terça-feira, 20 de junho de 2017

PERIGOS DE FOGOS E BARRAGENS NA HORA DA VERDADE - José Emanuel Queirós

PERIGOS DE FOGOS E BARRAGENS NA HORA DA VERDADE
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Com a retracção do Estado em áreas estratégicas fundamentais como é a agricultura e as florestas, associada à insana onda de privatizações de recursos naturais dos «nossos» rios nos seus estados naturais e nos seus equilíbrios dinâmicos, são favorecidas condições mobilizadoras do abandono do interior pelas populações em idade activa, quer pelo impedimento objectivo de usos múltiplos de vastos e insubstituíveis espaços do território quer pelas condições de insegurança que os novos contextos são portadores, e assim temos gerado o rastilho a que inocentes populações ficam expostas sem protecção a perigos descomunais imperceptíveis nas rotinas comuns.

O modelo de negócio adoptado para o país facturar milhões com patrimónios colectivos associados ao meio ambiente, geradores de usos intensivos do território e exploração massificada dos seus constituintes naturais, caso dos solos florestais aos quais, por circunstâncias equivalentes, se associam as famigeradas barragens no Tâmega, com o tempo trazem perdas naturais irreversíveis, desusos, afastamentos, êxodos, esquecimentos, criam monótonas paisagens humanizadas e, pelas proporções absurdas que tomam nos modos e no seu sobredimensionamento perante o homem, tornam-se ameaças artificiais desmesuradas e perigos colectivos exorbitantes sem antídoto humano compatível na hora da verdade!...

O momento dos combates ocorre sempre a posteriori, emergenciais, esgotantes, dramáticos e de proporções normalmente imprevisíveis, propensos aos tendenciais ruídos externos oriundos do anquilosado estado de observação ancorado no exercício cultural da culpa alheia, sem recuos nem remedeios, fonte propícia do alheamento popular aos perigos e à sua previsão.

As ameaças existem, são diversificadas e estão disseminadas como pólvora por todo o território, no país, nas regiões, nos concelhos e nas freguesias, mas se as populações não as vêem nem as saberão reconhecer, muito menos são capazes de se defender delas ou contribuir para a mitigação dos seus efeitos em circunstâncias adversas. Contudo, em toda a cadeia de circunstâncias que historicamente favorecem e antecedem a convergência de factores que são necessários ao despertar de ocorrências catastróficas, há alguém previamente avisado em instâncias de decisão que, a priori, saiba determinar como as evitar?...

José Emanuel Queirós - 20 de Junho de 2017
Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega 

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