, Mouquim, Tejão, e Candedo.
Está a ser feita uma recolha de assinaturas para levar à Assembleia da República a questão da derivação do caudal do rio Olo.
Armindo Henrique deixou no ar um aviso: “Esperamos que os nossos Governantes reflictam nas nossas reivindicações e saibam que está em causa todo um Património Natural de valor ambiental incalculável. Mas, se tal não acontecer, encetaremos todas as formas de luta. Ermelo só tem 300 residentes, mas somos mais de 3.000, espalhados por toda a Europa, a defender esta causa”.
A Barragem de Gouvães ficará situada no rio Torno (troço de montante do rio Louredo), afluente da margem esquerda do rio Tâmega (bacia hidrográfica do rio Douro), a cerca de 1,8 km da localidade de Gouvães da Serra. A albufeira terá uma pequena capacidade de armazenamento face aos caudais afluentes.
O aproveitamento integrará ainda um sistema de derivação para reforço dos caudais afluentes com origem nas ribeiras de Poio, Olo e Viduedo, constituído por três pequenas barragens e respectivos túneis de derivação, com um comprimento total de 15.5 Km.
A contribuição destas derivações para o escoamento afluente é de cerca de 69 por cento do escoamento total. Fazendo parte deste circuito as derivações do rio Olo com cerca de 7.8 Km.
Apesar do Instituto de Conservação Natureza, ICN, ter dado já um parecer negativo sobre o projecto, será o Estudo de Impacto Ambiental, EIA, que em breve deverá ser adjudicado, a tirar as dúvidas sobre este assunto.
Ainda sem certezas, os povos ribeirinhos do rio Olo começam já a fazer sentir as suas vozes de protesto contra o cenário do eventual transvase.
Na última sexta-feira, uma reunião realizada na Casa do Povo de Ermelo, freguesia de Mondim de Basto, constituiu o primeiro sinal de contestação, à eventual construção e o consequente estrangulamento da parte final do rio Olo.
Neste plenário que teve a participação de elementos da Junta de Freguesia, povo local e activistas contra a construção da Barragem de Fridão no rio Tâmega, foi decido elaborar uma petição de defesa para a preservação do rio Olo e contra qualquer tentativa de desvio ou transvase.
Rui Cortes, professor universitário na UTAD, tem vindo a acompanhar este processo. Ao Nosso Jornal referiu que “inicialmente o Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico apontava, de facto, para uma diminuição drástica de caudal da parte final do rio Olo, derivado ao seu desvio para o rio Torno”.
Porém e segundo o mesmo, “tal intenção aparentemente seria alterada posteriormente” contudo, agora, “já não tem tanta certeza que assim seja”.
Recentemente, ouviu dizer que o transvase de três rios (Olo, Vidoedo e Poio) pode, novamente, ser equacionado. “Estou agora na expectativa sobre o que irá contemplar o Estudo de Impacte Ambiental que vamos conhecer brevemente”.
O cenário da derivação do caudal deixou a população de Ermelo muito ansiosa. São pessoas que vivem quase exclusivamente da agricultura, da pecuária e do turismo que tem evoluído devido à beleza paisagística do rio.
“Nestas terras de regadio colhe-se todo o ano, milho, batata, feijão, dependemos do rio Olo para a nossa subsistência”, refere um residente em Ermelo.
A população não aceita que seja feito qualquer transvase, uma vez que isso colocaria em causa a sobrevivência do povo, dadas as centenas de pessoas que dependem dele.
“É o rio que permite a agricultura de subsistência. Sem essa água não é possível as regas e todo o vale do Olo pode “morrer”. Pode estar em perigo a actividade principal da aldeia e pode estar a cometer-se um crime ecológico sem precedentes” disse ao Nosso Jornal, Armindo Henrique, habitante e empresário do ramo hoteleiro em Ermelo.
“Tenho um café restaurante e estou a acabar a hospedaria. Vou ser muito prejudicado. Se isto for em frente será o maior atentado à natureza e às pessoas que sempre aqui viveram e aqui investiram tudo o que tinham”, acrescentou.
Carlos Henrique, Tesoureiro da Junta de Freguesia e habitante de Ermelo, também está apreensivo: “Estamos muito preocupados. Os membros desta Junta já foram à Câmara Municipal de Mondim para saber o que se passa. Ao que sentimos, o próprio Município de Mondim de Basto não tem a informação necessária sobre este Programa. Vivemos no coração do Parque Natural do Alvão e junto deste organismo, também, não conseguimos nenhum esclarecimento. Da reunião com a população saiu uma petição para que sejamos informados sobre o que está previsto fazer para esta região”.
António Gonçalves, pescador, conhece bem o rio Olo. Também ele está preocupado, com todo este cenário. “Tudo pode desaparecer, as Fisgas de Ermelo e as Pias podem ficar secas. O parque de merendas, a ponte romana, e todos aqueles recantos de rara beleza que caracterizam um rio selvagem, poderão também ser afectados. Esta água ainda é verdadeiramente pura. Neste rio existem lontras, trutas selvagens, enguias, escalos, bogas e barbos e toda uma fauna envolvente que vive nas margens”.
Caso seja feita a derivação do caudal do rio Olo que desagua no rio Tâmega na aldeia de Chapa (Amarante) serão afectadas as aldeias de Varzigoto, Barreiro, Assoreiras, Ermelo, Fervença, Ponte de Olo, Mouquim, Tejão, e Candedo.
Está a ser feita uma recolha de assinaturas para levar à Assembleia da República a questão da derivação do caudal do rio Olo.
Armindo Henrique deixou no ar um aviso: “Esperamos que os nossos Governantes reflictam nas nossas reivindicações e saibam que está em causa todo um Património Natural de valor ambiental incalculável. Mas, se tal não acontecer, encetaremos todas as formas de luta. Ermelo só tem 300 residentes, mas somos mais de 3.000, espalhados por toda a Europa, a defender esta causa”.
A Barragem de Gouvães ficará situada no rio Torno (troço de montante do rio Louredo), afluente da margem esquerda do rio Tâmega (bacia hidrográfica do rio Douro), a cerca de 1,8 km da localidade de Gouvães da Serra. A albufeira terá uma pequena capacidade de armazenamento face aos caudais afluentes.
O aproveitamento integrará ainda um sistema de derivação para reforço dos caudais afluentes com origem nas ribeiras de Poio, Olo e Viduedo, constituído por três pequenas barragens e respectivos túneis de derivação, com um comprimento total de 15.5 Km.
A contribuição destas derivações para o escoamento afluente é de cerca de 69 por cento do escoamento total. Fazendo parte deste circuito as derivações do rio Olo com cerca de 7.8 Km.
José Manuel Cardoso, in A Voz de Trás-os-Montes - 13 de Novembro de 2008
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