quinta-feira, 1 de março de 2018
PNBEPH - ALTO TÂMEGA: Boticas acolhe Centro de Reprodução e divulgação Científica e Ambiental sobre o Mexilhão do Rio
PNBEPH - ALTO TÂMEGA
Boticas acolhe Centro de Reprodução e divulgação Científica e Ambiental sobre o Mexilhão do Rio
O Parque de Natureza e Biodiversidade de Boticas (BNB) vai acolher um Centro de Reprodução e Divulgação Científica e Ambiental sobre o Mexilhão do Rio (margaritífera margaritífera), uma espécie ameaçada e que chegou a ser dada como extinta em Portugal no início do século XX, tendo sido redescoberta de uma forma fortuita em 2009 no rio Beça e cuja existência chegou mesmo a inviabilizar a construção da Barragem de Padroselos (que iria localizar-se junto a Covas do Barroso), incluída no Plano Nacional de Barragens para a bacia do Tâmega.
Estes bivalves são extremamente intolerantes a qualquer tipo de poluição, tendo também reduzida tolerância à salinidade, pelo que só existem em águas doces (rios e lagos) com água considerada de qualidade. Em condições óptimas, atingem populações elevadas e são também eles próprios determinantes para a qualidade da água, devido ao volume que filtram. Atingem a sua maturidade sexual entre os 7 e os 20 anos e dependem em exclusivo da fauna piscícola, nomeadamente da família salmonidae (como a truta fário) para a sua reprodução. As larvas deste mexilhão são parasitas das trutas, fixando-se às suas guelras e aí sofrendo várias metamorfoses, até que se soltam do peixe, ficando a sua sobrevivência dependente do local onde caem. A vida parasitária constitui, assim, uma fase do desenvolvimento larvar e simultaneamente da disseminação da espécie, muito ligada às deslocações do hospedeiro.
A margaritífera margaritífera é uma espécie de bivalve não comestível, mas que se encontra protegida por uma directiva comunitária. A sua sobrevivência depende não apenas da qualidade das águas mas também da existência de hospedeiros, como a Truta Fario, no seu habitat.
Alguns exemplares encontrados na natureza estão já a ser encaminhados para o Parque de Natureza e Biodiversidade de Boticas, sendo inicialmente colocados em quarentena nos aquários do posto piscícola do Parque e posteriormente transferidos para os tanques da estação de truticultura, onde têm os hospedeiros naturais para a sua reprodução. Posteriormente, quer pela reintrodução da própria espécie nos rios, quer pelo repovoamento dos mesmos com trutas fário, a margaritífera margaritífera será progressivamente devolvida ao seu habitat natural, tendo o Parque de Natureza e Biodiversidade de Boticas um papel de extrema relevância na recuperação desta espécie.
A criação deste Centro de Reprodução e Divulgação Científica e Ambiental sobre o Mexilhão do Rio (margaritífera margaritífera) conta com a parceria da Iberdrola, empresa responsável pela construção das barragens da cascata do Tâmega, que, ao abrigo do pacote de contrapartidas atribuídas aos municípios pela construção dessas barragens, apoiará financeiramente este centro de divulgação e investigação, permitindo o necessário investimentos tanto em meios físicos como em recursos humanos qualificados.
in Notícias de Vila Real - 1 de Março de 2018
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