sábado, 30 de março de 2019

PNBEPH - RIO TÂMEGA: Ministro do Ambiente admite que a barragem de Fridão “não é necessária”







PNBEPH - RIO TÂMEGA
Ministro do Ambiente admite que a barragem de Fridão “não é necessária”



João Pedro Matos Fernandes assume que a polémica barragem prevista para o rio Tâmega em nada contribui para as metas de produção de energia de fontes renováveis.

O “sim” ou o “não” à barragem do Fridão continuam a ser adiados para meados de abril. Porém, o ministro do Ambiente assume que a polémica barragem “não é necessária” para cumprir a meta estabelecida para a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis.

“Podemos cumprir a meta de 80% de eletricidade de fontes renováveis sem Fridão”, afirmou João Pedro Matos Fernandes esta sexta-feira, em entrevista ao Porto Canal.

Segundo o ministro do Ambiente, o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico, aprovado em 2007, dá ao Governo “uma grande liberdade” para tomar uma decisão até 18 de abril, data em que termina o período de suspensão da barragem do Fridão, decidido em 2015 em articulação com a própria EDP. Porém, essa “liberdade” de decisão está refém da negociação que está em curso com a empresa, tendo em conta que a EDP adiantou ao Estado português 218 milhões de euros pela concessão. Ou seja, o que está em causa é definir como vão ser repartidos os prejuízos, tendo em conta que ninguém parece estar verdadeiramente interessado em construir esta barragem.

“A contribuição desta barragem é de apenas 0,6% da produção elétrica nacional e de 0,1% da energia primária produzida”, lembra Ana Brazão, coordenadora do projeto Rios Livres do Geota. A ideia é reforçada pelo dirigente do Geota João Joanaz de Melo: “Não é evidente que a EDP mantenha interesse nesta barragem, dada a sua baixa produtividade e o facto de, devido às alterações climáticas, podermos depender cada vez menos da chuva.”

Para os ambientalistas do projeto Rios Livres do Geota, as palavras do ministro Matos Fernandes no Porto Canal “são claramente ótimas notícias, mas nada está garantido enquanto a decisão oficial não for tomada”. O grupo foi recentemente recebido pelo ministro do Ambiente, a quem explicou que “do ponto de vista energético existem mais e melhores alternativas, nomeadamente a aposta na eficiência energética ou na energia solar”. Quanto ao valor a pagar à EDP, o Geota reforça que “o Estado deve negociar com a EDP para não haver lugar a indemnização nem devolução de dinheiro, atendendo a tantas falhas contratuais da empresa para com o Estado, especialmente no caso da barragem de Foz Tua”.

O projeto de Fridão está suspenso desde 2016, na sequência do compromisso assumido pelo atual Governo com o partido Os Verdes para a reavaliação do plano de barragens e de um memorando de entendimento com a EDP. Agora, esta empresa apenas diz que “mantém total disponibilidade para, em conjunto com as diferentes entidades envolvidas no projeto, explorar as melhores soluções”, entre as quais a possibilidade de “redimensionar o projeto”.

De acordo com cálculos feitos pelo antigo Instituto da Água, em caso de uma rutura na barragem, localizada a montante de Amarante, em zona de suscetibilidade sísmica, uma onda gigante deixaria o coração desta cidade submerso.

Carla Tomásin Expresso - 30 de Março de 2019  

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