Mais vale um pássaro na mão
Não aceito. Não me conformo. Não me consigo resignar.
Isto da Senhora Ministra do Ambiente abonar, tão levianamente, a construção da Barragem de Fridão, deixa-me um nó na garganta e mil perguntas a remoer.
Então a Senhora Ministra que deveria ser a primeira e principal defensora dos habitats, das espécies em extinção, dos eco-sistemas, da cadeia natural, do equilíbrio, da bio-diversidade e de uma caterva mais de palavrões que não servem para mais nada a não ser para embelezar discursos politiqueiros, então a Senhora vai apadrinhar, de mão beijada, tamanha irracionalidade?
Não lhe cuidam as bogas, as trutas, os barbos, os escalos, os góbios, as abletes e os camarões de água doce, as enguias e os perseguidos mexilhões, os sapateiros e os cabeçudos, as libelinhas, os cavalinhos, os alfaiates, as borboletas mais deslumbrantes, as rãs e os sapos, principalmente os sapos parteiros em vias de extinção, os patos, as galinhas de água, os mergulhões, as garças e até os corvos marinhos?
Não lhe cuidam dezenas, centenas de pequeninas flores, de fungos, plantas aquáticas e outros assombros da biologia?
Não lhe cuida o lúpulo, o feto pente, não lhe cuida o feto real?
Não lhe cuidam os lagartos e as cobras de água, as cobras de pernas e as cobras cegas, as lontras, os ratos, as toupeiras aquáticas, os sardões, as sardaniscas e até as víboras de cabeça triangular?
Não lhe cuidam as salamandras, os girinos e os tritões de ventre laranja tão ameaçados?
Não lhe cuidam os melros de peito branco, os piscos, as carriças e as levandiscas, os pica-peixe multicolores, os gilros e as andorinhas, os gaviões, as aves de rapina nocturnas e até as águias pesqueiras?
Não lhe cuidam as raposas das margens, os texugos e os gatos bravos, as ginetas, as fuinhas e os toirões?
Não lhe cuidam os amieiros, os freixos, os olmos, os choupos, os salgueiros e vidoeiros, as aveleiras, os sanguinhos, os sabugueiros e as nascentes de água viva?
Mas que raio lhe há-de cuidar então, Ex.ª Senhora Ministra Dulce Pássaro?
O betão, presumo eu…
Razões tem a Iberdola para esfregar as mãos e para apregoar aos quatro ventos: - “Mais vale um “pássaro” na mão do que barragens a voar!”
Vossa Excelência sempre me saiu cá uma passarinha…
Luís Jales de Oliveira - Dezembro de 2010
3 comentários:
Faz-me um bocado de confusão este senhor que é o autor deste blogue, morador em Mondim de Basto, terra com falta de acessibilidades, falta de emprego, praticamente isolada e desertificado, dá-se ainda ao luxo de ser contra um empreendimento destes que trás contra partidas vantaosas, também trás alguns inconvenientes, mas as vantagens não superarão tudo o resto? Estes Senhores ilustres de Mondim que têm um "tacho" no Municipio e vão apé para o trabalhinho e ganham um churudo ordenado, têm estes textos poêticos e inspiradores, o que se esquecem é dos seus conterránios que têm que atravessar a ponte todos os dias e fazer dezenas e dezenas de KM...
Não olhem só para o vosso umbigo, pensem nos outros...
Ó chefe em mondim só falta a prometida ligação à via do tamega,promessa essa feita por um ministro do PS quando encerraram a linha do tamega.todos os mondinenses são ilustres e não têm ordenados chorudos como alguns paraquedistas recem chegados.Ser contra a barragem não é luxo mas sim obrigação de quem ama a natureza e a sua terra.viva o tamega viva mondim
Ó amigo, se Mondim tem assim tantos inconvenientes, p'ra que vem cá?
Falta de acessibilidades, veio de carro de bois ou quê?
Tem notícia de alguma barragem que viesse trazer independência às terreolas?Onde? Qual foi delas?
As obras das barragens,dão emprego por meia dúzia de dias e sabe-se lá a quem...?
Depois, sepultam as terras e a sua airosa história, sepultam as nossas origens debaixo de um abismo de água queda...
Nem vossemecê aparece por cá, mesmo de "porche"pela A4...
Aposta?
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