quarta-feira, 27 de agosto de 2025

RIO BEÇA - BOTICAS: Foram libertados no Rio Beça mais de 20 mil juvenis de mexilhão-de-rio

 


RIO BEÇA - BOTICAS

Foram libertados no Rio Beça mais de 20 mil juvenis de mexilhão-de-rio




Decorreu, ao longo dos meses de abril, maio e junho, mais uma campanha de reprodução do mexilhão-de-rio (Margaritifera margaritifera), no Centro de Reprodução dedicado à espécie, localizado no Boticas Parque – Natureza e Biodiversidade (BNB).

Durante os trabalhos realizados, resultaram várias ações de libertação, totalizando-se mais de 20 mil juvenis recém-nascidos libertados, apenas este ano, em vários pontos do rio Beça, contribuindo para a preservação da espécie na região e em Portugal.

No total já foram libertados cerca de 40 mil indivíduos desde o início da atividade.

Foram ainda mantidos em cativeiro cerca de 20 mil na presente campanha, em condições controladas, recorrendo a diferentes estratégias devidamente estudadas e dimensionadas, incluindo alimentação artificial, com o objetivo de acompanhar o seu desenvolvimento, aumentando assim a probabilidade de sobrevivência da espécie.

De salientar que das campanhas anteriores e dos trabalhos de criação em cativeiro realizados semanalmente, já foi possível a obtenção de juvenis com 1 cm. Este feito é um marco relevante pois os juvenis desta espécie começam esta jornada com medidas microscópicas, ao atingir o tamanho de 1 cm, as reintroduções têm um impacto positivo considerável nas populações naturais, uma vez que estes juvenis têm já uma elevada probabilidade de sobrevivência e de virem a tornar-se eles próprios reprodutores. Para além disso, com esta dimensão permitem já a colocação de etiquetas essenciais para a monitorização do sucesso das reintroduções.

As ações de preservação e reprodução de mexilhão-de-rio decorreram no âmbito das contrapartidas pela construção de três barragens na região do Alto Tâmega, através do Protocolo celebrado entre o Município de Boticas e a Iberdrola, empresa responsável pelo projeto do Sistema Eletroprodutor do Tâmega.

O mexilhão-de-rio, que é um excelente indicador da qualidade ambiental, é uma espécie protegida internacionalmente pela Convenção de Berna e pela Diretiva Habitats da Comissão Europeia, estando registada como espécie “Em Perigo” a nível global e como “Criticamente em Perigo” na Europa, pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

in Câmara Municipal de Boticas - 27 de Agosto de 2025 

terça-feira, 15 de julho de 2025

ALTO TÂMEGA - BARRAGEM: Nova barragem em Vila Real com investimento na casa dos mil milhões

 




ALTO TÂMEGA - BARRAGEM

Nova barragem em Vila Real com investimento na casa dos mil milhões

A Iberdrola está a preparar um novo projeto com mais de um gigawatt no rio Tâmega, com o investimento a rondar os mil milhões de euros, estima especialista. Novo projeto coloca a Iberdrola na segunda posição nacional das maiores empresas hídricas. Investimento da companhia em Vila Real ascende aos 2,85 mil milhões de euros.


A Iberdrola está a preparar um novo investimento no rio Tâmega, no distrito de Vila. O Aproveitamento Hidroelétrico de Minhéu vai contar com mais de 1,3 gigawatts (GW) de potência instalada.

Quando estiver concluído, a companhia espanhola vai passar a deter 2,8 gigawatts de capacidade nesta região, com o investimento a atingir 2,85 mil milhões de euros só no distrito de Vila Real.

Para o especialista António Sá da Costa, o investimento deve ficar na “casa dos mil milhões de euros”. “É uma boa notícia, faz falta ter mais armazenamento. Oxalá a Agência Portuguesa do Ambiente [APA] deixe passar”, disse o engenheiro hidráulico ao JE.

Questionada pelo JE, a Iberdrola Portugal disse que o projeto ainda está numa “fase muito inicial do trâmite de licenciamento ambiental” e que para um investimento deste tipo “são necessários mecanismos de capacidade que garantam fluxos financeiros previsíveis e regulados”.

“Portugal, após o apagão com origem em Espanha, está preocupado com a sua segurança de abastecimento – a bombagem garante o armazenamento de energia, a segurança do abastecimento e a capacidade de reposição do sistema elétrico (blackstart)”, segundo fonte oficial que não avançou com o valor do investimento.

Vão ser 4 turbinas reversíveis com potências de 330 megawatts (MW) cada uma, o que significa que tanto podem turbinar água (produzir eletricidade) como bombar (enviar a água novamente para cima para ser reciclada e poder voltar a ser aproveitada novamente para produzir eletricidade).

O projeto consiste na construção de um reservatório na zona de alto de Minhéu e depois um circuito hidráulico com 5 km, maioritariamente subterrâneo, com a central em caverna, e a tomada/restituição de água a ser feita na albufeira do Alto Tâmega, que já se encontra em operação. A ideia é aproveitar a queda com cerca de 750-800 metros. A eletricidade será escoada através da ligação à subestação da REN de 400kv em Ribeira de Pena.

“O Projeto do AH de Minhéu foi concebido como uma infraestrutura complementar ao AH do Alto Tâmega, com o objetivo de maximizar a eficiência energética e a capacidade de armazenamento do sistema”, segundo o licenciamento ambiental.

A empresa tem como objetivo começar a produzir eletricidade em 2032/2033.

A companhia espanhola continua a apostar nesta região onde já conta com o projeto Gigabateria do Tâmega, um investimento superior a 1,5 mil milhões de euros, com 1,2 gigas de potência.

Este projeto conta com três barragens hídricas – Gouvães, Daivões e Alto Tâmega – com capacidade para abastecer mais de 400 mil famílias, o equivalente aos concelhos de Braga e Guimarães. Tem também uma capacidade de armazenamento de 40 milhões de kWh de eletricidade, o equivalente à energia consumida por todos os portugueses durante 24 horas.

No futuro, vai ganhar mais duas centrais eólicas com uma capacidade total de 275 MW, um investimento de 350 milhões de euros, na que vai ser o maior projeto eólico em Portugal quando estiver concluído.

Tudo somado, a Iberdrola pode ficar com uma potência de 2,8 gigawatts instalada na zona de Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real, num investimento total de 2,85 mil milhões de euros.

A concretizar-se, a Iberdrola passa a ser a segunda maior operadora hídrica em Portugal, passando dos 1,2 gigas para os 2,5 gigas de potência instalada, ultrapassando os franceses da Movhera que contam com 1,7 gigas. Na liderança está a EDP que conta com 4,5 gigas de potência instalada.

Segundo explica a empresa, o “reservatório a executar não utiliza água de nenhuma bacia, ou seja, a única água utilizada durante a exploração do aproveitamento será a concessionada na albufeira de Alto Tâmega”.

Esta configuração “permitirá operar em regime reversível, utilizando a diferença de cota entre os dois corpos de água para bombagem e turbinagem, contribuindo para a produção adicional de cerca de 2.500-3.000 GWh por ano”.

A Iberdrola sublinha que o projeto de Minhéu está alinhado com os “principais instrumentos de política climática e energética nacionais, como o Plano Nacional Energia e Clima (PNEC 2030) e o Roteiro
para a Neutralidade Carbónica 2050, contribuindo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e para a segurança do abastecimento energético em Portugal”.

O próprio PNEC 2030 prevê um aumento da capacidade de bombagem em Portugal em 300 megawatts até 2030 para 3,9 gigawatts. Já a potência hídrica instalada atinge os 8,1 gigawatts.

Além do projeto do Tâmega da Iberdrola, já em funcionamento, a EDP previa reconverter a barragem do Alto Lindoso para passar a contar com 300 megawatts de bombagem, mas o projeto foi chumbado pela APA no final de 2024, o que coloca em risco a meta prevista no PNEC.

Na proposta de definição de âmbito, a Iberdrola sublinha que “dada que a tipologia do projeto implica a construção de um reservatório para produção energética através da diferença de potencial com a barragem do Alto Tâmega, a localização do mesmo terá de ser na área envolvente da mesma”.

“Adicionalmente, o reservatório terá de se localizar a uma cota que torne o projeto sustentável, e a localização do mesmo é condicionada ao local mais favorável para aproveitar a melhor geologia, o maior potencial de queda, as limitações técnicas das máquinas reversíveis e sempre com base a minimizar os condicionantes ambientais, e tudo isso para otimizar a eficiência do projeto entre o futuro reservatório de Minhéu e a albufeira do Alto Tâmega. No que se refere à tomada inferior em Alto Tâmega, considera-se que a única opção seja localizada próxima à barragem de Alto Tâmega e na margem esquerda do mesmo”, pode-se ler.

, in Jornal Económico - 15 de Julho de 2025

sexta-feira, 4 de abril de 2025

ALTO TÂMEGA - IBERDROLA: Albufeiras das barragens do Tâmega com plano de ordenamento dentro de um ano

 

ALTO TÂMEGA - IBERDROLA 

Albufeiras das barragens do Tâmega com plano de ordenamento dentro de um ano



O plano de ordenamento das albufeiras das três barragens do Tâmega estará concluído em um ano, visa harmonizar o potencial turístico com a proteção da massa de água e será financiado pela Iberdrola até 500 mil euros.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a empresa Iberdrola assinaram hoje, em Ribeira de Pena, distrito de Vila Real, o protocolo com vista ao financiamento do plano especial das albufeiras do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), que inclui as barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega.

“O plano tem que ter, no fundo, este equilíbrio entre o desenvolvimento económico, muito reclamado pelos municípios, mas também aquilo que são as preocupações ambientais. Será um desenvolvimento harmonioso nas vertentes social, ambiental e económica”, afirmou o presidente da APA, José Carlos Pimenta Machado.

O responsável antecipou que o plano deverá estar concluído no prazo de um ano, seguindo-se depois os procedimentos para a sua aprovação, referindo ainda que a Iberdrola avança com um financiamento até 500 mil euros.

Para além da equipa responsável pela parte técnica, será também criada uma comissão consultiva que vai acompanhar a elaboração do plano e que juntará, entre outros, os municípios, a APA e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

“É olhar para o plano de água, perceber que tipo de ocupação podemos fazer, nunca comprometendo aquilo que é a qualidade da massa de água, essa será sempre a grande preocupação”, salientou.

Pimenta Machado recusou haver um atraso na elaboração do plano, salientado que a última barragem, a do Alto Tâmega, apenas ficou concluída e entrou em operação comercial há “menos de um ano”.

Mas, em Ribeira de Pena, o plano de ordenamento para a albufeira de Daivões já é reclamado há mais tempo. Esta barragem foi a primeira a entrar em exploração comercial no verão de 2022.

“Hoje foi dado o primeiro passo de uma série de trabalhos que estavam pendentes desta assinatura entre a APA e a Iberdrola. Desde sempre foi uma das nossas prioridades usufruir deste espelho de água que a barragem nos veio proporcionar. Há muita expectativa em termos de turismo”, salientou João Noronha, presidente da Câmara de Ribeira de Pena.

Mas, acrescentou, tudo esbarrava “com esta falta de plano de ordenamento porque há condicionantes que têm que ser consideradas”.

O autarca disse que há investidores que já entregaram na autarquia projetos para apreciação, designadamente de uma unidade hoteleira, adiantando haver outros projetos a nível de atividades náuticas, um ancoradouro ou o Aquaparque do Tâmega, que incluirá uma praia fluvial, estando, para este efeito, já a ser feita a análise das águas.

João Noronha antevê um retorno “positivo” para o concelho.

“Pretendemos que, a partir deste documento estratégico, se consigam criar dinâmicas novas, se consiga criar riqueza no território, criar emprego”, afirmou também a presidente de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, que disse esperar, agora, ver um retorno para a comunidade do sacrifício feito ao longo dos 10 anos da construção das barragens.

Disse ainda que a estratégia tem que ir ao encontro do plano de água, ao plano das albufeiras, aos recursos hídricos, mas defendeu que as “pessoas que estão no território são as que mais devem receber”, realçou o potencial turístico e que “é essencial chamar gente nova ao território”.

A autarca referiu que a aldeia de Monteiros tem um “grande potencial” para a parte do turismo” e que se tem notado uma procura nesta zona que tem, agora, “uma paisagem completamente transformada”.

O SET é considerado um dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, representou um investimento de 1.500 milhões de euros, possui uma capacidade de 1.158 megawatts (MW), sendo capaz de armazenar 40 milhões de quilowatts-hora (kWh), equivalente à energia consumida por 11 milhões de pessoas durante 24 horas nas suas casas.


 Green Savers com Lusa, in Green Savers - 4 de Abril de 2025 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

RIO TÂMEGA - PONTE DE ARAME: É inaugurada amanhã a ponte de arame em Celorico de Basto que se salvou das águas da barragem




RIO TÂMEGA - PONTE DE ARAME

É inaugurada amanhã a ponte de arame em Celorico de Basto que se salvou das águas da barragem


Obra original remonta a 1926


Celorico de Basto e Amarante inauguram, no sábado, a requalificada Ponte de Arame de Lourido, uma obra original de 1926, ligando os dois concelhos, que se encontrava em ruínas.

“É uma obra simbólica, porque une dois concelhos, une as duas margens do rio Tâmega, que é um elemento agregador deste território”, comentou hoje o presidente da Câmara de Celorico de Basto, em declarações à Lusa.

Quando acompanhava os retoques finais na empreitada, José Peixoto Lima assinalou que as duas localidades sempre tiveram ligações históricas. Contudo, durante décadas, o mau estado da ponte tornou a travessia impossível, afastando as duas comunidades.

Recuperação avançou após desistência da barragem de Fridão

Durante vários anos, a possibilidade de a barragem de Fridão poder ser construída, submergindo a travessia, foi adiando a sua recuperação, o que só foi possível realizar quando foi abandonado aquele projeto hidroelétrico.

No passado, a ponte suspensa, popularmente conhecida como ponte de arame, numa extensão de 55 metros, garantia, a partir de 1932, o acesso da povoação de Rebordelo, na margem esquerda, à estação ferroviária de Lourido (antiga Linha do Tâmega), na margem direita, além das relações familiares e económicas, sobretudo a lavoura, entre duas comunidades rurais.

Ligação à ecopista do Tâmega

A travessia agora reaberta vai também melhorar o acesso à ecopista do Tâmega, nas proximidades, que liga Amarante a Celorico de Basto, utilizada diariamente por centenas de pedestrianistas e ciclistas.

A intervenção, orçada em 325 mil euros, foi realizada segundo um estudo técnico da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.




























 

















A infraestrutura recebeu um novo tabuleiro em madeira, novas guardas e foram colocados cabos de aço para reforço da segurança, mantendo-se também os originais, como memória da ponte construída há quase um século.

A obra também melhorou os acessos nas duas margens, apesar do acentuado declive das margens. Do lado de Celorico de Basto, está a ser criado um miradouro sobranceiro à ponte, com vista panorâmica, além de sinalética.

Aquele conjunto constituirá, segundo o autarca, um forte atrativo turístico, como comprova, apontou, o elevado número de pessoas que têm visitado o local, antes de a obra estar concluída.

“Acredito que será um ícone turístico para ambas as localidades”, referiu o presidente da câmara.

Do lado de Amarante, o presidente da câmara, Jorge Ricardo, fala de um “projeto abraçado pelos dois concelhos”, destacando o caráter simbólico da empreitada, por permitir ligar, como no passado, as duas aldeias, nomeadamente quando às Minas de Vieiros, do lado de Rebordelo, acorriam trabalhadores oriundos da outra margem do Tâmega. Ou quando a ponte facilitava a ligação à estação de Lourido às gentes de Amarante.

Mas também por ser uma bonita obra de engenharia, com quase um século de existência, muito apreciada pela sua raridade.

À Lusa, o autarca evidencia o potencial turístico daquele conjunto, que vai ter um novo acesso em terra batida a partir da aldeia. Promete também a construção de um pequeno parque de estacionamento, do lado de Amarante, para facilitar fruição do rio, sobretudo durante o verão.

in O MINHO - 28 de Fevereiro de 2025