PNBEPH - TÂMEGA
Ambientalistas pedem fim das barragens do Tâmega e Fridão
Orçamento de Estado indica que Governo vai reavaliar Plano Nacional de Barragens
© ARQUIVO/GLOBALIMAGENS
Os ambientalistas querem que o Governo de António Costa suspenda a construção das barragens do Tâmega e Fridão por considerarem ser um "dos maiores crimes" cometidos em Portugal contra o ambiente.
Em declarações hoje à Lusa, representantes das associações ambientalistas Quercus e Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) esperam que o Governo demonstre o seu interesse pela conservação da natureza e a coloque acima dos interesses económicos por classificarem as barragens como um "escândalo financeiro de magnitude equivalente ao BES e BPN".
O Governo vai reavaliar as unidades do Plano Nacional de Barragens de elevado potencial hidroelétrico que ainda não começaram a ser construídas, do Tâmega e Fridão, refere a proposta de Orçamento do Estado para 2016 (OE2016).
"O Plano Nacional de Barragens é
o maior crime cometido em Portugal contra o ambiente e foi feito por um Governo
do PS, portanto, este Governo PS tem agora a oportunidade de se redimir e
emendar a mão", disse à Lusa o presidente da Quercus, João Branco.
"O que nós queremos é que o Governo PS cancele, de uma vez por todas, a construção das barragens e dê importância ao assunto da conservação ambiental, mas temos muitas dúvidas de que isso vá acontecer", realçou.
João
Branco lembrou que as barragens vão prejudicar a qualidade de água, ameaçar a
conservação e reprodução de determinadas espécies, inundar terrenos agrícolas,
afetar o desenvolvimento socioeconómico das regiões ou o turismo de natureza.
A
Quercus pediu já uma audiência a todos os grupos parlamentares para debater
esta questão.
Para o
coordenador do grupo de trabalho da reforma fiscal da GEOTA, João Joanaz de
Melo, o plano de barragens é "completamente disparatado" não só em
termos ambientais, mas em termos económicos.
"Estes
negócios são ruinosos, não têm qualquer hipótese de ser rentáveis, portanto, os
sucessivos governos não estão só a mentir aos portugueses, mas aos próprios
acionistas das empresas", disse.
João
Joanaz de Melo, além de alertar para a mudança do clima, o património inundado
ou a deterioração da qualidade da água, algo que vai prejudicar as populações,
sustentou que isto é "um escândalo financeiro de magnitude equivalente ao
BPN ou BES".
E
vincou: "estes negócios não são para servir o interesse público, mas o
interesse de algumas grandes empresas".
O
Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), que inclui as barragens de Gouvães,
Alto Tâmega e Daivões, foi concessionado à espanhola Iberdrola e representa um
investimento de 1.200 milhões de euros, que vai criar 3.500 diretos e cerca de
10.000 indiretos.
Este
empreendimento hidroelétrico vai ter uma potência total instalada de 1.158
megawatts e produzir 1.766 gigawatts por hora.
A
Barragem de Fridão, no rio Tâmega, concessionada à EDP, integra desde 2008 o
Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH), num
investimento estimado de 304 milhões de euros.
Lusa, in Diário de Notícias - 7 de Fevereiro de 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário