TÂMEGA - IBERDROLA
Barragens no Tâmega vão forçar o abate de
mais de mil sobreiros
Aos olhos do Governo, estes dois empreendimentos são de “imprescindível utilidade pública”. As duas barragens vão ser construídas pela eléctrica espanhola Iberdrola e vão custar mais de 1500 milhões de euros.
Mais de mil sobreiros, dos quais cerca de 40%
são exemplares adultos, vão ser abatidos nas áreas que vão ser inundadas pela
construção das barragens de Daivões e Alto Tâmega, em Trás-os-Montes, de acordo
com um despacho publicado esta terça-feira, em Diário
da Républica.
De acordo com a nota assinada pela secretária de Estado do
Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza e pelo secretário de
Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, a Iberdrola “solicitou o abate
de 444 sobreiros adultos e 701 jovens”, totalizando 1145 árvores, que se
estendem por “cerca de 15,07
hectares ”.
Esta não é
a primeira vez que é autorizado o abate de sobreiros por causa dos
empreendimentos hidroeléctricos do Tâmega. No final de 2016, o Governo deu luz
verde à retirada de 608 árvores em cerca de 4,6 hectares
localizados na área de construção da barragem de Gouvães, segundo o jornal
“Público”.
O projeto
de compensação das barragens de Daivões e Alto Tâmega implica a replantação dos
sobreiros abatidos noutros pontos da região, com uma majoração de 20%. Ou seja,
a Iberdrola tem que colocar mais de 1400 destas árvores.
O Instituto
da Conservação da Natureza e das Florestas aprovou o projeto da eléctrica
espanhola, que passa pela arborização com sobreiro de uma área de 42,35 hectares nos
perímetros florestais das serras do Barroso e da Cabreira.
As três barragens e centrais hidroeléctricas que
a Iberdrola está a construir no rio Tâmega (Gouvães, Daivões e Alto
Tâmega) foram anunciadas como constituindo o maior empreendimento do género em
toda a Europa, e o maior de sempre na Península Ibérica: abrange os municípios
de Ribeira de Pena, Boticas, Vila Pouca de Aguiar, Chaves, Valpaços, Montalegre
e Cabeceiras de Basto, num investimento superior a 1500 milhões de euros e terá
“uma potência instalada de 1158 megawatts que representará, quando construído,
6% da potência instalada em Portugal”, segundo a empresa espanhola. Anualmente,
as três centrais deverão produzir o equivalente ao consumo de
electricidade de 440 mil famílias.
Jéssica Sousa, in Jornal Económico - 28 de Agosto de 2019
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