PARLAMENTO - BARRAGEM DE FRIDÃO
BE pede o cancelamento das barragens de Fridão em projecto de resolução
MANUEL ROBERTO
“Parece-nos óbvio que outra decisão não poderá haver que não seja a de cancelar a construção, por razões de segurança da população, mas também como prevenção relativamente aos seus efeitos na qualidade da água, nos ecossistemas e na erosão costeira”, refere o documento, a que o PÚBLICO teve acesso.
Se a barragem fosse construída e entrasse em ruptura, a cidade de Amarante, localizada seis quilómetros a jusante, seria atingida em 13 minutos por uma onda de cheia capaz de se erguer 14 metros acima da ponte de São Gonçalo, junto ao centro histórico, indica o documento do BE.
O estudo de impacte ambiental realizado no âmbito do PNBEPH atribuiu, no entanto, um “risco de ruptura médio” à barragem principal, com a Autoridade Nacional para a Protecção Civil (ANPC) a referir posteriormente, num parecer de Fevereiro de 2010, que essa avaliação nada dizia sobre o impacto da eventual ruptura da barragem sobre Amarante, lê-se na mesma nota. “Os eventuais problemas de segurança não foram dados a conhecer, nem à população, nem aos ambientalistas”, considera a representante do círculo eleitoral do Porto.
No capítulo ambiental, o BE apoia-se no relatório da Comissão Europeia sobre o Plano Nacional de Barragens, enviado a Portugal em Julho de 2009, para dizer, no projecto de resolução, que o Aproveitamento Hidroeléctrico do Fridão é um caso de “sobrevalorização dos benefícios energéticos em relação aos custos ambientais”. “Este projecto vai afectar a paisagem, a qualidade de vida e a qualidade da água dos amarantinos”, prevê Maria Manuel Rola.
Para os bloquistas, a construção pode ditar a perda do “equilíbrio e harmonia naturais” da cidade de Amarante e o crescimento da eutrofização, com a consequente degradação da qualidade da água do Tâmega - o projecto de resolução afirma mesmo que a obra acarreta o risco de incumprimento da Directiva Quadro da Água, da União Europeia, em vigor desde 2000. O partido refere ainda que a avaliação de impacte ambiental pouco diz quanto ao efeito das obras sobre os ecossistemas do rio, sobre o risco induzido de erosão costeira e sobre o fenómeno das alterações climáticas.
A votação do projecto de resolução só vai ser agendada após a sua entrada na Assembleia da República. A deputada bloquista espera, no entanto, que essa decisão seja tomada nos próximos dois meses, antes da data em que finda a suspensão da obra. “É o que faz sentido”, diz. Recorde-se que a obra, caso venha a ser concretizada, tem de estar no terreno até 30 de Dezembro de 2020, data até qual foi prolongada a validade da Declaração de Impacte Ambiental.
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