IBERDROLA - TÂMEGA
Barragens do Tâmega vão afetar 52 habitações, 43 são em Ribeira de Pena
Foto: Rui Manuel Ferreira / Global Imagens
A barragem de Daivões afeta 43 casas, todas elas no concelho de Ribeira de Pena, enquanto as restantes nove habitações ficam situadas em Boticas, Chaves e Vila Pouca de Aguiar e vão ser atingidas pela albufeira de Alto Tâmega.
Os dois aproveitamentos hidroelétricos estão inseridos no Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), que inclui ainda a barragem de Gouvães.
Segundo a Iberdrola, no momento em que se realizaram os primeiros contactos com os moradores, em 2017, 23 do total das 52 habitações correspondiam a ocupação permanente e as restantes 29 tinham ocupação ocasional, essencialmente segundas habitações.
Neste momento, as atenções estão centradas em Ribeira de Pena porque a albufeira de Daivões deve começar a encher em junho de 2020 e ainda não está concluído o processo de realojamento de algumas das famílias afetadas.
Há também processos em tribunal porque moradores não concordaram com a indemnização proposta pela empresa.
Entre os oito casos de moradores ainda a residir nas suas habitações, seis vão ocupar as habitações provisórias facultadas pela Iberdrola. Os restantes dois já possuem outra habitação alternativa.
O presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha, tem alertado para "o problema dos moradores desalojados" que considerou que "não foi encarado como uma prioridade".
Entretanto, realizaram-se várias reuniões entre o município, Iberdrola, Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Após a última reunião, a 29 de novembro, João Noronha informou que a Iberdrola vai pagar mais 1,4 milhões de euros de indemnização às famílias afetadas pela construção da barragem de Daivões.
Trata-se, segundo o autarca, de "uma compensação adicional ao valor que as pessoas já receberam da empresa", já que, na sua opinião, "as indemnizações são "manifestamente insuficientes" para a "construção de uma nova casa".
Quanto às seis famílias que ainda não dispõem de moradia alternativa, João Noronha disse que a solução proposta pela empresa, "em contentores, não é digna" e adiantou que estão a ser procuradas alternativas.
Também a Iberdrola, que garantiu que as habitações provisórias são "devidamente certificadas", referiu que, em todo o caso, "está a estudar outras alternativas que possam ajustar-se melhor às especificidades de cada um destes moradores".
Nesta segunda-feira realiza-se uma nova reunião, no Porto, e o autarca de Ribeira de Pena disse à Lusa que espera que "sejam validados os valores", ainda que fique fechada a questão da urbanização dos terrenos que o município quer disponibilizar "a um preço simbólico de 10 cêntimos" para as 14 famílias que já demonstraram vontade de ali construir casa.
in Jornal de Notícias - 8 de Dezembro de 2019
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