IBERDROLA - BARRAGEM DE DAIVÕES
Moradores começam a ver "luz ao fundo do túnel"
Depois da incerteza e angústia, alguns moradores afetados pela barragem de Daivões, em Ribeira de Pena, começam “a ver luz ao fundo do túnel” e até ganharam ânimo para celebrar o Natal nas casas que têm de abandonar.
“São boas notícias. É um bom presente de Natal ou de Reis, não estava à espera”, afirmou Teresa Leite, 56 anos, que ainda se mantém na sua casa no lugar de Ribeira de Baixo.
A Iberdrola já assumiu o pagamento de um adicional de 1,4 milhões de euros, a distribuir pelas famílias afetadas pelo enchimento da albufeira barragem de Daivões, afeto ao Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET).
Entretanto, o presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha, adiantou também que se procuram alternativas “dignas” às habitações provisórias propostas pela elétrica espanhola para acolher os moradores que ainda não têm solução para o realojamento.
Teresa Leite viveu toda a sua vida em Ribeira de Baixo, junto ao rio Tâmega, de onde agora tem de sair por causa do enchimento da albufeira da barragem de Daivões.
Por não aceitar o valor proposto pela Iberdrola foi para tribunal e, entretanto, sem alternativa de realojamento, viu-lhe ser atribuído um dos contentores instalados pela Iberdrola no largo da feira, na vila de Ribeira de Pena.
“Continuo na incerteza porque não sei para onde vou, mas o senhor presidente não nos vai deixar na rua (…). Queremos casa com melhores condições do que os contentores”, salientou.
Para além da casa, Teresa disse que quer ter “saúde e mais alegria”. “Porque tenho tido anos de tristeza, sofrimento. (..) Agora, finalmente, começo a ver uma luz no fundo do túnel”, afirmou.
Esta família já aceitou o terreno cedido pela autarquia a um preço simbólico para a construção de uma nova habitação e espera que, com o anunciado adicional à indemnização, o valor seja suficiente para a obra.
Da atual moradia já retirou parte das mobílias, equipamentos e objetos, mas com as boas notícias que, entretanto, chegaram ganhou novo “ânimo” para festejar o “último Natal” ali.
“Nem estava para fazer o pinheiro de Natal nem para pôr as minhas luzinhas cá fora. Mas vou chamar a minha família para este último Natal em Ribeira de Baixo”, afirmou.
As famílias que ainda não se mudaram terão de o fazer, em princípio, em janeiro.
Glória Gonçalves, de 69 anos, também de Ribeira de Baixo, tem dado a cara em muitas entrevistas a alertar para o problema criado pela construção da barragem.
“Eles não nos vão dar nada. Só nos vão pagar o que é meu. Eu não queria vender a minha casa, eles é que ma querem tirar. Não me interessa o dinheiro, o que eu tenho sempre pedido é uma casa como a minha”, salientou.
Glória sonha com uma casa com lareira e com terrenos para plantar couves, batatas, cebolas, um tanque para lavar a roupa ou espaço para as galinhas.
“Desde que nasci sempre vivi em casas com lareira. É muito importante para a minha vida uma lareira e os meus potes ao lume”, sublinhou.
O grande receio de Glória, do marido e do seu filho era ir viver para os contentores.
“Uma alternativa aos contentores já alivia muito. Nem os fui ver, nem vou. Aquilo não são casas para habitar uma família”, afirmou.
Em Ribeira de Baixo, outros moradores já abandonaram as suas casas.
Segundo a Iberdrola, o enchimento da albufeira de Daivões vai afetar 43 casas no concelho de Ribeira de Pena. Atualmente existem oito casos de moradores que continuam a viver nas suas casas.
Entre estes oito casos, seis vão ocupar as habitações provisórias facultadas pela Iberdrola. Os restantes dois já possuem solução alternativa.
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