ALTO TÂMEGA - BARRAGENS
Petição pela reposição de ponte pedonal afetada pela barragem do Alto Tâmega
Uma petição com 1.300 assinaturas reclama a reposição da ponte pedonal entre as aldeias de Monteiros e Veral, afetada pela barragem do Alto Tâmega, e foi subscrita pelos autarcas de Boticas e de Vila Pouca de Aguiar.
Entre as aldeias de Veral (Boticas) e Monteiros (Vila Pouca de Aguiar), no distrito de Vila Real, a passagem pelo rio Tâmega é feita por uma ponte pedonal de arame.
Com a construção da barragem do Alto Tâmega, uma das três que constitui o Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), concessionado à espanhola Iberdrola, esta ligação vai deixar de existir.
“A barragem está a ganhar forma e, até ao momento, não há solução nenhuma”, afirmou hoje à agência Lusa Maria Olimpia Mourão, do movimento “Os Amigos da Ponte de Arame”.
A reivindicação das populações arrasta-se desde que se soube que a ponte pedonal iria ser retirada, sem uma alternativa para o atravessamento do rio Tâmega.
A ponte de arame entre Veral e Monteiros está contemplada na Declaração de Impacte Ambiental (DIA), mas apenas como um “elemento patrimonial”, pelo que, a concessionária Iberdrola teria apenas de a recolocar num outro local.
Maria Olimpia Mourão disse que, nos últimos tempos, a ponte centenária e que foi inicialmente construída pelos habitantes tornou-se também uma atração turística.
São aldeias vizinhas, cuja vida se une em laços familiares e se cruza no trabalho nos campos agrícolas, em convívios, festas ou funerais. Pela ponte passam pessoas e animais, de trabalho ou selvagens.
Os habitantes não aceitam ficar sem a passagem pelo Tâmega e reclamam a sua recolocação, justificando que, sem a estrutura, as localidades ficam separadas por quase “100 quilómetros” (ir e vir).
Estas são já, segundo referiu, “aldeias muito isoladas” e se “não recolocarem a ligação, elas morrem”.
Maria Olimpia Mourão referiu que a petição, até ao momento, foi assinada por cerca de 1.300 pessoas.
Os presidentes das câmaras de Boticas, Fernando Queiroga, e de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, disseram à Lusa que também subscreveram o abaixo-assinado.
“O que é desfeito tem que ser reposto. Sabemos da ligação que existe entre os dois concelhos, a afinidade que existe entre as pessoas das várias povoações e, portanto, nós já contribuímos para a construção das barragens, não podemos é ser prejudicados”, afirmou o autarca de Boticas.
Os presidentes das câmaras dizem que a decisão final sobre a substituição da ponte de arame “cabe à Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”.
“A bola está do lado da APA. É inequívoca a posição das autarquias, é inequívoca a posição das população e a APA tem que se pronunciar (…) Quem tem que tomar uma posição de exigência sobre a apresentação de substituição dessa ponte é a APA e a verdade é que a APA não tem sido suficientemente exigente”, frisou Alberto Machado, autarca de Vila Pouca de Aguiar.
A Lusa tentou obter um esclarecimento por parte da APA, o que não foi possível até ao momento.
A petição foi remetida às câmaras e reencaminhada para a APA e para a Comissão de Acompanhamento Ambiental do Sistema Eletroprodutor do Tâmega, que deverá reunir-se este mês.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, contemplando a construção de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) e 1.500 milhões de euros de investimento.