«Se o óbvio não interessa aos seus olhos
Porque parece o óbvio variar segundo os olhos
Que venham hostes de quem menos cego
Tenta provar o que não precisa de adeptos
Para ser verdade.
Mas as multidões não se medem em números
Medem-se em conveniência
E se já afogados estamos em mentiras
Porque não afogar-nos também em águas pútridas?
Talvez a inundação turva melhor reflicta
O que nas mentes de outras multidões revira.
Eu não sei, não vejo com olhos de contas
Nem sequer com olhos políticos,
Talvez por ignorância não se me infiltrem
As verdadeiras razões pela razão dentro.
Não é talvez a verdade o centro de qualquer disputa
E as mentiras têm valor relativo
Assim como a vida tem valor relativo
E rios e beleza têm valores relativos.
Relativamente à inutilidade de protesto pela verdade
Não tenho muitas dúvidas
Nem a considero relativa.
Destruam, inundem e matem
Mas que é óbvio que o fazem
Não tentem contestar.
Não precisam de o fazer de qualquer forma.
Quem contesta e fala e protesta
Não tem que o fazer mas fá-lo
Porque acredita,
Até que finalmente lhes mostram
Que há outras evidências mais relevantes
Que as evidências óbvias claras manifestas.»
Ana Paula Sardoeira - Dezembro de 2008
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