DOURO - BARRAGENS
Iberdrola já tem 20 barragens no Douro e quer comprar mais seis à EDP
No Douro Internacional, a barragem de Aldeadávila (Salamanca) é operada pela Iberdrola. FOTO: Iberdrola
Segunda maior elétrica da Europa está na corrida aos ativos que a EDP está a vender. Mexia quer o negócio concluído em breve.
A espanhola Iberdrola está na short list de cinco finalistas à compra dos ativos hidroelétricos que o Grupo EDP tem neste momento à venda em Portugal, um negócio que o CEO António Mexia espera ver concluído em breve. A confirmação chega pela voz de Carla Costa, diretora comercial da Iberdrola Portugal, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
“Há uma intenção e apresentámos uma proposta. Se for um bom negócio, de certeza absoluta que a Iberdrola não perde um bom negócio. Mas temos outros concorrentes”, disse a responsável, sublinhando a postura discreta que a empresa tem mantido: “Somos conservadores. Não gostamos de vender a pele do leão antes de caçar. Não entramos em loucuras. Quando ganhamos, ganhamos”.
Com 20 barragens só na bacia do Douro em território espanhol (em toda a Espanha a segunda maior elétrica europeia tem hoje 74 barragens, com uma capacidade total de 9716 MW), a Iberdrola está agora de olho nas seis barragens que a EDP está disposta a vender, todas elas na bacia do Douro do lado português. Um lote de ativos que, de acordo com fontes já citadas pelo Expresso inclui as barragens da Bemposta, Picote, Miranda, Feiticeiro, Baixo Sabor e Foz-Tua, num total de 1706 MW de potência hidroelétrica. O foco, garante, está no facto de ser energia verde. Se estivessem a vender “uma central a carvão, a Iberdrola não comprava nem a preço de saldo”, garantiu.
“Com este processo [de compra de ativos à EDP], não se trata de construir nada”, como a Iberdrola está a fazer no norte de Portugal, no rio Tâmega, onde vai nascer até 2023 um sistema eletroprodutor com três novas barragens (cerca de 1200MW), num investimento de 1500 milhões de euros.
Recentemente, a Iberdrola foi também a grande vencedora dos primeiros leilões de energia solar realizados em Portugal, arrematando um total de sete lotes e 149 MW, que se transformarão em centrais solares, à semelhança daquelas que a empresa já opera em Espanha e noutros 32 países. “É uma empresa 60% internacional que está a apostar imenso em Portugal, onde tem planos a longo prazo”.
Do lado da EDP, a confirmação de que a Iberdrola é uma das candidatas à compra das barragens da EDP também chegou esta semana, por parte de Berto Martins, diretor de Mercados da área de Trading da EDP, durante uma conferência da APREN. O responsável confirmou ao Dinheiro Vivo que “neste momento a EDP tem um conjunto de cinco potenciais compradores, onde está incluída a Iberdrola. Tivemos já reuniões com a Engie, com a Verbund, com a Statkraft e com um fundo. Há vários interessados no portfólio e há valor nestes ativos”.
Berto Martins frisou, no entanto, as dificuldades da EDP com as barragens no rio Douro, por causa da gestão dos caudais feita pela Iberdrola do lado espanhol, “à revelia de quem está do outro lado da fronteira”. Quem ficar com as barragens, garante, terá “as mesmas dificuldades, mas é ultrapassável”.
Se fosse a Iberdrola a comprar “teria vantagem. Nós não conseguimos ter informação prévia. Temos de gerir com base na incerteza. O processo de venda está em curso. A EDP está a avaliar as diferentes propostas. Até ao final do ano, princípio de 2020, haverá novidades sobre a venda das barragens”, garante o responsável da EDP.
Bárbara Silva, in Dinheiro Vivo - 12 de Outubro de 2019
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