quinta-feira, 14 de setembro de 2017

AMBIENTE - ENERGIA: GEOTA alerta para poluição: "Tâmega poluído e moribundo tem o futuro ameaçado"






AMBIENTE - ENERGIA
GEOTA alerta para poluição: "Tâmega poluído e moribundo tem o futuro ameaçado"

O GEOTA está desde a semana passada no Vale do Tâmega, a acompanhar a grave situação de eutrofização verificada no rio em Amarante, Mondim de Basto e Chaves.
 

A associação divulgou o caso nas redes sociais, apresentou denúncias ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente na GNR de Amarante e de Chaves e prepara um relatório sobre o estado do rio, acompanhado de um caderno de exigências à Agência Portuguesa do Ambiente e ao Ministério do Ambiente.

A equipa do projeto Rios Livres, do GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, está desde sexta-feira em Amarante a promover a campanha
Vota Tâmega , que pretende desafiar as candidaturas autárquicas da região a comprometerem-se com a defesa de um rio livre e limpo.

Ana Brazão, coordenadora do projeto Rios Livres, explica: “Através do site, as pessoas podem exigir aos seus futuros representantes que assinem a Declaração pelo Tâmega. A questão é prioritária, como infelizmente se confirma. Verificámos este alarmante nível de eutrofização em Amarante, Mondim de Basto e Chaves. É evidente que não é um problema pontual. O rio está verde, cheio de algas, fétido e moribundo”.

Esta semana o GEOTA denunciou a situação nas redes sociais e formalmente junto dos Serviços de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana de Amarante [dia 11/09/2017] e de Chaves [dia 13/09/2017].

Os fenómenos de desenvolvimento anormal de algas têm o nome técnico de eutrofização e acontecem quando a água está parada, se verificam temperaturas elevadas e há excesso de nutrientes, fruto de poluição.

Como era assumido no 1.º Plano de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) do Douro [2012-2015], do qual o Tâmega é afluente, todo o curso deste rio se encontrava em incumprimento dos objetivos da Diretiva Quadro da Água, sendo que este estava mais degradado a montante (concelho de Chaves), com classificação de «Medíocre». Acontece que a situação não melhorou no 2.º Plano, lançado no ano passado e vigente até 2021.

O problema acontece pelo menos desde 2008 e é do conhecimento dos municípios afetados e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). O estado do rio Tâmega piorou do 1.º ciclo para o 2.º ciclo do PGRH do Douro. O número de massas de águas classificadas como «Bom» diminuiu e o número de massas de água classificadas como «Medíocre» aumentou.

Ana Brazão avisa que a qualidade da água do rio ficará ainda pior com a construção das barragens do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET) – Daivões, Gouvães e Alto Tâmega, concessionadas à Iberdrola. “Se o Governo continuar a apadrinhar o SET e quiser ainda avançar com o Aproveitamento Hidroelétrico de Fridão [duas grandes barragens, de 38 e 94 metros], da EDP, suspenso até 2019, tudo o que estamos a assistir será pior”, disse.


https://ia801501.us.archive.org/26/items/riotamega/riotamega.mp4
(Clique na imagem para ver o registo em vídeo)
 
O rio Tâmega tem já uma grande barragem, a do Torrão, no Marco de Canaveses, junto à confluência com o Rio Douro. A albufeira do Torrão foi classificada como zona sensível no parâmetro «Eutrofização» e encontra-se em «risco de eutrofização». De acordo com o 2.º PGRH do Douro, a massa de água da albufeira do Torrão não atinge o «Bom Estado» ecológico devido à existência da barragem. Na identificação das medidas de restauro necessárias para atingir o bom estado ecológico, as propostas eram claras: «Eliminar a barragem e todos os seus órgãos; Recuperar a morfologia natural do curso de água; Repor o regime hidrológico natural do curso de água». Contudo, nada foi feito neste sentido.

Para Marlene Marques, presidente do GEOTA, é necessário pedir contas às autoridades: “Só não reconhece o problema que estas novas barragens vão trazer quem quer esconder os seus enormes impactes negativos. Estamos a preparar um relatório sobre o estado do rio Tâmega que enviaremos à APA e ao Ministério do Ambiente. Queremos que assumam as suas responsabilidades técnicas e políticas e façam cumprir a legislação. Não podemos permitir que se banalize a ideia de que é normal o Tâmega ser um rio de água inquinada.


in Notícias do Nordeste - 14 de Setembro de 2017

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