TÂMEGA - BARRAGEM DO ALTO TÂMEGA
Iberdrola
rescinde com consórcio e abre concurso
para barragem no Tâmega
Conflito
com a Mota-Engil tem mantido as obras paradas na barragem do Alto Tâmega, uma
das três que vão ser erguidas pela Iberdrola.
A Iberdrola espera escolher o novo empreiteiro até Março do próximo ano PAULO PIMENTA
A Iberdrola disse hoje que abriu concurso para a
conclusão da central e barragem do Alto Tâmega, após rescisão com o consórcio
liderado pela Mota-Engil, um processo que deverá estar concluído durante o
primeiro trimestre de 2020.
“O contrato
com o empreiteiro principal civil - Mota-Engil, Acciona e Edivisa - foi
rescindido, mas as obras estão activas”, afirmou à agência Lusa David Rivera,
director de projecto do Sistema Electroprodutor do Tâmega (SET), que inclui a
construção das barragens do Alto Tâmega, Daivões e Gouvães.
O
responsável, que falava no final de uma reunião da comissão de acompanhamento
do SET, fez um ponto de situação sobre a barragem do Alto Tâmega e referiu que
as obras “estão activas” e que, neste momento, decorrem trabalhos de “limpeza e
remoção do material que caiu na derrocada”, que ocorreu no local.
As primeiras
notícias sobre a paragem nas obras na barragem do Alto Tâmega foram divulgadas pela
imprensa em Junho e apontavam para a existência de “um problema
geotécnico” e uma “suspensão temporária” dos trabalhos.
Hoje, David Rivera
disse que a suspensão dos “trabalhos teve origem na detecção de um movimento da
encosta direita acima da futura central hidroelétrica”.
Como medida de
precaução, a Iberdrola, segundo o director de projecto, resolveu suspender a
obra e “fez todos os trabalhos de monitorização e de estudo do que estava lá a
acontecer”.
“Perante esta
situação foram feitos todos os ajustes precisos no projecto, mas essencialmente
o projecto não vai sofrer alterações. Haverá alguma alteração que já foi
submetida às autoridades e que será avaliada por eles e aprovada”, salientou.
David Rivera
sublinhou que a eléctrica espanhola quer “cumprir os prazos que tem
comprometidos com o Estado português” e, perante esta situação, considerou que
a “maneira mais rápida de acabar o aproveitamento” era a rescisão. O prazo para
a conclusão da obra é Junho de 2023.
“Perante o
desentendimento que já tínhamos previamente com o empreiteiro, consideramos que
o mais rápido é rescindir o contrato e já começamos o processo de licitação
para continuar os trabalhos”, salientou.
David Rivera adiantou que o concurso para a
construção da barragem e da central “já está lançado” e disse que a escolha do
“novo empreiteiro” deverá estar concluída até ao final do primeiro trimestre de
2020.
O jornal Público de
hoje refere que este conflito
já chegou a tribunal, com o consórcio que é composto pela
Mota-Engil, Acciona e Edivisa a interpor uma providência cautelar contra a
Iberdrola.
David Rivera referiu
que a empresa já foi notificada e está “a avaliar”. “É uma queixa
jurídica e tem que ser estudada com pormenor”, sustentou.
A agência Lusa
tentou obter esclarecimentos junto da empresa Mota–Engil que disse não comentar
o assunto.
Em Parada de
Monteiros, a aldeia de Vila Pouca de Aguiar que fica mais próxima do local onde
está a ser construído o paredão da barragem, praticamente não se detecta
movimento relacionado com o empreendimento.
“Agora não, como
está nesta fase que parou, tem sido muito pouco”, afirmou Filipe Dias,
habitante desta localidade.
Junto à aldeia foi
construída uma estrada de acesso ao empreendimento para desviar o trânsito do
centro da localidade. Numa primeira fase, ainda se viam trabalhadores por ali,
mas depois da construção das cantinas na zona de obra, o movimento diminuiu e,
agora, é praticamente nulo.
“Acho que esta
paragem é apenas um percalço, porque da maneira como a obra já está tem que
andar para a frente, seja de que maneira for”, referiu Filipe Dias.
O Sistema
Electroprodutor do Tâmega é um dos maiores projectos hidroelétricos na Europa,
nos últimos 25 anos, contemplando a construção de três barragens (Daivões,
Gouvães e Alto Tâmega) e um investimento de 1.500 milhões de euros.
O complexo contará
com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção
anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.
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