ENERGIA - BARRAGENS
É preciso desmistificar rótulo verde atribuído à hidroeletricidade - especialistas
Especialistas em erosão e hidrobiologia apontam danos ecológicos provocados pelas barragens que vão além da poluição, destacando a diminuição dos sedimentos acumulados na costa portuguesa e o consequente aumento da erosão nas praias, não compatíveis com uma "etiqueta verde".
"É preciso desmitificar quando nos afirmam que a hidroeletricidade é uma eletricidade verde. O impacto que as barragens têm sobre o ambiente - e não é só reterem as areias que não chegam ao mar, mas contribuírem ativamente para a libertação de metano CH4, um poderoso gás de efeito de estufa - de forma alguma é compatível com uma etiqueta verde", afirmou à Lusa o professor Bordalo e Sá, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), na Universidade do Porto.
"A energia hídrica é uma energia vermelha, porque traz problemas ambientais, não deixa passar as areias. O rio Douro, por exemplo, sem barragens depositava quase dois milhões de metros cúbicos de areia na foz, era o rio que maior alimentação dava à costa. Com barragens o rio deposita apenas 200 mil metros cúbicos, uma redução de cerca de 80%", destacou o especialista.
"Nos Estados Unidos da América e na Suécia chegou-se à conclusão que remover uma barragem era mais barato do que tentar recuperar o ambiente a jusante. Partindo do princípio de que em Portugal ainda estamos muito longe desta situação, é preciso tomar medidas sérias", referiu.
"É preciso desmitificar quando nos afirmam que a hidroeletricidade é uma eletricidade verde. O impacto que as barragens têm sobre o ambiente - e não é só reterem as areias que não chegam ao mar, mas contribuírem ativamente para a libertação de metano CH4, um poderoso gás de efeito de estufa - de forma alguma é compatível com uma etiqueta verde", afirmou à Lusa o professor Bordalo e Sá, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), na Universidade do Porto.
"A energia hídrica é uma energia vermelha, porque traz problemas ambientais, não deixa passar as areias. O rio Douro, por exemplo, sem barragens depositava quase dois milhões de metros cúbicos de areia na foz, era o rio que maior alimentação dava à costa. Com barragens o rio deposita apenas 200 mil metros cúbicos, uma redução de cerca de 80%", destacou o especialista.
"Nos Estados Unidos da América e na Suécia chegou-se à conclusão que remover uma barragem era mais barato do que tentar recuperar o ambiente a jusante. Partindo do princípio de que em Portugal ainda estamos muito longe desta situação, é preciso tomar medidas sérias", referiu.
Contactado pela agência Lusa sobre a solução de remover barragens do plano hídrico, de forma a aumentar o caudal sólido e resolver o problema da falta de sedimentos na costa portuguesa num horizonte temporal mais alargado, o Ministério do Ambiente afirmou que "a avaliação se encontra a ser apurada".
Na resposta enviada à Lusa o Ministério do Ambiente confirma que a construção da Barragem de Fridão, no quadro do Plano de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, prevista para o rio Tâmega, afluente da margem direita do rio Douro, "está pendente".
Em relação ao grupo de trabalho que iniciou o estudo do plano hídrico nacional em 2016 e entregou em março de 2017 um relatório preliminar com a identificação do ponto de situação, a tutela confirma a demolição total da Barragem da Sardinha e da Barragem do Peneireiro (ou dos Patos).
Segundo a mesma resposta, os trabalhos de demolição da Barragem da Misericórdia, em Beja, foram iniciados, mas a suspensão da demolição só deverá acontecer depois da aprovação do projeto candidatado ao Programa de Desenvolvimento Rural 2020.
O projeto de demolição da Barragem da Herdade da Cigana, também em Beja, ainda aguarda autorização.
Bordalo e Sá diz que é preciso "coragem política" para agir ao nível do plano hídrico.
"Os sucessivos governos têm encomendado vários estudos à comunidade científica, os diagnósticos estão feitos, as propostas de ação estão dadas, agora as pressões para a tomada de decisão política correta acabam por ser muito grandes", declarou.
Lusa, in Diário de Notícias - 27 de Abril de 2018
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