POLÍTICA NOJENTA
Serão Recados?
Continuo a encontrar pessoas, ao acaso, nas minhas deambulações sempre a pé por Amarante, das minhas relações íntimas ou não, que se dirigem a mim com o único intuito de me darem os parabéns por ter ajudado a dar mais visibilidade ao problema da poluição no Tâmega.
A todos agradeço as palavras amáveis, muito embora considere que não fiz mais do que a minha obrigação, que é denunciar aquilo que conheço e de que tenho provas, quer em suporte fotográfico ou mesmo em filme.
A denúncia, principalmente a não anónima e que vem acompanhada de BI, é apenas a obrigação de qualquer cidadão minimamente responsável, é apenas o exercício de um direito/dever, de cumprimento muito doloroso neste país, por certo até um dos mais graves entraves ao nosso progresso enquanto Nação, e muito vilipendiado pelos partidos políticos, principalmente quando estão no poder, que eles transmutam logo à chegada e, se na oposição se comportam de uma forma, viram autênticos travestis quando se instalam nas cadeiras do poder e que o que era passa, rapidamente, a deixar de ser.
O que fiz foi apenas ajudar a denunciar uma situação escandalosa, foi apenas ajudar a denunciar o crime ambiental que por aqui se pratica com a maior das calmas, sem que isso pareça incomodar minimamente as forças políticas no poder, quer a nível autárquico, quer a nível nacional. Temo até que não tenhamos já Ministério do Ambiente e muito menos ministro do mesmo.
Não foi a primeira vez que a fiz, a denúncia, e os comprovativos estão espalhados por este blogue. Não foi, por certo, a última. Não fui sequer a primeira a denunciar tais factos, calhou apenas que algures em Setembro, jornalistas da SIC que têm por missão vasculhar blogues tropeçassem no meu e nas fotografias verdadeiramente dantescas e surreais, que eu captei com a minha câmara fotográfica, no dia 5 de Setembro de 2009. Escandaloso! O rio como a maioria das pessoas nunca o tinha visto! O rio que muitas pessoas recusam ver, ainda hoje, e eu até entendo porquê.
O que eu vi continua dentro da minha cabeça e, por vezes, parece até ganhar vida própria e agigantar-se lá dentro só para me incomodar. Compreendo que seja melhor não ter um rio pastoso e imundo preso no nosso interior.
Pois tudo isto para dizer que até ao dia de hoje tive duas excepções a estes parabéns simples e completamente descomprometidos. Duas excepções de pessoas por quem tenho estima, uma até particular estima.
Desde já tenho de contextualizar essas duas pessoas no burgo. Os dois são funcionários da câmara e não são propriamente daqueles anónimos, bem pelo contrário.Os dois abordaram-me com algum constrangimento pelo incómodo causado "lá dentro" por causa do timing... em plena campanha eleitoral... que "chatice!". "Ainda se fosse noutra altura!" "Pois, há logo leituras políticas, sabes como é!"
Um acrescentou-me os dados errados da taxa de cobertura de saneamento citados pelo Eng.º João Branco, da Quercus, os célebres 17% que constam numa célebre tabela da empresa que gere esta coisa aqui no burgo, chamada de Águas do Ave e que, segundo ele, está errada.
Pois não sei, e pouco me interessa o que está no papel. Interessa-me o que está feito na prática. A taxa de cobertura é maior? Óptimo! Corrijam lá os dados! E se lhes dá muito trabalho eu posso dar até uma ajudinha que nisto de fazer tabelas já me vou safando!
O que eu não vejo é o que isso altera a situação em que o Tâmega se encontra, em agonia que se quer silenciosa.
Resta-me declarar que não me movo por timings políticos e muito menos eleitorais. Movo-me por causas e esta é válida, sempre, em época de eleições legislativas (mera coincidência), em época de eleições autárquicas, ontem, hoje, amanhã, sempre.
Continuo a minha vida sem pálios protectores para além da minha consciência. Não tenho a protecção de nenhum grupo político, religioso, desportivo, cultural, o que seja. Não me escondo por detrás do grupo, não me agiganto porque estou no grupo.
Sou apenas eu. De cabeça bem levantada. Sem cartões rosa, laranja, azul ou o que quer que seja.
E deixo um último conselho aos senhores políticos: respeitem os munícipes! Respeitem as pessoas se é que querem ser respeitados. E, já agora, não se esqueçam que uma das vossas obrigações, enquanto eleitos, é zelar pelo bem-comum e dessa obrigação decorre o cuidado com a Natureza, que é única e insubstituível. Por isso, façam o vosso trabalho. Deixem-se de blás blás.
Quanto a mim continuarei a não me deixar espartilhar por qualquer agenda colorida de rosa, de laranja, de azul ou seja lá do que for.
Sim, eu sei! Esta atitude incomoda.
Anabela Magalhães, in Anabela Magalhães - 22 de Outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário