terça-feira, 13 de junho de 2017

TÂMEGA - GEOMORFOLOGIA: UM EPISÓDIO SISMOLÓGICO E DUAS GRANDES LIÇÕES NO TÂMEGA

TÂMEGA - GEOMORFOLOGIA
UM EPISÓDIO SISMOLÓGICO E DUAS GRANDES LIÇÕES NO TÂMEGA

Em oposição aos sofismas dos que se afiambram ao volátil saco dos euros da EDP e da Iberdrola em troca de todo o património ambiental que o Tâmega oferece a cada comunidade ribeirinha, único no mundo, desde a fronteira com Espanha até ao Douro, no passado dia 6 de Junho (terça-feira), pelas 17:03 horas, a natureza encarregou-se de nos prestar um sinal estrondoso da instabilidade estrutural dos territórios percorridos pelo rio.

O sismo com epicentro em Amarante fez-se sentir em todo o noroeste do país e não deixou ninguém indiferente a uma fenomenologia que as populações locais tinham por improvável na região, não por falta de aviso de quem está ciente da problemática sismo-tectónica regional, mas porque dificilmente o senso-comum consegue estabelecer conexão do sismo com a sua origem no vale estrutural evoluído de uma falha geológica percorrida pelo rio Tâmega.

O ano de 2017 tem sido pródigo em grandes acontecimentos que têm origem na imprevidência com que as pessoas usam a natureza e abusam do planeta em que todos nos acolhemos, mas, com o conhecimento acessível e que tem vindo a ser difundido, não há razão para que a branda ocorrência sismológica actual, de magnitude 3.8 e grau IV na escala (alterada) de Mercalli, embora não fosse possível prever no dia, na data e na hora, é característica de tectónicas similares à que constitui a marca do subsolo da região em apreço.

Se dúvidas existiam quanto à dinâmica da cisão estrutural dos territórios do Tâmega, este tremulante evento, sem resultar de algum factor indutivo a assinalar, sem pesos nem cargas excessivas, vem dar prova da actividade da falha e da relevante falta de consolidação e de acomodação dos territórios adjacentes.

A grande curiosidade que este abalo trouxe, de que não há memória semelhante nem em registo, foi o episódio que constou de 11 réplicas que se seguiram após o sismo principal, 8 ocorridas ainda no mesmo dia (06/06), 3 registadas no dia 7 de Junho e uma três dias após o primeiro, a 9 de Junho.

Para memória futura, ganha particular relevância o facto de 3 abalos secundários terem o seu epicentro nas imediações do local onde a EDP projecta construir a maior barragem do escalão de Fridão: o primeiro de magnitude 1.5 (19:40), o segundo de grau 1 (21:19) e o terceiro de magnitude 0.9 (21:37) na escala de Richter.

Depois do impacto local e regional que o primeiro abalo teve nos edifícios nos seus recheios e nas pessoas não há mais quem possa afirmar com propriedade que não estamos numa região susceptível a este tipo de ocorrências provindas da natureza do nosso chão do qual o vale, o Marão, o Alvão e a Senhora da Graça evoluíram com grandes incisões regionais feitas nos solos graníticos e nos xistos.

Os silêncios que se perscrutam dos responsáveis são cúmplices e é frouxa a representatividade que se compromete em subscrever protocolos secretos com a EDP, fazendo por ignorar a íntegra realidade regional do Tâmega e a subordinação estratégica a que permitem que Amarante fique sujeita com os factores de instabilidade do vale agravados no peso do betão de 4 grandes barragens a montante (mais uma a jusante) e suas descomunais represas em que o Tâmega inevitavelmente poderá afogar!... 

José Emanuel Queirós - 13 de Junho de 2017
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega 

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