PNBEPH - Com Amarante e o Tâmega debaixo do cutelo
Albufeira de Fridão cobrirá 108 edifícios
Futura barragem no rio Tâmega começará a operar em 2017.
A albufeira da futura barragem de Fridão vai inundar 817 hectares de terrenos em cinco concelhos. A água cobrirá 108 casas e anexos, instalações de duas empresas, nove praias fluviais e o parque de campismo de Mondim de Basto.
A construção da infra-estrutura no rio Tâmega, 4,7 quilómetros a montante da confluência com o rio Olo, deixará submersos 56 habitações e 52 edifícios anexos, apoios agrícolas e de armazenamento, uma serração, o parque e o armazém de uma empresa de transportes rodoviários e 45 locais de valor patrimonial, incluindo a ponte de Cavez (classificada como monumento nacional), a ponte romana de Vilar de Viando e a antiga ponte sobre o rio Cavez (ambas as travessias são imóveis de interesse público).
A pista de motocross do Motor Clube de Basto, a pista de canoagem de Fridão, uma zona concessionada para a pesca desportiva em Mondim de Basto e alguns troços da rede viária local desaparecerão com a subida da água, obrigando à execução de 8,7 quilómetros de novos acessos e restabelecimentos. A albufeira terá 33 quilómetros de extensão, afectando, sobretudo, Mondim de Basto (a área de inundação é superior neste concelho) e Amarante. Ribeira de Pena, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto são os outros municípios afectados.
O estudo de impacto ambiental, elaborado pela EDP e pela Agri-Pro Ambiente com base no anteprojecto já concluído, indica que 71,5% da área inundável pela albufeira corresponde a solo florestal, onde predominam pinheiros e eucaliptos. Só 6% dos solos têm maior valor agrícola. A EDP, que construirá, ainda, as barragens de Alvito e da Foz do Tua, investirá 255 milhões de euros no aproveitamento hidroeléctrico de Fridão. O complexo fica a cerca de três quilómetros da cidade de Amarante e tem suscitado contestação política e popular.
O anteprojecto, em fase de avaliação de impacto ambiental (encontra-se em consulta pública até Fevereiro do próximo ano), contempla a execução de duas barragens e de uma central produtora de electricidade. Anualmente, terá capacidade para produzir, em média, 295 gigawatts por hora.
A principal barragem - designada barragem de Fridão - terá 97 metros de altura e 300 metros de largura. A quatro quilómetros, nascerá uma segunda barragem de menor dimensão. A "barragem de jusante" alcançará a altura de 30 metros e estende-se numa largura de 135 metros. O início da construção acontecerá em 2012 e o prazo da intervenção é de cinco anos. "No pico da obra, em 2014", estima-se que serão criados 1000 empregos directos.
Com o arranque da exploração nos primeiros meses de 2017, "passarão a existir mais duas novas estradas de atravessamento do rio Tâmega através das duas barragens", pode ler-se no resumo não técnico do estudo de impacto ambiental, a que o JN teve acesso. A travessia da barragem principal aproximará a EN210 da EN312, ligando Codeçoso e Fridão.
Na futura albufeira, nomeadamente em Veade e em Cabril, o estudo aponta para a instalação de áreas recreativas para a população, como novas praias fluviais e cais acostável para barcos. "A existência da albufeira poderá potenciar a atractividade de alguns espaços, criando condições para o desenvolvimento da actividade turística e de lazer", indica-se no documento. A pista de canoagem de Fridão mudará de local e será parte da recuperação da Ilha dos Amores (Amarante), que está em rápido processo de degradação.
Carla Sofia Luz, in Jornal de Notícias - 25 de Dezembro de 2009
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