quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES: “Dinheiro algum pagará tristeza de perder a casa”: Casal lamenta proposta para mudar de habitação






IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES

“Dinheiro algum pagará tristeza de perder a casa”: Casal lamenta proposta para mudar de habitação

Construção de barragens afeta 52 casas e há famílias que rejeitam um acordo.
Casal lamenta proposta para mudar de habitação   
FOTO: Manuel Encarnação

"Entre ir morar para os contentores ou ir para a casa que arranjaram lá perto da Cruz, não sei o que é pior. Eu com quase 70 anos e o meu marido já com 80 não temos idade nem saúde para estarmos num sítio tão longe da vila e onde não passam transportes públicos".

O lamento é de Glória Gonçalves, que luta pelos seus direitos após ser obrigada a deixar a casa onde vive há mais de 40 anos, em Ribeira de Baixo, Ribeira de Pena. A construção das barragens de Daivões, do Alto Tâmega e de Gouvães, a cargo da Iberdrola, afeta 52 casas. Alguns moradores chegaram a acordo, mas ainda há quem resista ao valor das indemnizações e às soluções indicadas para quem não desiste.


"Fiquei muito feliz quando soube que já não ia para os contentores. Sempre disse que preferia morrer a ir para aquele sítio. Agora, dizem que me arranjam uma casa lá para o alto. Não vou para lá. Se precisar de ir à vila, tenho de alugar um táxi e a viagem não custa menos do que 20 euros. Não temos como suportar a despesa. Já basta esta tristeza e andarem connosco aos pontapés", conta ao Correio da Manhã, em lágrimas.

O casal vai contando os últimos dias na casa construída com o sacrifício de uma vida. "Não vou ter uma cebola, uma batata, os meus feijões ou os meus frangos. Terei de comprar tudo. Dinheiro algum pagará este desgosto de perder a casa", conclui, mexendo a panela com o almoço: arroz de feijão com produtos da sua horta.

Já foi acordado um novo valor de indemnização, ainda não comunicado aos moradores. Por cada metro quadrado serão atribuídos 950 euros. No caso de Glória Gonçalves e o marido, serão 64 600 mil euros.


Patrícia Moura Pinto, in Correio da Manhã - 11 de Dezembro de 2019

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