ONZE ANOS DEPOIS DO MANIFESTO «SALVAR O TÂMEGA E A VIDA NO OLO»
Passam hoje (25 de Outubro) onze anos sobre a iniciativa com que na região demos sentido à defesa do Tâmega enquanto rio e bacia no seu estado natural.
Nunca dantes, no Tâmega, uma posição pública assumida por cidadãos livres tanto se fez ecoar em toda a extensão do vale, nas ruas, em debates públicos e nas instituições representativas, em oposição à barbaridade anunciada para a bacia do rio, com a demoníaca patranha do Programa Nacional de Barragens.
Acompanhámos a
tramóia desde quando se fez pública em 2007, percebemos como se manipulam as técnicas de planeamento para criar a ilusão óptica da necessidade e a estridência do ruído,
e ficámos mais perto de saber o que desde o início vinha a ser escondido desde a capital: a cascata de erros e
de ilegalidades dos
decisores que, em curso transitório pelos governos, vergam à sua
vontade a Administração Pública.
E como, por comando remoto, se obtém a obediência e a subalternidade cega de
cabos-de-esquadra de plantão, enquanto as comunidades humanas, as regiões e o território ficam
reféns de interesses que aparentam ser de todos e são apenas de alguns predadores que sugam o país.
Na acção que demos ao
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento do Tâmega, do Baixo ao Alto, de
Amarante a Chaves, ficamos com prova da ausência de liderança regional e do
desconforto de frouxas representatividades concelhias numa problemática de sumo
interesse para as populações presentes e futuras, que os dignitários locais não
abrangeram, preferiram afrontar, nalguns casos concretos ou quiseram ficar
prisioneiros de daninhas alvíssaras eléctricas e danosos chocalhos de natureza semelhante
aos que animam suas romarias e tangem seus obedientes rebanhos.
As posições por nós assumidas no Movimento há mais de uma década permanecem actuais. São testemunhos dos tempos fúteis e do vampirismo corsário que presentemente assassina o Tâmega no seu leito de Vida, fertilizando a veiga em Vidago, rumorejando nos caminhos de Ribeira de Pena, elevando a monumentalidade das pontes em Basto, adoçando o altar a Senhora da Graça, dando sentido seguro à paisagem em Amarante.
As convicções públicas e publicadas do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (MCDT) assentam no ideário de uma região para o seu povo em equilíbrio com a natureza em percurso irrecusável de desenvolvimento por um mundo melhor em cada um dos concelhos que colhem nossos endereços e oferecem o chão à nossa existência.
As posições por nós assumidas no Movimento há mais de uma década permanecem actuais. São testemunhos dos tempos fúteis e do vampirismo corsário que presentemente assassina o Tâmega no seu leito de Vida, fertilizando a veiga em Vidago, rumorejando nos caminhos de Ribeira de Pena, elevando a monumentalidade das pontes em Basto, adoçando o altar a Senhora da Graça, dando sentido seguro à paisagem em Amarante.
As convicções públicas e publicadas do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (MCDT) assentam no ideário de uma região para o seu povo em equilíbrio com a natureza em percurso irrecusável de desenvolvimento por um mundo melhor em cada um dos concelhos que colhem nossos endereços e oferecem o chão à nossa existência.
Cada vez mais actual, a
iniciativa talhada pela consciência cidadã permanecerá em cada um como exemplo
do caminho a seguir quanto ao que os cidadãos são capazes quando desapossados
dos jugos que os concelhos e a região carregam sob o manto da democracia e da
liberdade no Estado.
SALVAR O TÂMEGA!, continua a ser uma urgência, na integridade do território e
do desenvolvimento das nossas populações, tão retardado quanto a reabertura da
Linha do comboio, vencidos pela vilania que
projecta na região um cenário garimpeiro, destruindo tudo quanto de melhor a
Natureza e o homem construíram, satisfazendo apetites de uma desusada rapina civilizacional.
Quando
se ouviam louvores oficiais aos miríficos cenários feéricos de iates sulcando
caldos químicos e tóxicos represados em Fridão, confrontamos os argumentos
falaciosos dos Ministros do Ambiente Francisco Nunes Correia e
Dulce Pássaro, arregimentados
pelas eléctricas na sua bondade decisória de betonar o leito do rio barrando Tâmega em
Fridão (Amarante), em duas grandes represas, fazendo morrer apodrecidas as
águas que correm por debaixo dos arcos da vetusta ponte de Mondim de Basto, no
manto artificial da albufeira 10
metros acima da plataforma da Ponte.
Nesse tempo, onde
estiveram os poderes representativos dos nossos concelhos e a quem quiseram
ficar associados, câmaras e assembleias municipais, reivindicando celeridade na
decisão governamental da construção dos dois escalões de Fridão?
Descompromisso com o
interesse público local, com os olhos postos no saco dos euros, foi o que o
Tâmega mais lavou no seu leito, onde os efluentes autárquicos tamecanos
registados em pactos secretos subscritos nas costas das populações também
passaram sob os arcos da velha ponte de Amarante.
Quem acredita, em
Portugal ou no mundo - mesmo perante a agressividade do marketing usando o
compadecimento de deficientes e velhinhos, vergando o aparelho da Administração com subsídios, comprando a
informação em concertos ou dando música com barragens - que, vender todo este património natural e civilizacional
às eléctricas chinesa e espanhola a troco da sua literal destruição, possa ser bom para alguém?
Na partilha de
objectivos comuns, o «Movimento» é a própria vontade colectiva de um povo sensível aos apelos da
Terra e ao valor da Água para a vida, querendo o Tâmega como sempre foi, rio no
seu leito, pleno de vida.
O Tâmega deu-nos o propósito do encontro e espera ter-nos do seu lado, enquanto consciências e seus parceiros, aguardando continuidade na acção que o resgate da saga que lhe destrói seu úbere e nos dilacera a alma.
Para o Tâmega as
esperanças só poderão renovar-se na acção consciente e inabalável dos
cidadãos. É connosco que ele conta e esse é o desafio colectivo presente mais
elevado para a região em que as circunstâncias da vida e os tempos de
atribulação que passam nos colocaram.
Mondim de Basto, 25 de Outubro de 2019
José Emanuel Queirós - 25 de Outubro de 2019
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